O músico de poucas palavras e ídolo do movimento grunge faz apresentação única no Brasil neste sábado, 14, no Cine Joia, em São Paulo
Stella Rodrigues Publicado em 13/04/2012, às 16h27 - Atualizado em 15/08/2013, às 14h17
Acontece neste sábado, 14, no Cine Joia, em São Paulo, uma apresentação única de Mark Lanegan no Brasil. O ex-vocalista do Screaming Trees foi um ícone do grunge e hoje é um dos ídolos do rock alternativo.
Mark Lanegan faz jus ao que construiu como reputação. Falando ao telefone à Rolling Stone Brasil, responde às perguntas com certo ar de desinteresse. Não é que seja mal educado, não passa nem perto de ser rude em momento algum. Mas é um homem de pouquíssimas palavras.
O show no Brasil é para promover seu disco solo mais recente, Blues Funeral, mas não será calcado somente nesse repertório. “Vamos tocar muitas das músicas do disco novo, mas metade do set será com as antigas”, conta.
Lanegan sempre se afirmou um amante de bandas como Joy Division, New Order and Krafwerk. Mas neste trabalho dá para perceber mais claramente essas influêncuas na sonoridade dele. A razão, ele explica, mora em uma mudança no processo de composição imposta por ele mesmo para se desafiar. “Eu geralmente uso a guitarra para compor e desta vez usei um teclado, seguido de uma bateria eletrônica e sintetizador, só para ver o que saía, para tentar algo novo, tornar o processo mais interessante para mim. E em algum momento desse processo, as músicas ficaram assim.”
Blues Funeral tem a participação de Josh Homme, do Queens of the Stone Age, um colaborador de longa data de Lanegan. Contudo, parcerias com outras duas companheiras que fizeram vários trabalhos de grande repercussão ao lado do músico não estão nos planos dele: Isobel Campbell, que era do Belle and Sebastian, e PJ Harvey. Sobre Isobel, ele diz que “já fizeram tudo que poderiam fazer juntos. Apesar de eu gostar muito dela e amar aqueles discos”.
Quando o assunto se volta para o grunge, Lanegan se mostra desconfortável. “Eu mal consigo me lembrar como foi que rolou quando aconteceu naquela época”, diz com sinceridade na voz. O assunto é como o grunge se sairia se tentasse nascer hoje em dia. “Meu Deus. Acho melhor perguntar para outra pessoa, não tenho uma resposta para isso. Precisa perguntar para alguém que sabe qual o conceito por trás do grunge e eu não sou essa pessoa.”
Lanegan se mostra pouco ciente, também, do que acontece na cena musical de hoje. “Eu só me interesso pelo tipo de música que eu estou fazendo, sou egocêntrico demais para ligar para o resto que está acontecendo”, diz sobre o pop atual. “Eu acho que música é música. Eu não conheço muito do pop que existe agora, eu sempre vou atrás de coisas mais obscuras. Mas acho que esse estilo tem seu valor, tem milhões de pessoas que amam isso. Cada coisa no seu lugar.”
Apesar da atitude blasé ao refletir sobre a cena musical, o músico se avalia um felizardo de ainda conseguir tudo o que consegue na carreira. “Tenho sorte de ainda poder trabalhar com música, ter gente que tem vontade de ouvir minha música e ir ao meu show. Me sinto abençoado.”
Mark Lanegan em São Paulo
14 de abril, às 23h
Cine Joia - Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade
Telefone: (11) - 3231.3705
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