A banda lança o mais recente disco, Soltasbruxa, com show neste sábado, 22, em São Paulo
Gabriel Nunes Publicado em 22/10/2016, às 09h02
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito.” A frase – imortalizada pela pena de Machado de Assis no conto “Verba Testamentária” – encontra respaldo nas palavras da vocalista do Francisco, el Hombre, Juliana Strassacapa, ao ser questionada sobre as inusitadas mudanças de rumo no novo trabalho da banda, Soltasbruxa.
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“O La Pachanga! [Antecessor de Soltasbruxa]? Não sei...”, hesita a cantora paulista. “Depois que a gente terminou de gravar, ele pareceu uma coisa muito inofensiva, muito agradável e fofinha demais, que não trazia questionamento e estranhamento algum. Nós estamos em um momento de mudança, em que o estranho é muito necessário.”
Lançado em 2014, o EP de seis faixas apresentou o Francisco, el Hombre como uma banda pan-americana, integrada por dois mexicanos (os irmãos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte) e três brasileiros (Andrei Kozyre, Juliana e Rafael Gomes), que canta a liberdade e o descompromisso de estar sempre na estrada viajando.
No entanto, para a vocalista, a realidade colorida do primeiro trabalho de estúdio não condiz mais com a imagem que o quinteto quer passar agora. Com acordes dissonantes, guitarras densas e letras que buscam incorporar uma imagem politizada ao universo lírico do grupo, Soltasbruxa surge como um contraponto ao EP. “Foi meio que uma resposta ao que a gente tinha feito antes, e o que nos representa nesse momento.”
Com influências que vão de Elza Soares a BaianaSystem, Juliana é categórica: “O mundo todo influencia a gente”. Não à toa, algumas dessas referências aparecem no registro. Gente como Apanhador Só, Salma Jô (do Carne Doce), Liniker e Os Caramelows, Larissa Baq e Zé Nigro – que também produziu o álbum – realizaram participações especiais no debute em álbum cheio.
“Antes de serem artistas incríveis, todas essas pessoas são amigos muito próximos, que a gente foi conhecendo na estrada”, declara Juliana. “De uma maneira ou de outra, fomos nos conectando tanto com os trabalhos quanto com as pessoas. Elas representam o que somos hoje.”
Além de acumularem amigos e influências no ínterim entre La Pachanga! e Soltasbruxa, o grupo se apresentou no festival cubano América Por Su Música. Graças a uma campanha de financiamento coletivo lançada no site Catarse, o Francisco, el Hombre teve a oportunidade de tocar pela primeira vez na ilha caribenha. Acompanhada por uma equipe de filmagem, a banda registrou a experiência em vídeo. O material, que é formado por entrevistas e imagens do quinteto se apresentando, possivelmente dará origem a um filme, com lançamento previsto para 2017.
“Documentamos toda a viagem, todos os momentos, cidades e shows. Foi incrível chegar em um país que está totalmente excluído do resto da sociedade capitalista”, relembra Juliana. “Eu escolhi não ter nenhuma expectativa ao chegar lá, porque eu sabia que a experiência ia superar tudo. Os cubanos são muito carinhosos, calorosos, bem próximos dos brasileiros. O povo de lá tem uma noção muito clara de quais são as verdadeiras prioridades, aquelas que vêm antes da vontade material.”
“O nível de escolaridade e a consciência social e política deles é invejável”, continua. “Eu achei uma sociedade totalmente avançada, mas se você for comparar pelos moldes capitalistas ela está um pouco aquém. Não senti que o lugar estava em desvantagem em relação ao resto mundo, mas sim ganhando em muitos outros aspectos.”
O show de lançamento do disco Soltasbruxa acontece neste sábado, 22, no Audio, em São Paulo. Na ocasião, o quinteto argentino Onda Vaga, que já abriu shows de Manu Chao na Argentina, em 2009, também se apresenta. O evento conta ainda com a discotecagem do duo ¡Venga Venga! na sequência da performance do Francisco, el Hombre.
Lançamento de Soltasbruxa em São Paulo
22 de outubro, às 22h
Audio – Av. Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca, São Paulo
Ingressos entre R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
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