Paul Simon - AP

Festival do Rio 2012: Paul Simon: Under African Skies relembra tensões e dificuldades de Graceland

Repleto de imagens de arquivo, das gravações do álbum e de shows da época, o filme é um belo retrato do conturbado processo que gerou esse disco histórico

Paulo Gadioli, do Rio de Janeiro Publicado em 09/10/2012, às 18h46 - Atualizado às 18h56

Após o término da dupla Simon & Garfunkel, Paul Simon iniciou uma bem-sucedida carreira solo. Graceland, um dos discos mais conhecidos do cantor, inovou ao unir as harmonias intrincadas do norte-americano a ritmos africanos, que tinha sido recém-descoberto por ele por meio dos Boyoyo Boys. Lançado após o fiasco Hearts and Bones, o álbum foi um sucesso de vendas e entrou para a história. Em Under African Skies, acompanhamos o retorno de Simon à África do Sul, 25 anos após a experiência que mudou sua vida.

Encantado com os grupos sul-africanos, Simon decidiu ir até o país para colaborar com os músicos no álbum que sucederia Hearts and Bones, fracasso de público e crítica. A ideia foi boa, mas o momento não era nada propício. Dividida social e racialmente pelo Apartheid, a África do Sul passava por um boicote cultural quebrado por Simon.

A atitude não foi vista com bons olhos nem pela comunidade mundial, nem pelos grupos locais que lutavam por uma África livre. O documentário acerta ao dar voz a todos os lados, colocando Simon, 25 anos depois, frente a frente com Dali Tambo, um de seus principais opositores na época, para discutir o passado.

A conversa entre eles é maravilhosa, pois é possível ouvir e, mais importante, entender ambos os lados da disputa. Os sul-africanos viam que, ao levar músicos sul-africanos para gravar um disco e excursionar pelo mundo, o foco não seria mais a situação terrível em que se encontrava o país naquele momento. Simon, por outro lado, queria apenas colaborar com aqueles artistas e apresentar o resultado em diversos países.

Fora da África, Simon também encontrou problemas. Muitos o acusaram de apenas usar os sul-africanos para se promover. Como um dos próprios entrevistados diz, achavam que um rico branco na frente do palco, acompanhado por negros, não era uma imagem positiva. Diziam que ele não entendia a música vinda da África.

Absorvido pela cultura local, é possível que a ingenuidade de Simon o tenha levado a sequer perceber a repercussão que seus atos poderiam ter. Quando as primeiras críticas duras vieram, o cantor ficou marcado - e é até hoje, como se pode ver no documentário.

O lado negativo, no entanto, é contrabalanceado pelos feitos do cantor com o disco. Ele conseguiu, por exemplo, atrair atenção mundial aos talentosos membros do Ladysmith Black Mambazo, além de ajudar a sacramentar nomes como Hugh Masekela e Miriam Makeba na cultura popular.

Repleto de imagens de arquivo, das gravações do álbum e de shows da época, Under African Skies é um belo retrato do conturbado processo que gerou Graceland, um disco histórico.

Paul Simon: Under African Skies está em exibição no Festival do Rio. Veja o próximo horário:

Quinta - 11/10/2012 - Oi Futuro em Ipanema - 18h

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