Mais recente longa da saga, A Série Divergente: Convergente, chegou aos cinemas brasileiros no dia 17 de março
Stella Rodrigues Publicado em 21/03/2016, às 13h22 - Atualizado às 13h39
Apesar de ter crescido diante de câmeras de tecnologia de ponta e estar envolvida em franquias e produções milionárias, Shailene Woodley é a definição de pés no chão. Pés, aliás, que poderiam estar sempre envoltos em uma papete ou chinelo de dedo, se levarmos em conta o jeito despojado da atriz de 24 anos. Realidade e honestidade são as palavras-chave no discurso dela (a segunda foi repetida quase uma dúzia de vezes ao longo da entrevista) . As fantasias glamorosas de Hollywood não interessam à atriz, que se por um lado (público) é mais frequentemente fotografada vestindo alta–costura e forrando os pés com salto alto, em vez dos calçados supracitados, por outro (privado) é conhecida por esquisitices adoráveis, como fabricar a própria pasta de dente.
“Sempre fiquei chocada com a quantidade de atenção que atores recebem”, diz ela, que chega aos cinemas brasileiros com A Série Divergente: Convergente em 17 de março. “Mas o que me impressiona mesmo são o materialismo e o narcisismo que podem ser nutridos em uma forma pura de arte. Quando um ator entra em um set, o que está fazendo é criar algo, é igual a um pintor com uma tela em branco ou um maquiador com os pincéis de maquiagem. Por mais que o conceito de Hollywood possa parecer coisa de outro mundo, quanto mais nos lembrarmos disso, mais verdade vamos conseguir levar para os ideais fabricados que a mídia apresenta sobre a indústria do cinema.”
Tendo começado a atuar aos 5 anos e conquistado seus primeiros salários mais consideráveis na TV, nos últimos anos Shailene se tornou uma espécie de musa da adaptação da literatura categorizada como “Young Adult” (para jovens adultos). Em 2014, ela deu vida a Hazel, a protagonista da versão cinematográfica do best–seller A Culpa É das Estrelas, de John Green. No mesmo ano, estreou o primeiro capítulo da adaptação da série literária Divergente, de Veronica Roth, uma nova incursão na distopia que mira (na mosca) o público jovem.
Embora a comparação certamente seja desagradável para as duas, não há como negar que o papel fez por ela mais ou menos o mesmo que Jogos Vorazes fez por Jennifer Lawrence anos antes. Jennifer virou musa das adolescentes, que finalmente tinham uma heroína esperta, Katniss. Depois disso, por esse papel e outros motivos, Jennifer se tornou uma espécie de novo ícone feminista na indústria e o mesmo caminho estava sendo desenhado para Shailene. Curiosamente, é aí que a intérprete de Tris e sua personalidade rompem qualquer tentativa de traçar paralelos entre ela e Jennifer (ou qualquer outra jovem atriz). Indo contra a tendência, ela já declarou que não se considera uma feminista e, muito educadamente, se recusou a responder uma pergunta sobre diferenças de salário entre homens e mulheres no cinema.
Não precisa muito tempo para perceber que Shailene tem um jeito bastante impactante, que logo faz qualquer um esquecer que a jovem estrela está inserida em uma indústria que prima por produzir mocinhas pré-moldadas. “Quando te colocam obstáculos, você tem a opção de desviar deles ou de dar a cara para bater e usá-los como uma oportunidade de crescimento. É uma questão de integridade”, analisa Shailene sobre sua personagem em Divergente. Mas poderia facilmente estar falando dela própria.
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