Ator brilha como o Gênio, enquanto a princesa passa a ter voz ativa na trama
Pedro Antunes Publicado em 26/05/2019, às 19h00
Há quem aprove as versões live-action dos clássicos promovidas pela Disney, outros que entendam a empreitada uma clássica manobra para fazer dinheiro em cima de histórias já bastante populares, o famoso "aposta no time favorito".
O fato é que nenhuma das versões live-action possa ter orgulho de bater no peito e dizer que fez justiça à obra original, ao acrescentar mais magia às animações lançadas décadas antes.
Aladdin, de Guy Ritchie, pode ser a primeira delas. Talvez porque toda a jogada do novo filme, cuja estreia no Brasil aconteceu em 23 de maio, foi segura e, principalmente, bem pensada.
Entregaram a bola para um camisa dez de talento reconhecido (no caso, Will Smith como o Gênio, personagem dublado magistralmente por Robin Williams na versão original), posicionaram na frente um atacante que chama a atenção dos zagueiros embora sem oferecer muito perigo (a versão do Aladdin vivida por Mena Massoud, um canadense nascido no Egito) e contavam com o elemento surpresa de um ponta veloz, que corta para o meio e bate para o gol quando ninguém espera (por fim, estamos falando da princesa Jasmine, de Naomi Scott).
Scott e Smith brilham no filme. Ele, na primeira metade, enquanto mostra timing de humor perfeito, ao mostrar que não quer se distanciar muito da versão de Williams para o poderoso Gênio, mas ainda capaz de trazer novos elementos ao personagem.
O Gênio desta vez, também tem uma versão em carne e osso, o que, convenhamos, é mais agradável aos olhos acostumados ao rosto do Will Smith, porque em poucos momentos é possível se adaptar à imagem da cabeça enorme do ator a flutuar em um corpo desproporcionalmente musculoso e pela metade.
A verdade é que Aladdin parece ter sido feito para que Smith voltasse a brilhar, depois de passos menos vitoriosos na sua filmografia recente, com filmes esquecíveis, caso de Bright (2017), e outros que gostaríamos de esquecer, como Esquadrão Suicida (2016).
Smith também reintepreta as canções icônicas do personagem. Por serem músicas tão grudadas nas lembranças, as primeiras estrofes e refrão causam estranhamento pelos novos elementos, um tanto mais modernos, nas faixas clássicas. A entrega de Smith, contudo, é admirável. Ele realmente se esforçou para ser um Gênio à altura do personagem.
O que nos leva diretamente a Jasmine, desde sempre uma "princesa da Disney" que fugia de alguns padrões da companhia, estéticos e comportamentais, mas ainda sofria por estar ali na espera do "príncipe encantado a salvá-la dos problemas".
Aí que entra a força de Naomi Scott, uma atriz e cantora já descoberta pela Disney ainda na adolescência, com um histórico ainda pequeno nos cinemas - ela foi um destaque da pobre nova versão de Power Rangers para o cinema, como a Ranger Rosa.
Sua Jasmine não se resume à negar as propostas de príncipes que vão até a cidade fictícia de Agrabah para cortejá-la. A nova versão quer ser sultana e pede, a todo momento, por seu espaço de fala.
Scott e Jasmine também protagonizam uma canção inédita na história. "Speechless" se torna o momento triunfal de virada da personagem, que passa a se colocar como protagonista da história, tão importante para o desfecho da história quanto o Aladdin.
Em outros momentos, Aladdin de Ritchie é um deleite de cores e sabores. A Agrabah reimaginada por ele parece real, com cheiro de especiarias e o toque dos tecidos espalhados pelas ruas.
É um filme seguro, é verdade, mas que corrige algumas injustiças comportamentais para uma personagem tão importante no cânone da Disney, e entrega uma versão mais contemporânea do Gênio. Um acerto.
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