Em entrevista à Rolling Stone, Joel Kinnaman falou sobre Noite Sem Fim, filme que chega às telonas do Brasil ainda em abril
Lucas Borges Publicado em 10/04/2015, às 16h52 - Atualizado em 14/04/2015, às 17h58
O ator sueco Joel Kinnaman, famoso especialmente por viver RoboCop na nova edição da trama policial (dirigida pelo brasileiro José Padilha), tem a mente aberta e a língua solta.
Filho de um soldado do exército dos Estados Unidos, que abandonou o posto durante a Guerra do Vietnã e ganhou exílio na Escandinávia, e criado em uma “grande família hippie”, Kinnaman, 35 anos, tem se consolidado como intérprete de filmes de ação.
RoboCop de José Padilha dá ênfase na transformação de homem em máquina.
O thriller Snabba Cash, feito na Suécia, de 2010, o alçou a mercados internacionais no papel de um jovem que vende drogas para manter um glamouroso estilo de vida, e a série The Killing, interrompida em 2014, o estabilizou fora da Europa como o detetive Stephen Holder. Com Robocop, 2014, conseguiu um espaço na primeira classe de Hollywood.
José Padilha volta a discutir a violência em RoboCop
Depois de Noite Sem Fim, ação estrelada por ele ao lado de uma figurinha carimbada do gênero, Liam Neeson, que chega em 30 de abril aos cinemas do Brasil, Kinnaman teve a oportunidade de participar de um projeto bastante diferente do que vinha fazendo até então.
José Padilha vai produzir filme sobre o pós-Segunda Guerra no Brasil.
Um filme de Terrence Malick, famoso por obras de arte como Além da Linha Vermelha, indicado a dois prêmios do Oscar, em 1999, e por longas contemplativos como A Árvore da Vida, também indicado a uma estatueta da Academia, em 2012.
Pela formação pouco convencional de sua família, imaginando-se que a terra de origem dele é referência em termos de desenvolvimento humano, talvez fosse o caso de se pensar que Kinnaman se sentiria em casa em uma das meditações cinematográficas de Malick.
“Talvez não tenha sido uma das minhas melhores experiências”, responde educadamente o sueco à reportagem da Rolling Stone Brasil quando vem à tona Knight of Cups, programado para estrear em dezembro deste ano nos EUA com Christian Bale (da trilogia de Batman), Cate Blanchett (Blue Jasmine) e Natalie Portman (Cisne Negro) no elenco.
Filmar com o gabaritado diretor definitivamente não deixou boas impressões no ator. “Eu estava um pouco confuso”, Kinnaman diz, rindo, antes de continuar.
“Tinha um monólogo de 17 falas para eu fazer, foi muito difícil. Ele [Malick] estava interessado em gravar cachorros. Eu estava lá pela nona fala do monólogo, olhei para trás, e ele estava a uns cem metros, gravando cachorros. Isso é o quão difícil o meu dia foi.”
Assista ao trailer de Knight of Cups:
Kinnaman não reclama de quase mais ninguém ao longo da entrevista, conta que trabalhou "muito próximo durante um período longo" com Padilha, por quem tem "muito respeito como homem e como artista”, demonstra simpatia por cineastas latinos, como Daniel Espinosa, sueco de ascendência espanhola, diretor de Snabba Cash e de Crimes Ocultos (outro que chega em abril deste ano, dia 16, no Brasil) e o espanhol Jaume Collet-Serra, de Noite Sem Fim.
Sobre este último, que além de balas e sangue, se permite discutir os conflitos raciais em efervescência nos EUA, o ator comenta com autoridade: “Tem uma disputa nos Estados Unidos com uma rude e profunda estrutura racista e também existe uma divisão de classes, onde gente pobre é tratada como cidadãos de segunda classe e muitas vezes suprimida pela polícia”.
O próximo passo de Kinnaman será Esquadrão Suicida, com o diretor David Ayer (Corações de Ferro), previsto para agosto de 2016 no Brasil. “Até aqui, tem sido uma experiência incrível. Vou trabalhar com esses caras de operações especiais, treinando com eles, todo o elenco treinando junto. Vamos começar a gravar em alguns dias e estou muito empolgado”.
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