David Guetta levanta o apinhado Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo
Stella Rodrigues Publicado em 08/01/2012, às 10h53 - Atualizado em 09/01/2012, às 10h41
Se os DJs convidados Viktor Mora & Naccarati e Mário Fischetti, que abriram para David Guetta, já contaram com uma massa substanciosa acompanhando suas apresentações, a subida do megaprodutor e DJ francês ao palco pareceu ter "efeito fermento" no bolo de gente que esteve presente no Pavilhão de Exposições do Anhembi na noite do último sábado, 7 (o número preciso de ingressos vendidos não foi divulgado pela organização).
A devoção dos fãs do DJ, eleito três vezes como o melhor do mundo pela publicação DJ MAG, é quase religiosa. E ele, com sua postura bajuladora para com a plateia, lembra um político em época de campanha, daqueles que dão e dizem o que o barulhento e animado povo quer. Embora tal atitude o coloque na categoria dos "DJs farofa", é essa mistura de farofa com fermento que tem feito e faz o público de Guetta crescer exponencialmente.
A máxima diz que não se debate religião, tampouco política. O que não dá para se discutir aqui, contudo, é o poder que David Guetta tem como mestre de cerimônias. Foi um anfitrião impecável comandando a festa que promoveu na capital paulista, parte de sua extensa atual turnê brasileira (são 14 shows), que incluiu uma performance na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para um milhão e meio de pessoas, na virada do ano.
Suas produções, de enorme destaque no campo do house radiofônico, têm esse dom da ampla aceitação mesmo para quem não é exatamente fã de música eletrônica em geral. E seu cada vez mais famoso nome atraiu tanta gente famosa do black, rap e pop para encorpar seus discos que mesmo quem não é muito ligado ao gênero acabou conhecendo e colocando os braços no ar para Guetta.
Algumas das pérolas saídas da boca de Guetta para manter todo mundo comendo na mão dele, em São Paulo, foram “como vocês se sentem morando no país que tem as mulheres mais sexy do mundo?”, “o Brasil é meu lugar preferido para fazer festa” e “essa foi uma longa turnê, mas esta foi minha noite preferida”, com direito a uma incentivada na rivalidade Rio-São Paulo. Não tem uma dessas frases que não seja batida, mas elas parecem ainda funcionar muito bem, já que os fãs comeram tudo de colher.
Em uma noite em que a pista estava tomada por jovens da classe média paulistana, Guetta destacou faixas de seu quinto disco, Nothing But The Beat (2011), com o qual está em turnê - vale citar que o trabalho de estúdio poderá, ainda este mês, se tornar o vencedor do Grammy na categoria melhor álbum de dance/eletrônica. Mas não ficaram de fora sucessos antigos, como “The World Is Mine”, que projetou o hitmaker para a fama.
Ao vivo, Guetta comandou do começo ao fim as reações da plateia. Ele deu as ordens para gritar, pular, dançar com as mãos pro alto e abaixou som para as pessoas cantarem a cada refrão de single. Todas as manifestações daquele mar de gente vieram em um uníssono impressionante.
O público, assim como o DJ, demonstrou fôlego. Afinal, Guetta só subiu ao palco às 2h30 e se despediu quando o relógio já marcava mais de 5h. Mesmo após tantas horas de festa, apesar da leve debandada, ele ainda manteve muita gente no pique. Isso porque a estrutura do lugar, pouco refrigerado, garantiu que o calor se tornasse insuportável e os banheiros químicos estivessem exalando aquele odor característico com o qual os frequentadores de festival já estão ficando acostumados.
A apresentação começou com um vídeo de making of de Nothing But The Beat, que trazia cenas de performances antigas dele e declarações de colegas, como Usher, sobre ele. Prometendo “fazer vocês suarem”, deu início aos trabalhos com “Sweat” (Snoop Dogg vs. David Guetta). A primeira parte da performance ainda teve "Gettin' Over You", dele e de Chris Willis (que tem ainda participação de Fergie, do Black Eyed Peas, e LMFAO e é do quarto disco do DJ, One Love) e "Love is Gone", também dele com Willis, que agradaram bastante.
O set ainda teve espaços para versões alternativas, como a de "Block Rockin’ Beats", do Chemical Brothers, e algumas pirações ao vivo, o que deu a ele e à performance do incontestavelmente talentoso DJ uma aparência mais consistente, fugindo da pegada “show de pop” que tinham as sequências de hits.
O miolo do show ainda teve “Where Them Girls At” (com Flo Rida e Nicki Minaj), “Sexy Bitch” (com Akon), "When Love Takes Over" e até um remix de um dos grandes hits de 2011, “Rolling In The Deep” (Adele), cuja letra estava todinha na ponta da língua dos fãs de Guetta (na ponta da língua dos fãs de quem ela não está?).
Como já é de praxe, o final aguardava ainda algumas das faixas mais bombadas nas rádios e pistas. Ainda vieram o single “Without You” (com Usher) e um de seus trabalhos de produção mais bem-sucedidos, “I Gotta Feeling”, do Black Eyed Peas.
A turnê de David Guetta pelo Brasil ainda passará por mais cinco cidades: Belo Horizonte (neste domingo, 8), Fortaleza (9 de janeiro), São Luís (10/01), Belém (11/01) e Recife (12/01).
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