'Miss' Sonho Americano desde os 17, a maior popstar da geração foi do topo de Hollywood ao fundo do poço em três anos - e luta, hoje, para sair do buraco cavado para ela pela mídia, pelos pais, e por ela mesma
Yolanda Reis | @ysreis Publicado em 14/08/2020, às 07h00
Em 17 de fevereiro de 2007, Britney Spears entrou em um salão de cabeleireiro e raspou, na raiz, seus conhecidos cabelos loiros. Fez sozinha, porque a dona do lugar não quis participar. A cena foi clicada pelos paparazzi que a seguiam onde fosse. Três dias depois, e ainda sem paz da parte dos fotógrafos, veio a “parte 2” da história: a popstar pegou um guarda-chuva verde e golpeou os paparazzi, os carros deles, as câmeras.
No dia seguinte, imagens do ocorrido estavam em todos os cantos da mídia mundial. As atitudes foram vistas igualmente como cômicas e risíveis quanto irreais. Não pouparam palavras: o Globo a chamou de “tresloucada”. O G1 contestou a grande exposição dela à mídia. A NY Mag achou que era só por atenção. Para o TMZ, uma estrela em declínio. E para a Rolling Stone EUA? “Britney: desastre ou catástrofe”. Ninguém parecia levar a sério. No máximo, torciam o nariz.
Uma das poucas pessoas que defendeu Britney Spears publicamente foi Chris Crocker. “Nós realmente queremos ver uma mulher de 25 anos deixar para trás dois filhos e morrer? Não aprendemos nada com Anna Nicole Smith? Sei que é difícil ver [a cantora] como um ser humano, mas acredite em mim… Ela é. Ela é uma pessoa. Como eu ou você. E não sei vocês, mas eu estaria muito abalado agora. Não importa o motivo das atitudes dela. Só me importo com o bem estar dela. Britney, só quero que você fique bem.”
“Como alguém tem a coragem de tirar sarro dela, mesmo depois de tudo que ela passou? Ela perdeu a tia, passou por um divórcio, teve dois filhos, o marido dela era um traidor e agora ela precisou ir para um manicômio. E vocês só ligam para audiência e ganhar dinheiro com ela. Ela é uma pessoa! Deixem ela em paz.” Tudo verdade. Mas a mensagem que tiraram desse apelo? Só uma frase: “LEAVE BRITNEY ALONE!”
+++ LEIA MAIS:Filho de 13 anos de Britney Spears defende cantora do pai: ‘Ele poderia morrer’
Crocker, assim como Britney Spears, virou motivo de gracejos… Dos mais sem graça, é verdade.
Parece irreal rir de uma pessoa, como apontou o choroso Crocker, que no período de alguns meses: perdeu a tia, de quem era muito próxima; enfrentou um conturbado de divórcio; chegou ao limite do vício de drogas, e acabou internada… Tudo isso registrado por câmeras de fotógrafos e gritos de repórteres nas ruas - e, na internet, a repercussão e escrutinação popular. Tudo, absolutamente tudo, era assunto - e xingamento. Ninguém deixava Britney em paz.
+++LEIA MAIS: Britney Spears desabafa sobre solidão: "Você nunca sabe em quem pode confiar"
É difícil, mesmo, não surtar. Em 1999, ela era a queridinha da América, tanto do público quanto da imprensa. Em 2004, "um desastre". Em 2007, "uma louca". Em 2008, "incapaz". E parou aí. Nos últimos 12 anos, Britney perdeu a própria liberdade, e viveu sob tutela do pai, James. Por alguns períodos, não pode ver os filhos; em outros, pode. Às vezes, pode gravar um vídeo, mas não sair de casa sozinha. Um inferno na vida dela. E podemos responsabilizar a nós mesmos - imprensa e público - por esse fardo.
Britney Spears fez um apelo por ajuda - e ninguém ouviu.
No final de 1998, um furacão loiro e de trancinhas passou pelo mundo: Britney Spears e seu hit de estreia, “...Baby One More Time.” A menina acabara de fazer 18 anos, e sua aparência angelical combinada à letra provocante do single (assim como a maria-chiquinha com saias curtas do clipe) era a junção ideal para uma perversão inocente e machista da virada do século.
Spears foi montada, parte por parte, para ser um sucesso do pop. A inocência da menina que anunciava nas entrevistas a intenção de casar virgem conquistava a parcela conservadora da sociedade dos EUA, que prega castidade nas escolas. As saias curtas e as roupas apertadas, porém, chamavam atenção daqueles acostumados com propagandas de cerveja e exposições sexistas dos anos 1990. Já aquela vibe moderna, cool e estilo definidor de época diziam aos jovens que nada, nada podia ser mais legal do que ouvir, ser e copiar Britney Spears!
A música de estreia, “...Baby One More Time”, single do disco com mesmo nome (1999), também tinha muitos apelos. Eram um pop marcante, divertido, gostoso de dançar e fácil de cantar. A letra era fluida o suficiente para encaixar em várias vidas (é um coração partido, um término de namoro, um abandono e um pedido de volta!). O clipe escolar, com decotes, saias, botas altas e coreografia, também, o ápice do milênio.
Britney e sua voz grave e variante foram certeiras: um sucesso mundial! O single “...Baby One More Time” ficou no Top 5 de 29 países (e foi #1 em em 26 deles). Foi a música mais vendida da Europa em 1999, e a terceira mais popular do continente naquele ano. 21 anos depois, é a 25a música pop dos EUA - e foi considerada pela Rolling Stone o Melhor Single de Estreia no Pop.
O sucesso do disco foi parecido (top 10 semanal de 23 países, em 7 deles como #1), assim como a bomba do pop seguinte, Oops!... I Did It Again (2000, top 10 semanal de 25 países, e #1 em 17 deles). A popularidade se repetiu nos anos seguintes, com In The Zone (2003).
Ela estava, realmente, com tudo. Durante a primeira metade da década de 2000, Britney Spears apareceu em mais capas de revista do que é possível contar: EW, Vogue, Glamour, Teen People, Seventeen, Elle, Cosmo… Só na Rolling Stone, teve seis capas entre 1999 e 2003! Mas, aí, todo mundo começou a detestar ela.
Na última semana de 2002, Justin Timberlake lançou “Cry Me A River”, segundo single da carreira solo dele. Acabara de sair do NSYNC, e era o equivalente masculino de moço-bonzinho-que-todo-americano-precisa-amar. Ele e Britney eram namorados até alguns meses antes disso, então a faixa, que falava de uma namorada que o traiu caiu como uma luva na estrela. Começaram alguns rumores de que ela, na verdade, não era o anjinho que todos acreditavam ser.
Para quem ainda tinha dúvidas sobre a “autoria” de Britney, o clipe do sucesso de Timberlake parecia esclarecer isso. No vídeo, o cantor chega à casa da namorada e a vê sair com outro homem. Ele entra no lugar e destrói algumas coisas - e grava a si mesmo transando com outra menina. Essa namorada não mostra o rosto - mas ostenta cabelos loiros e roupas à Spears. Mensagem dada. E recebida com vigor: a cantora começou a ser pintada como um monstro.
A visão de Britney na mídia mudou. Para começar, ninguém mais comprava a imagem de santinha dela. Ela, também, nem queria mais ela: tinha já vinte-e-poucos-anos, queria ser vista como uma mulher, e não como a menina das maria-chiquinhas na escola. Mas, apesar das vontades, ainda era bastante dependente - e seus pais e empresários acabavam por decidir tudo para ela. As revistas, tablóides e programas de televisão sensacionalista respondiam a isso, e Britney agora era, pura e simplesmente, extra-sexual e promíscua aos olhos do público.
A junção de todos esses fatores - a exposição de Timberlake, a mudança de visão do público, a análise constante da mídia e a vontade de ser vista como uma adulta - fizeram Britney explodir. A sexualidade, antes deliberadamente proibida pela equipe - que a proibiam de transar (embora ela o fizesse com Timberlake, namorado dela, como contou Darrin Henson para a Rolling Stone) resolveu explodir. Assim como a rebeldia e a busca das drogas.
Não ajudaram nada, também, a paixão que ela tinha por Timberlake (que, deliberadamente, a ignorava) e o divórcio dos pais dois meses depois do término dela. Mesmo assim, as mesmas pessoas que controlavam cada aspecto da vida dela, não pararam para tentar entender os sentimentos dela, e nem o bem estar. Numa hora que o melhor, psicológicamente, seria a pausa da carreira para uma recém-adulta, só queriam lançar o próximo disco.
Para NBC, em 2006, Britney desabafou sobre esse ponto de ruptura da vida dela. Explica que foi bem aí, quando a mídia passou a procurar os defeitos, e não as qualidades, que ela tinha. E em Britney: For the Record, documentário de 2008, explicou que o único modo de conseguir lidar com isso foi cair na noite.
Durante o ano seguinte, em 2003, Spears quis abraçar essa nova imagem de mulher independente. Começou a sair com vários homens, alguns bem mais velhos. A minoria “prestava” - mas boa parte era como Fred Durst, que foi ao ar no The Howard Stern Show para expôr a vida íntima dos dois.
Mas os pontos de ruptura mais marcantes dela foram no início e no fim do ano: começou com a apresentação mais icônica da história do VMA: cantando “Like a Virgin”, da Madonna, Britney Spears literalmente se transformou numa mulher - e, aí, beijou a dona da música na boca. De língua. Na frente das câmeras da MTV! Sexy! Aí, no final do ano, mais uma confirmação da mudança: o lançamento de In the Zone, escrito por ela - e recheadíssimo de músicas sobre sexo, masturbação e tudo o mais.
Britney provava que crescia, mas ainda faltava algo… A independência! Por isso, no natal de 2003, depois de brigar com a mãe, viajou com alguns amigos para uma festinha de três dias em Las Vegas - cocaína de tarde, êxtase de manhã, Xanax para dormir bem, como contou Jason Alexander, amigo de infância dela, para Rolling Stone. Em 4 de janeiro, durante esse “escape” Britney resolveu casar. Ela e Alexander foram até uma capela, pagaram US$40, viraram marido e mulher.
Britney ligou para Lynne, mãe dela, e contou as novidades. Ela ficou irada. Voou até Las Vegas, pegou a filha, voltou para casa. O casamento durou 55 horas antes de ser anulado por insistência dos pais dela. Britney não gostou, e continuou usando a aliança. A mãe dela, tentando reverter algo, não deixava ela participar de eventos musicais - e a levava para igreja quando aconteciam.
Mas, aí, o disco In The Zone precisava de divulgação. Como mais fazer dinheiro?Lynne revogou o castigo e Britney foi para estrada; também gravou clipes bastante perturbadores. Ela sempre dava ideia de morte, suicídio e drogas para os diretores. O mais perto que chegou disso foi em “Everytime”. No clipe, Spears fugea dos paparazzi e então se afoga numa banheira. Soa como um pedido de ajuda e um alerta para você? Porque ninguém na época prestou muita atenção…
Entre 2003 e 2004, Britney Spears viu nascer um ódio que carrega até hoje: paparazzi. Até 2019 ela ainda criticava fotógrafos inconvenientes, e os atacava quando podia. Durante alguns anos, morou numa casa especificamente "anti-fotos" para tentar momentos de alívio, também.
Tudo isso não vinha de graça: a menina era constantemente assediada. Não existiam tablóides sem ela estar na capa. Até dentro de casa, ela era clicada. Todos queriam fofocar sobre Britney…
Por isso, o segundo casamento de Britney foi visto, pela imprensa da época, como um dos maiores escândalos de 2004! Conheceu o noivo Kevin Federline, dançarino de Justin Timberlake, poucas semanas depois do divórcio de Alexander. Ele era pai de um bebê, e esperava outro com a namorada. Mas terminou com ela, grávida, para ficar com Spears. Agora, a cantora ganhou outro apelido "carinhoso" nos jornais. Além de "traidora", "promíscua", "drogada", todos chamavam Britney Spears de "destruidora de lares".
Britney Spears e Kevin Federline se casaram três meses após se conhecer. A popstar, tentando mostrar que podia tomar o controle da sua vida, demitiu os empresários, Larry Rudolph e a própria mãe, e resolveu lucrar com o que mais queriam dela: fofoca!
Spears e Federline estrelaram um reality show da vida de casados, Chaotic (“provavelmente a pior coisa que fiz na vida,” disse ela em 2013). Ela também criou um site para falar da vida pessoal (a mensalidade era US$ 25), além de vender as fotos do casamento para People por US$ 1 milhão. Quando teve o primeiro filho, Sean, também vendeu as fotos para revista pelo mesmo valor. Quando Jayden, segundo menino dela nasceu, queria fazer o mesmo, mas um paparazzi revelou primeiro as fotos do rostinho do bebê.
Então, em três anos, Britney Spears casou-se, expôs a vida num reality show, vendeu fotos da vida privada, teve dois meninos, e se afundou em drogas e festas. Durante esse período, só gravou três músicas - não ligava tanto para esse lado da carreira. Sendo a própria gerente, ela e Federline tomavam as próprias decisões - mas, então com 24 anos, parecia perdida desde os 20. Sob a influência infantil do marido, ruiu. E os paparazzi, claro, não davam trégua: flagraram ela entrando num banheiro sujo de posto de gasolina sem sapatos, jogando bitucas de cigarro pela janela de um hotel, e, o clique mais drástico de todos: dirigindo com seu filho de seis meses no colo.
No final de 2006, Britney cansou. Com Federline, sentia todas as inseguranças que a acompanharam da adolescência: solidão, medo do abandono, falta de controle e necessidade de depender de alguém para saber quem é. Em novembro, mandou uma mensagem de celular para o marido, pedindo divórcio. Ele respondeu com uma pichação no banheiro da balada: “Hoje sou um homem livre - foda-se a esposa, me dá meus filhos, v*dia”.
A cantora decidiu que queria voltar à música como era antes, e imediatamente recontratou Rudolph. Ele decidiu fazer um photoshoot numa pista de patinação. Ela não gostou muito: não queria se vincular, de novo, à imagem da inocência. Pelo contrário: o objetivo era reforçar a ideia de mulher forte que apresentara nos anos anteriores.
Britney Spears era vista - e, claro, clicada por paparazzi - quase todas as noites em Los Angeles. Simplesmente não cansava de festa. E os cliques eram, para todos os envolvidos, bastante tristes: ela vomitando no carro; ou vista trocando de roupas com uma stripper. Mais constantemente, Britney estava com Paris Hilton. Bebiam e usavam drogas juntas (nenhuma das duas admitiu, mas amigos próximos, sim) - e a cantora “adotou” um hábito da socialite: aparecer sem calcinha para os paparazzi. Aconteceu três vezes antes de Rudolph proibir a amizade das duas. Nessa altura, Hilton tinha até um apelido para a amiga: O Animal, porque "ela não pensava antes de fazer nada."
Agora… Se a mídia não deixava Britney em paz, todas as transgressões foram um regozijo. Para o NY Times, ela “não era o tipo certo de mãe". Para ABC, Spears era “imodesta”, “não autêntica” e mostrava “uma visão muito estreita de empoderamento.” No Sydney Morning Herald, “loser da revolução sexual.” ABC também comentou como “antigamente” uma vagina chamaria atenção, mas a de Britney, no máximo, faria alguém apontar e rir. TMZ, Daily Record, Daily Mail, e qualquer jornal ou revista com acervo online, enfim, mostram parecido: a ridicularização. A Rolling Stone EUA, inclusive, com um trecho um tanto problemático, no qual dizia que qualquer um que “dividisse o banco de um carro com Paris Hilton” iria querer usar uma calcinha E desinfetar o local - mas não Britney. “É uma apropriação feminina do clássico ‘flashing’ de pinto. Mas Jim Morrison nunca tentou algo assim.”
Britney começou 2007 num momento difícil da vida. Estava num processo de divórcio e briga de guarda pelos dois filhos. Era ridicularizada nas revistas e pelo público todas as vezes que saía de casa. Seus problemas com ilícitos estavam no limite. Ela não dormia, não comia, não tinha mais ninguém. No documentário de 2008, lamentou a solidão do período. E, então, Sandra Bridges Covington, tia dela a quem ela amava, morreu de câncer.
Ela começou a ruir mais rapidamente que nunca, e Rudolph tinha visto o bastante: em fevereiro, mandou-a para a reabilitação. Não foi uma boa pedida: furiosa, Britney Spears saiu da rehab no Caribe e voou para Los Angeles. Foi direto para casa do ex-marido e exigiu ver os filhos. Federline, porém, havia conversado com Rudolph e Lynne e combinaram de só deixar ela ver os bebês depois de completar o tratamento. Irritada, ficou dando voltas em torno da casa, até que percebeu que não ia adiantar - e ninguém deixaria ela ver os bebês.
Britney Spears dirigiu para longe, e entrou num salão de beleza qualquer. Pediu para cortarem todo o cabelo dela - mas as cabeleireiras negaram. Ela decidiu fazer sozinha (foi auxiliada, finalmente). Raspou tudo. Depois, começou a dirigir para lá e para cá, obcecada. Bebeu dúzias e dúzias de Red Bull, e não dormiu durante 48 horas. Começou a alucinar: acreditava que demônios a perseguiam e que o celular dela gravava os pensamentos. Procurava, no rádio, notícias sobre Anna Nicole Smith, atriz que morrera de overdose no início daquele mês. Declarou várias vezes que também acabaria daquele jeito. O findar do episódio foi a surra que ela deu nos paparazzi (que, claro, a perseguiaram durante os dois dias) usando o famoso guarda-chuva verde.
Britney Spears também decidiu que bastava de ter alguém controlando a vida dela. Cortou laços com todos aqueles que estavam envolvidos naquela história de reabilitação. Não tinha mais empresário, mãe, pai, irmã, namorado, não queria falar com ninguém. Mas pareceu acalmar nos meses seguintes, concordou em fazer alguns tratamentos de rehab, fez alguns shows, e resolveu confiar de novo: Sam Lutfi virou seu novo empresário, amigo e protetor.
Ele arranjou a vergonhosa performance no VMA 2007, na qual Britney apresentou Blackout (com “Gimme More” e “Piece of Me”). A apresentação mostrou Britney dançando com passos mecanizados e sem muito movimento - mais andava pelo palco do que propriamente dançava.
Com Lufti, também, a cantora pareceu diminuir o passo: não saía mais de noite, não ia a festas. Ele dormia na casa dela, no sofá, para estar por perto. Então, foram para um hotel em Hollywood para algumas apresentações. E Lufti fez um acordo com ela: a cada entrevista, ou ensaio de fotos que ela fizesse, ele pagaria ela. Se não, nada de dinheiro! O empresário ofereceu uma entrevista para Rolling Stone, no final de 2007, por US$ 1 ou 2 milhões. A revista rejeitou, e propuseram contar todo o lado dela da história em uma entrevista tradicional. Não tiveram respostas.
Britney até aceitava o lado musical e o tapete vermelho no lobby do hotel… Mas não era o maior interesse dela. Queria provocar a imprensa. Em mais de uma ocasião, foi a uma loja e quebrou, rasgou ou molhou o estoque porque não era o que queria. Dirigia pela cidade e achava engraçado ver os paparazzi a seguindo. Passava três, quatro horas por dia nessa. Eram centenas e centenas de fotógrafos. Ela gostava de dirigir. Brecar. Acelerar. Ultrapassar farol vermelho.. E eles a seguiam por cada esquina - e até os carros que usavam mostravam as marcas de arranhão. Britney fazia pausas de vez em quando “para se trocar e usar as drogas dela,” explicou um pap para Rolling Stone - e então voltava.
Britney começou a se acostumar com os paparazzi (ou, mais provavelmente, deixou de se importar). Até resolveu sair com um deles: Adnan Ghalib. Era dezembro de 2007, e Britney Spears não tinha mais a guarda física dos filhos. Depois de engatar o namoro, não queria mais nada com Lufti: só tinha espaço para Ghalib na vida. Os dois brigaram - o empresário sentia que o fotógrafo usava ela para ganhar dinheiro. Era um sentimento recíproco.
Britney começou janeiro de 2008 com o pé esquerdo. No dia 4 (mesma data em casou com Alexander), teve um episódio de raiva. Pegou o filho mais novo, trancou-se no banheiro (usando nada além de uma calcinha e, de acordo com os policiais da cena, claramente drogada). Depois de três horas, foi arrancada do local e levada à força para uma clínica psiquiátrica. Saiu só no dia seguinte - ao mesmo tempo, uma medida de emergência a proibiu de ver os filhos, e ela perdeu a guarda legal dos meninos.
Alguns dias depois, a cantora foi, de novo, pega numa briga de atenção, e sentia-se dividida. Foi uma discussão particularmente feia entre Ghalib e Lufti. Em 20 de janeiro de 2008, quando o namorado não estava na casa da cantora, o empresário foi até lá e mostrou uma ordem de restrição contra ele para os paparazzi que convidara (o fotógrafo explicou que era falsa). Os dois começaram a brigar na frente dos repórteres, e a mãe de Britney apareceu para buscá-la e levá-la para longe. Ela voltou 60 horas depois para casa - sem dormir durante todo aquele tempo. Rumores indicam que retornou para se encontrar com o psiquiatra - ela tentara suicídio.
Havia 75 paparazzi no portão do condomínio de Britney. Um deles era um repórter da Rolling Stone. Entre os comentários midiáticos sobre o suicídio, a perda da guarda dos filhos e todos os problemas que Britney Spears passava, o que ele ouviu foi: “Você não quer perder uma ambulância carregando o corpo dela.” E “Cara, a Britney não pode morrer, porque aí não vão me pagar!” Britney saiu dentro de uma ambulância (ninguém conseguiu uma foto, ainda bem), foi para internação, e os pais dela pediram uma ordem de restrição para Lufti e o namorado.
Quando Britney Spears saiu do hospital após a tentativa de suicídio, não era mais dona do próprio nariz. Ela foi colocada (inicialmente, temporariamente; depois, permanentemente) sob a curatela de seu pai, Jamie Spears. Ou seja: ele é que toma todas as decisões legais por ela - como onde morar, para onde viajar, como trabalhar, e até se vai ou não sair de casa.
Desde 2008, Britney está sob o comando do pai. Parece bastante com o trabalho dos parentes no começo da vida de alguém… Exceto que agora ela é uma adulta multimilionária. Para o “emprego”, explica o El País, Jaime recebe um salário de US$ 180 mil, mais despesas com aluguel e outras contas (definidas por um tribunal). Recebe, além disso, 1,5% dos ganhos da residência em Las Vegas.
Para Britney, não sobra muito. Em março de 2008, começou a receber uma “mesada” de US$ 1,5 mil por semana (o mesmo valor até hoje, explica o El País) para "gastos pessoais". Ela podia, se o pai deixasse, trabalhar. Naquele ano, então, ela gravou o disco Circus e o documentário Britney: For the Record. No filme, Spears desabafa sobre a pressão midiática, e culpa o sensacionalismo pela ruptura pessoal. Também comentou algumas das coisas que mais sente falta… Como dirigir.
Em janeiro de 2019, Britney Spears cancelou a turnê Domination. Oficialmente, seu pai ficou doente. Em março, Andrew Wallet abandonou a co-curatela de Britney. Entre os motivos, dizia que a cantora sofria “um perigo imediato.” Em abril, ela se internou numa clínica psiquiátrica para conseguir lidar com a doença do pai. Voluntariamente, dizem os comunicados oficiais…
O podcast Britney’s Gram acha o contrário. De acordo com um áudio que receberam, não foi bem isso que aconteceu: Britney Spears está se rebelando contra o longo controle. Ela recusou tomar os remédios que o pai dava, e quebrou algumas regras explícitas, como dirigir. Como punição, ou talvez para evitar danos, ele resolveu cancelar Domination. Então, internaram-na por três meses contra a vontade dela.
Em setembro de 2019, Jamie quis sair da curatela de Britney Spears. Alegou que foi para focar nos problemas de saúde - mas, em agosto daquele ano, Federline entrou com um pedido de restrição de Jaime em favor dos filhos dele e de Britney, pois, de acordo com depoimentos, ele gritou e ameaçou Sean. Quando o menino respondeu, se enfureceu, e chegou a quebrar uma porta para tentar bater nele. A custódia de Britney, da qual já tinha recuperado 50%, caiu para 30% do tempo.
Jodi Montgomery, cuidadora da cantora, virou a responsável direta por ela quando o pai abandonou o posto. Vendo a "vaga", a mãe de Britney (com quem ela sempre teve um relacionamento conturbado) entrou com uma ação para controlar os bens financeiros. Mas a popstar tem outra ideia: pediu pela remoção da curatela.
Surgiu, então, uma discussão que estourou em 2008 (e foi abafada na sequência). Britney realmente precisa de alguém mandando nela? Se ela pode gravar discos, fazer shows, cuidar dos filhos… O cuidado, depois de 12 anos, ainda é necessário - ou os pais dela deviam “arranjar um emprego de verdade,” como sugeriu Sharon Osbourne?
No início de 2020, e até a metade dele, centenas de artistas e milhares de outras pessoas começaram a entrar na onda do movimento Free Britney. Esse pede a libertação da mulher das limitações feitas há mais de uma década - e consideradas ultrapassadas. Sugerem, também, que Britney precisa de ajuda, pois sempre que sugerem para ela “se você precisar de nós, use x coisa no próximo vídeo” (e isso pode ser a cor de uma camiseta, ou um quadro com pombos), ela usa.
Em breve, respostas sobre a liberdade de Britney devem sair, pois a revisão da curatela acontece judicialmente. Britney, porém, perdeu duas reuniões em 2020: uma pela pandemia de coronavírus, pois exige presença, e outra por problemas de conexão. Mas em breve devemos saber se deixarão Britney em paz.
Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição
Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025
Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções
Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja
Filho de John Lennon, Julian Lennon é diagnosticado com câncer
Megan Thee Stallion pede ordem de restrição contra Tory Lanez