<i>Fúria de Titãs</i>, de Louis Leterrier, estreia, no Brasil, nesta sexta-feira, 21 - Divulgação

Remake versão blockbuster

Apesar de surpreender em ação e efeitos especiais, Fúria de Titãs, que estreia nesta sexta-feira, 21, pode decepcionar fãs do filme original

Por Fernanda Catania Publicado em 21/05/2010, às 18h10

Quem for aos cinemas a partir desta sexta-feira, 21, animado para comparar Fúria de Titãs, de Louis Leterrier, ao original de 1981, de Desmond Davis, irá se decepcionar. Isto porque o filme, que também tem versão em 3D, não é tão satisfatório como remake quanto como blockbuster.

O início da trama é o mesmo: Perseus (Sam Worthington, o galã de Avatar) filho do todo-poderoso Zeus (Liam Neeson) com Dânae, rainha de Argos, é jogado ao mar pelo rei Acrisius, ou Calibos, (Jason Flemyng). Então, o protagonista é salvo por um pescador (Pete Postlethwaite), que o cria como seu filho e, mais tarde, é morto pelo deus do submundo Hades (Ralph Fiennes), irmão de Zeus, durante uma luta entre deuses e humanos. A partir de então esqueça o filme original.

Na nova versão, ao contrário da fantasia oitentista, o desejo principal de Perseus é vingar a morte de seu pai adotivo e não salvar a princesa Andrômeda (Alexa Davalos), questão responsável por dar o tom de romance ao filme de Desmond Davis. Leterrier, diretor do filme que chega agora aos cinemas, justificou a mudança em entrevista ao site da Rolling Stone Brasil. "Tentei encontrar um jeito de justificar a razão pela qual o herói mergulha naquela missão. Não existe uma pessoa que se apaixona e decide enfrentar tudo aquilo de repente, sabe?"

Se comparado ao clássico original de 1981, o novo roteiro acaba sendo superficial. Muitas vezes, a sensação é de que o script foi tão resumido que muitos pontos da história ficam perdidos, como é o caso da coruja de ouro que, no primeiro filme, é importante para ajudar Perseus em sua jornada. No remake, ela perde completamente sua função, aparecendo rapidamente em tom de piada interna. A importância da mitologia grega também é deixada um pouco de lado. Exemplo disso é o fato de a deusa Thetis, mãe de Acrisius, ter sido completamente eliminada. No original, é ela quem se revolta contra os humanos e coloca Perseus neste desafio. A participação de Acrisius também é praticamente inexistente: de vilão ele passa a "devoto" de Hades (que nem existe no original), e mal aparece na tela.

No entanto, três fatores essenciais da história de 30 anos atrás estão presentes: os deuses, as três bruxas, que sabem o segredo de como matar o titã Kraken (o que Perseus deve fazer para salvar a humanidade), e a medusa, que protagoniza uma das melhores e mais bem produzidas cenas do filme.

Quem não viu o original, não deve se decepcionar, já que o remake segue a fórmula de sucesso de muitos campeões de bilheteria - história simples e muita ação misturada a bons efeitos visuais. Uma coisa é certa: enquanto os adoradores de blockbuster vão querer comprar a versão em DVD para colocar na prateleira, os fãs do clássico dos anos 80 vão sentir falta dos bonecos do lendário Ray Harryhausen, mestre do stop-motion que trabalhou no filme original.

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