Documentos do Ministério da Saúde mostram o impacto das fake news na vacinação: há indígenas com medo de virar jacaré, mudar de sexo e até de morrer
Redação Publicado em 07/07/2021, às 12h03
Fake news são perigosas - e um documento do Ministério da Saúde mostra parte das consequências da desinformação. A CPI da Covid está em poder de arquivos que relatam o medo de indígenas tomarem a vacina após terem acesso a notícias falsas - alguns, inclusive, têm receio de virar jacaré.
Segundo o Globo, há relatos enviados ao Ministério da Saúde de que indígenas rejeitaram o imunizante por medo de virar jacaré, trocar de sexo, contrair o HIV ou de morrer. Apesar disso, a pasta afirma que 74% dessa população já está vacinada.
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Dos 34 distritos sanitários especiais (DSEIs) que ajudam a pasta a organizar o atendimento dos indígenas, 19 relatam a recusa da vacina, assim como estratégias para conseguir imunizar essa população.
Conforme noticiado pelo Globo, alguns dos relatos incluem medo de virar jacaré, temor de homens virarem mulheres e vice-versa. Em uma localidade do DSEI Médio Purus, no Sul do Amazonas, 229 indígenas rejeitaram a vacina por motivos religiosos e fake news, e alguns diziam que “que a vacina era produzida com partículas do vírus HIV, chip da besta e restos mortais”, conforme relato do Ministério.
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Uma nota técnica assinada por Robson Santos da Silva, titular da Secretaria Especial de Saúde Indígena, afirma: “Os DSEIs iniciaram a Campanha de Vacinação, e aqueles que identificaram dificuldades para o alcance da meta foram orientados a aplicar o plano de sensibilização, uma vez que o principal motivo de resistência nos territórios indígenas ocorre devido à circulação de notícias falsas”
Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos responsáveis por disseminar fake news. Em dezembro de 2020, o presidente falou sobre a vacina da Pfizer e as “inseguranças” relacionadas a efeitos colaterais.
“Se você virar um jacaré é um problema de você. Não vou falar um outro bicho aqui para não falar besteira. Se você virar o Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí ou um homem começar a falar fino, eles não têm nada a ver com isso,” disse o presidente na época.
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Apesar disso, Robson Santos da Silva afirma que a rejeição das vacinas por parte de indígenas não tem relação com declarações de Bolsonaro: "Mesmo porque essas pessoas estão no interior, não têm acesso a meios de comunicação, a nada. Então quem divulgou (notícias falsas) são pessoas da própria comunidade."
A nota técnica assinada na pelo titular da Secretaria Especial de Saúde Indígena também não cita a influência religiosa na rejeição da vacina, mas os relatórios dos DSEIs do Amapá e Norte do Pará afirmam que houve “uma negativa pontual, principalmente de cunho religioso nas aldeias de maioria evangélica, que fizeram muitos indígenas acreditarem que com a vacinação sofreriam de males do corpo e da alma”.
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Em meio às fake news, um plano de sensibilização foi pensado para convencer indígenas sobre os benefícios da vacinação por meio de visitas a aldeias, conversas, campanha de conscientização e vídeos. Em entrevista ao Globo, o secretário afirmou que a pasta tem está atuando na capacitação de agentes para explicar sobre os benefícios da vacinação.
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