Celebrando os 144 anos do seu primeiro jeans, a marca norte-americana encerrou o evento, que teve início em abril, na noite do último sábado, 20, com programação de primeira e dois shows de tirar o fôlego
Artur Rocha Publicado em 21/05/2017, às 12h04 - Atualizado às 17h26
Que onda, que festa de arromba. Só assim mesmo para definir como foi a despedida da Casa Levi’s no último sábado, 20, no Rio de Janeiro. Comemorando os 144 anos do lançamento do 501 (Five-o-one), primeiro modelo de calça jeans lançado no mundo, a marca norte-americana organizou um "gran finale" de primeira para encerrar a temporada de eventos em uma casa de dois andares em Botafogo, na Zona Sul. Para isso, convidou ninguém menos que Erasmo Carlos para ser o mestre de cerimônias. Os 75 anos, 54 deles só de carreira, são apenas números para o Tremendão, que como um dos precursores do rock and roll no Brasil mostrou mais vitalidade e boa forma do que nunca.
Em um ambiente que reuniu todas as idades, sem exceções, se deram melhor aqueles que puderam subir nas costas dos pais para ver Erasmo com mais facilidade. Mas antes de ele subir ao palco, a festa contou com outros atrativos, a começar pelo espaço. Já do lado de fora, uma projeção tomava conta da parte frontal da casa, que apesar da arquitetura que remete ao início do século passado, saltou mais alguns anos à frente com a instalação.
Com uma pista de dança montada no subsolo não era difícil sentir-se em um pub inglês, já que lá também estava o bar. Mas não só por isso. A trilha sonora comandada pelo DJ também direcionava a Londres. Arctic Monkeys, Amy Winehouse, New Order e The Smiths representavam os britânicos, mas também houve tempo para Green Day, Offspring e uma homenagem a Chris Cornell (com "Like a Stone", do Audioslave), que morreu na última quarta, 17.
O público se divertiu bastante com o flashback promovido na pista. Quando o som virou um "You Shook Me All Night Long", do AC/DC, todos levantaram seus copos para o alto, celebrando o solo pesado da música. Não faltou rock and roll.
Antes do retorno aos anos 1960 com Erasmo, o público também teve a chance de acompanhar o show dos Beach Combers, power trio carioca formado em 2009 que viaja na psicodelia e no protagonismo dos pedais da surf music, elevando-os a uma alta potência em um som instrumental de primeira, tudo acompanhado de uma bateria pesadíssima, que surgiu após uma longa jornada de apresentações nas ruas.
Com suas calças Levi’s cortadas e transformadas em bermuda, os meninos, que assim como Angus Young usam seu próprio uniforme, ressaltaram a importância de abrirem um show de Erasmo, e tocaram "Pode Vir Quente que Eu Estou Fervendo" e "É Proibido Fumar" como homenagem e prova de que a música sempre se renova. Do próprio repertório tocaram faixas como "A Carta de Sangue" e "Mistério do Catamarã".
Às 21h, foi a vez de Erasmo invadir aquela que deveria ser a antiga sala de jantar da casa, para transformá-la em um centro de culto ao rock. Das mais conhecidas baladas como "Negro Gato" e "Festa de Arromba" aos hits mais conceituais e psicodélicos, como "É Preciso Dar Um Jeito Meu Amigo", o Tremendão não deixou nada de fora do seu setlist.
A vitalidade e sincronia é algo a se ressaltar. Erasmo continua tocando bem demais, ainda parece aquele garoto que frequentava o Bar Divino, na Tijuca, quando se encontrava com Tim Maia, Roberto Carlos e Babulina, o tal do Jorge Ben Jor, para levar um som. Duas guitarras soando alto, uma cozinha afinada e bons backing vocals recriavam muito bem o rock and roll daquele que é um dos seus patronos no país.
"Toda criança quando é mimada fica ousada, e vocês me mimam há 54 anos", disse Erasmo ao saudar o público, fazendo uma espécie de agradecimento geral pela companhia que ele tem tido por tanto tempo. Dada a conturbada situação do país, ele também não deixou de ser político, terminando o show com pedidos de amor, paz, liberdade, e ressaltando em alto e bom som a honestidade.
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