Liderada por Amy Lee, Evanescence atraiu legião de fãs ao Espaço das Américas - Stephan Solon / XYZ Live

Evanescence e as juras de amor eterno trocadas com o público brasileiro

A banda privilegiou canções mais recentes no show realizado em São Paulo, que pode ser um dos últimos, pelo menos por algum tempo

Stella Rodrigues Publicado em 08/10/2012, às 02h10 - Atualizado às 12h00

A marquise no Espaço das Américas dizia que o show era do Evanescence, mas a verdade é que aquele palco, por mais que os músicos talentosos, porém intercambiáveis, do grupo se esforcem, é praticamente todo da diva de pele alva e voz potente Amy Lee, nome pelo qual clamava a plateia depois do encerramento do número de abertura, The Used.

Boa parte dos súditos de Amy são meninas de palidez gótica e longos cabelos negros que se esforçam para parecer com sua musa. Elas, ao lado de muitos rapazes também, professavam pela cantora em camisetas, bandanas e berros um amor eterno, incondicional e inabalável que somente a juventude – ou uma novela mexicana – proporcionam. Esses fãs cantaram junto todas as letras, sem distinção entre singles e músicas pouco trabalhadas comercialmente (apesar de os maiores sucessos terem resultado em mais barulho), de forma a provar que o público cativo do Evanescence no Brasil mais do que justifica todas as vindas do grupo para cá em poucos anos.

Vestida com um figurino meio bailarina, com purpurina cobrindo os braços, Amy mostrou toda sua energia de bandleader no show realizado em São Paulo na noite deste domingo, 7. Abusando da expressividade corporal, agarrava o microfone, instrumento que ele leva ao público seus gritos, lamúrias e desabafos e retribuía o carinho de seus fãs paulistanos. A vocalista e pianista anunciou recentemente que a banda fará (mais uma) pausa a partir de novembro, então, a coisa toda teve um ar de final de temporada, com a possibilidade pendente de um cancelamento, para ficar em uma metáfora televisiva.

“What You Want”, primeiro single do disco que leva o nome da banda, abriu a barulhenta apresentação – o adjetivo, aqui, se refere tanto à sonoridade da atração que estava no palco quanto aos presentes. Esse trabalho, aliás, por ser o mais recente, foi o foco da noite: teve sete de suas 12 faixas executadas, sem contar uma música da edição de luxo, “Disappear”, que entrou no setlist de São Paulo de surpresa. Vale lembrar que na passagem do Evanescence pelo Rock in Rio há um ano, o álbum ainda estava para ser lançado e a plateia do festival serviu meio que de cobaia em relação às performances ao vivo das canções novas.

Em seguida, vieram “Going Under” e “The Other Side”. Amy falou pouco ao longo da noite e, quando o fez, não saiu muito do roteiro – não o roteiro dela, mas sim aquele script com bem poucas variações que os artistas internacionais colocam na bagagem toda vez que viajam a uma cidade (ou não, já que ele não é tão difícil de decorar). Agradeceu o carinho do público, a oportunidade de estar no Brasil de novo e elogiou o público local. A diferença é que em um caso desses, a devoção dos fãs daqui é tanta – nas redes sociais, em shows etc – e o retorno dela é tão constante que dá para crer na sinceridade dessa troca de afeto.

Ela continuou com “Weight Of The World”, “Made of Stone” e, em seguida, um piano passou a fazer companhia à performance de Amy. Lá, mostrou “Lithium”, “Lost in Paradise” e “My Heart Is Broken”, depois da qual o piano foi levado e um teclado fez as vezes do instrumento. Na intro de cada uma, teatral, a vocalista levava a mão ao peito e fazia expressões de intensidade. Paralelamente, os primeiros acordes das três geraram explosões de gritos lá embaixo.

Vieram ainda “Whisper”, “Oceans” e “The Change” antes de “Call Me When You Are Sober”, um grande hit do grupo. Amy tem mostrado uma música nova nos shows no Brasil e dito que não conseguiria pensar em um público melhor do que o daqui para apresentar a música, composta há sete anos mas para a qual “nunca conseguimos achar um lar”. “Imaginary” e um coro de “Bring Me to Life” encerraram a performance. Mas ainda tinha o bis, com a já citada Disappear” e, agora de volta ao piano mesmo, “My Immortal”. A música, que emocionou geral, com direito a muitos fãs aos prantos e se esgoelando, foi antecedida por um pedido de “cantam comigo?”, imediatamente seguido de “que pergunta boba, vocês cantaram tudo até agora”. Estava encerrado o show de menos de uma hora e meia.

The Used

Banda com muita estrada, The Used tem um público brasileiro próprio suficiente para uma turnê própria no país – que é o que eles prometeram para “logo mais”, no final deste show de abertura. No quesito atrações de aquecimento, a recepção dos fanáticos por Evanescence foi acima da média. Em pouco mais de 40 minutos, não pareceu em nenhum momento, ou música, que o Espaço das Américas estava dentro de um elevador, esperando para chegar do ponto “a” (antes de Amy Lee estar no palco) ao “b” (Amy Lee colocando o gogó para trabalhar), como pode acontecer durante shows de abertura. Talvez isso tenha se dado por causa da atitude da banda: “Para quem nunca ouviu The Used antes, estamos muito felizes de fazer novos melhores amigos aqui”, disse em certo momento o vocalista Bert McCracken. Nessa versão aperitivo do The Used, praticamente só singles passaram pelo setlist, entre eles "The Taste of Ink”, “I Caught Fire” e “Pretty Handsome Awkward”.

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