Banda brasileira lança no meio deste ano o primeiro disco, também intitulado 1943
Lucas Borges Publicado em 28/05/2015, às 13h41 - Atualizado às 14h47
“Turn on, tune in, drop out”, dizia na década de 1960 o psicólogo Timothy Leary durante experimentações com LSD pelos Estados Unidos afora. Essa mesma frase resume 1943, primeiro disco da banda paulista de rock psicodélico BIKE, nome dado em homenagem ao Dr. Albert Hoffman, que criou o LSD em abril de 1943 e deu uma volta de bicicleta ao tomar a primeira grande dose da substância.
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“É mergulhar, aproveitar a brisa e quando já não tem mais nada de bom, pular fora antes de entrar em uma bad trip”, explica o vocalista e guitarrista Julito Cavalcante ao blog Sobe o Som, no qual divulga com exclusividade a homônima “1943”, segundo single do álbum, tocado também por Diego Xavier (guitarra e voz), Gustavo Athayde (bateria e voz) e Hafa Bulleto (baixo e voz).
Ouça "1943" abaixo:
“As músicas em si são simples. São poucos acordes e é quase um loop do começo ao fim. A ideia é que elas comecem calmas, com algum dedilhado de guitarra, vão entrando outros elementos e acaba em uma explosão de distorção e tal”.
Cavalcante admite que o trabalho de estreia, com lançamento previsto para julho deste ano, é fruto de experiências com ácido lisérgico. “Sempre acabo criando mais quando não estou careta. As letras são histórias que aconteceram em algum momento da minha vida. Na maior parte delas, eu tinha tomado alguma coisa”.
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“Esse primeiro single, por exemplo, ‘Enigmas de Um Dente Falso’, surgiu quando eu estava no ‘rolê’ com o Fabinho, que era vocalista do The Vain [uma das ex-bandas de Cavalcante]. Nós tínhamos tomado um ácido e ele entrou em uma brisa de que o meu dente tinha caído e ficou me chamando de ‘Dente’ o ‘rolê’ inteiro. Essa letra é baseada nessa história”.
Escute "Enigmas de Um Dente Falso":
A inspiração química foi colocada para fora depois de o artista deixar o baixo usado no The Vain e no Sin Ayuda e se isolar com uma guitarra em Taubaté, cidade natal dele, no Interior de São Paulo. Ele buscou referências nas lembranças musicais do pai – “um hippiezão” – e na nova onda psicodélica que se espalhou pelo mundo nos últimos anos, se aliando, inclusive, a Rob Grant, produtor envolvido com o grupo australiano Tame Impala, um dos precursores da renovação do movimento.
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“Eu procurava alguém para masterizar depois de gravar e remixar em São Paulo e a maioria dos discos que foram referência atualmente tinham o nome dele [Rob Grant], mixando, remasterizando ou gravando. Mandei uma música, ele se empolgou, achou muito interessante trabalhar com alguém do Brasil. E ficou muito mais barato do que se eu fizesse com qualquer cara em São Paulo. Ele perguntou quanto eu tinha de dinheiro, falei que tinha tanto e ele disse que ia fazer mesmo assim. O resultado, para mim, ficou muito melhor. Aqui tem essa mania de deixar o grave muito grave e eu queria fugir disso, é mais um médio grave no produto final”, explica Cavalcante.
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O BIKE estreou em apresentações ao vivo com o disco no final de maio e já tocou no consagrado festival Bananada, em Goiânia. O álbum de oito faixas só será lançado em julho - junto com um vinil compacto com duas canções - e até lá, o guitarrista volta para o baixo no grupo Macaco Bong, o qual integra desde fevereiro de 2015. Cavalcante tocou no último trabalho do Macaco, Macumba Afrocimética, gravado também no primeiro semestre deste ano. Uma experiência bastante diferente daquela experimentada com o BIKE.
O vinil compacto com duas faixas de 1943:
“O disco do Macaco é bem tenso. Ele é mais pesado pelo lance de ter dois baixos, muito grave. Nós brincamos nos ensaios que parece que estamos em uma floresta, fugindo do caçador. Quando tocamos, parece que estamos fugindo de alguma coisa”.
O músico se dividirá entre compromissos das duas formações até o final de agosto, quando o Macaco Bong deve fazer uma pausa para o nascimento do filho do líder do grupo mato-grossense, Bruno Kayapy. Daí em diante, atenção total para 1943, sem nunca se esquecer: “Turn on, tune in, drop out”.
“Já me sentia mais à vontade fazendo shows assim do que careta. É o melhor momento, da comunhão com o instrumento mesmo. Independente de ter usado alguma coisa ou não, a viagem é sempre boa”.
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