A primeira edição do evento contou com a participação de Djonga, Black Alien, Negra Li, BK', Recayd Mob e Sidoka
Igor Brunaldi e Nicolle Cabral Publicado em 01/12/2019, às 19h00
Aconteceu durante o último sábado, 30 de novembro, no Sambódromo do Anhembi, a primeira edição do Festival Cena, evento totalmente dedicado à crescente e imparável potência do rap e do trap nacionais, apesar, claro, da decisão de trazer Quavo (integrante do trio Migos, convocado de última hora para substituir o desistente Young Thug), um norte-americano, para encerrar a noite na posição de atração principal.
Os trabalhos começaram cedo no Sambódromo. O festival abriu os portões às 13h, e não demorou muito para o line-up começar a se revezar entre o palco principal e o secundário, palco Orloff.
Passaram por lá diferentes gerações do rap brasileiro. De um lado, e em grande maioria, nomes atuais e em constante ascensão no cenário como Djonga, BK', Recayd Mob, Filipe Ret, L7nnon, Sidoka e FBC. Além deles, o evento recebeu também dois veteranos, representantes de uma época do hip-hop na qual os microfones ainda não eram mergulhados em auto-tune: Black Alien e Negra Li (que se apresentou acompanhada do ilustre Helião do RZO).
Com garoas eventuais, pista de skate e quadra de basquete entre um palco e outro, o desenrolar dessa edição inaugural do Cena aconteceu sem muitos contratempos, com exceção de dois momentos específicos.
O primeiro caso envolveu Djonga, que tocou às 16h. Perto do fim da apresentação, todo o som do palco principal foi cortado. O rapper não gostou e, depois, explicou no Instagram ter se tratado de uma questão com a equipe técnica, que cuidava do som do palco, e elogiou o fato de ter sido bem tratado pela produção do Cena.
O segundo momento veio no fim do festival. Quavo, convocado para encerrar a noite, já tinha o show agendado para 1h15. O trapper só subiu ao palco quando já eram quase 2h. A plateia, porém, se mostrou disposta a perdoar facilmente essa demora assim que os maiores hits do Migos começaram a bombar nas caixas de som e os ad-libs já icônicos como "skkrrt", "cookie" e "ice" dominaram o Sambódromo do Anhembi.
Apesar das duas questões pontuais, o Festival Cena merece louvor pela reunião de nomes importantíssimos do mundo do rap e pela dedicação em movimentar o cenário do maior gênero musical do mundo atualmente.
Igor Brunaldi e Nicolle Cabral, jornalistas da Rolling Stone Brasil que compareceram ao evento, selecionaram os melhores momentos do festival. Veja abaixo:
Nos anos 1990, Negra Li fez barulho ao lado da trupe RZO aos arredores da Zona Oeste de São Paulo. Quase duas décadas depois, a rapper subiu ao palco de um festival inteiramente focado na cultura do hip-hop na mesma cidade. De lá para cá, algumas coisas mudaram, mas uma permaneceu a mesma: ela continua fazendo história.
Com uma braveza na rima e fluizez vocal - que vai dos versos ríspidos do RZO até os falsetes muito pontuais -, Negra Li intercalou o repertório da apresentação com clássicos do grupo como "Paz Interior" ao lado de Helião, e "Guerreiro Guerreira". Além disso, cantou "No Brooklin", música em parceria com Sabotage, e fez tributo ao Charlie Brown Jr. com "Não É Sério".
Peça fundamental na contribuição da história do hip-hop no Brasil, Negra Li fez um show digno de arrepios ao apresentar ao público as próprias multi facetas artísticas e interessantíssimas. A rapper também foi importante para representar - ao lado de poucas - o gênero feminino dentro do festival. (Nicolle Cabral)
Curiosamente, o Cena reuniu todos os integrantes da célebre DV Tribo - que encerrou as atividades no início de 2018 - em um único line-up. A trupe era formada pelas mentes criativas responsáveis por fomentar a cena de música independente em Belo Horizonte e hoje despontam no rap nacional como Djonga, Hot e Oreia, Clara Lima, o beatmaker Coyote Beatz, e FBC.
Com o discurso afiado e sincero, durante todo o show, FBC quem convocou a reunião da DV no palco Orloff. Ao lado de Hot e Oreia e Clara Lima - Djonga não esteve na apresentação por conflito de agenda -, o rapper promoveu um encontro relevante entre os artistas.
Entre o repertório da DV, FBC apresentou as faixas do disco recém-lançado (e muito elogiado), PADRIM, como "Money Manin", "iPhone" e "THC". Embora a mixagem das músicas não tenham sido favorecidas ao vivo, talvez por um erro técnico do palco com a equalização do som, o rapper despertou curiosidade para próximas apresentações. (Nicolle Cabral)
Gustavo de Almeida Ribeiro, mais conhecido como Black Alien, apareceu no palco principal às 18h, quando o sol, apesar de ainda intenso, começava a se convencer de que estava na hora de se retirar. E foi exatamente o oposto desse sentimento de dever de retirada que o rapper carioca deixou na atmosfera do festival. Quanto mais tempo ele tivesse passado ali, melhor.
A qualidade consistente que percorre o show do começo ao fim é espantosa. Não existem ali brechas para falhas, e mesmo se existissem, o músico com certeza não precisaria se apoiar a elas. Os flows longos, característicos, carregados de mensagens e de um vocabulário invejável são entregues de maneira impecável e com uma aparente tranquilidade da parte do rapper.
Essa maestria do MC, somada a uma setlist recheada de clássicos que vêm desde 2004, do Babylon By Gus Vol. 1, e chegam até 2019 com hits instantâneos do disco Abaixo de Zero: Hello Hell, são mais do que elementos suficientes para classificar o Black Alien como uma lenda viva do rap nacional, que precisa ser ouvido e assistido ao vivo. (Igor Brunaldi)
Dono de um visual único e vocal estridente - bem acompanhado pelo uso exato do auto tune -, Sidoka concretizou a pose de trapstar quando subiu no palco principal do festival.
Com o estrondoso sucesso dos dois álbuns de estúdio, Elevate e Language by Doka, e um EP, Sommelier, em menos de um ano, Doka viu milhares de pessoas tentarem o acompanhar nas rimas que, para ele, soam tão fluídas.
Dos beats soturnos presentes em Elevate até os hits "Petalaz" e "Não Me Sinto Mal Mais", o trapper foi frenético e autêntico do início ao fim.
Durante a apresentação, retomou a faixa que fez com que ele acreditasse que o trap "daria em alguma coisa", ao chamar "Mi'adama", presente na primeira mixtape Dokaz. Além disso, convidou FBC para subir ao palco e cantar "Olha Pro Oclin", do Language by Doka. A parceria foi recebida fervorosamente pelo público.
Consolidado, Doka, saiu de palcos montados em bares, para dominar, com competência, um festival estruturado para receber os maiores nomes em ascensão do rap nacional. (Nicolle Cabral)
O mais jovem de todo o line-up do festival, Sidoka provou (se é que ainda pensam assim hoje em dia) que talento não depende nem um pouco de idade. Com uma ascensão estratosférica em menos de um ano, o trapper deixou claro que tem energia e hits suficientes para fazer shows cada vez maiores, e ganhar cada vez mais destaque no mundo do trap.
Cada faixa é uma porrada nos ouvidos, com versos rápidos gritados a plenos pulmões e completamente imersos em um auto-tune perfeitamente mixado.
A maior prova do sucesso do Doka é, com toda certeza, ver uma plateia enorme cantar junto todas essas rimas, que em uma primeira audição, soam tão velozes e distorcidas que nos fazem até questionar se ele realmente canta em português.
Ah! E eu já falei da energia que ele tem no palco? (Igor Brunaldi)
Curiosamente um dos únicos grupos a se apresentar no Cena, a Recayd Mob ocupou o enorme palco principal de um jeito que nenhuma outra atração do evento inteiro conseguiu fazer. O coletivo formado por Jé Santiago, Dfideliz, Derek e MC Igu tocou no horário anterior ao do headliner gringo Quavo, mas provou ter a confiança, a força e o carisma necessários para ter ocupado o posto principal do festival.
A dinâmica entre os integrantes se dá de forma espontânea, divertida e colaborativa, e a potência evocada no show pelos quatro juntos é algo que caminha na mesma estrada da energia que domina, por exemplo, uma apresentação do Travis Scott.
A performance de "Plaqtudum", faixa que encerrou o show, foi por si só um dos momentos mais marcantes do evento, e com certeza um momento que deve ficar para sempre marcado na história do grupo. Além, claro, da participação icônica de ninguém menos que MC Caverinha.
Atualmente, ninguém representa tão bem a essência do trap nacional quanto a Recayd. (Igor Brunaldi)
Recayd Mob é o sinônimo de trap. Com um show grandioso, o grupo foi responsável por mover a multidão de 15 mil pessoas presentes no Sambódromo do Anhembi para frente do palco principal.
O grave que ecoava nas caixas de som e a dinâmica do grupo por si só, cativaram no primeiro instante. Jé Santiago, Dfideliz, Derek e MC Igu só não reteram para si a atenção de todo o festival porque dividiram os gritos e aplausos do público com o estrondoso e precoce sucesso, Mc Caveirinha. Os hits "Só Não Pisa no Meu Boot" e "Tipo GTA" do Príncipe do Trap fizeram o chão tremer. Com apenas 11 anos, Caveirinha brilhou no palco ao segurar o público como os grandes da Recayd sempre fazem.
A apresentação foi um misto de gratidão e autoconfiança do coletivo que se emocionou no final ao performarem "Plaqtudum", música responsável por os alavancarem para o mainstream. (Nicolle Cabral)
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