Sebastián Piracés-Ugarte, Mateo Piracés-Ugarte, Andrei Kozyre, Juliana Strassacapa e Rafael Gomes formam o Francisco, el Hombre - Rodrigo Gianesi/Divulgação

Francisco, el Hombre muda de rumo ao falar de política no álbum de estreia

Quinteto se despede do EP que o apresentou ao público, La Pachanga! (2015), para dar início a nova fase

Lucas Brêda Publicado em 22/06/2016, às 19h34 - Atualizado às 19h46

Sebastián Piracés-Ugarte está empolgado. Depois de passar meses em estúdio, o vocalista do Francisco, el Hombre vislumbra o disco de estreia da banda e não tem meias-palavras para determinar as intenções do trabalho: “Foda-se o que fizemos antes. Vamos enterrar La Pachanga!. É agora que começa”. Sebastián se refere ao último EP, lançado no ano passado, que apresentou o quinteto ao público como uma das bandas mais animadas e contagiantes do cenário independente.

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Com seis faixas, La Pachanga! destacou principalmente as origens do Francisco, el Hombre: uma banda multicultural, formada por dois mexicanos (os irmãos Sebastián e Mateo) e três brasileiros (Andrei Kozyre , Juliana Strassacapa e Rafael Gomes).

O grupo, estabelecido em Campinas (SP), firmou-se tocando nas ruas, transmitindo a energia e a liberdade de estar na estrada, e incorporando o nome do lendário músico viajante popularizado no clássico livro Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez.

Outro fator que ajudou a torná-los conhecidos – infelizmente – foi quando pipocaram manchetes sobre o assalto que a banda sofreu na cidade argentina de Mendoza, no começo de 2015. Na ocasião, eles estavam viajando pela América Latina para tocar e tiveram todos os pertences roubados.

Sebastián está se esforçando para deixar o passado para trás. “La Pachanga! pinta essa imagem de que somos uma banda bonitinha, dançante, quase inofensiva, sabe? E estamos longe disso. Na verdade, somos muito mais que isso.”

Gravado no estúdio Navegantes, em São Paulo, o primeiro disco cheio do Francisco, el Hombre traz produção de Zé Nigro e tem como referências sonoras Metá Metá e Nação Zumbi, além da constante música latina, segundo Sebastián. “Estamos explorando a pluralidade do que somos e observamos na sociedade”, analisa. “Está intenso, agressivo, bravo e triste. Sinceramente, acho que ninguém espera que sigamos esse caminho.”

As músicas do trabalho foram quase todas feitas nos dois meses antes de a banda entrar em estúdio e refletem o turbulento momento político brasileiro (uma das faixas, com participação de Liniker, se chama “Bolsonada”, clara referência ao deputado federal Jair Bolsonaro, do PSC do Rio de Janeiro).

“Em vez de tentar dar uma cara atemporal, decidimos encarar o agora. E política faz parte de quem somos, mas no La Pachanga! isso ficou escondido”, explica o vocalista. “A gente se considera de esquerda e não concorda com muito do que o PT fez. Só que, frente às movimentações de direita, não tem como ser condescendente, principalmente com o impeachment.”

Abaixo, assista ao novo clipe da banda, para a faixa “Calor Da Rua”.

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