Macaco, músico espanhol que se apresenta na Virada Cultural neste fim de semana, em São Paulo, comenta seu estilo musical composto de misturas e o lançamento do álbum Moving
Por Stella Rodrigues
Publicado em 16/04/2011, às 12h55"Fusão sem confusão". É assim que o músico espanhol Macaco costuma definir seu estilo, que coloca na mesma panela diversos tipo de sonoridade. Filho de um baterista de jazz e uma cantora, cresceu em meio a diversos ritmos ("tínhamos muitos discos. Não tínhamos outras coisas, mas sempre tivemos discos", contou). Ao crescer, deu seu próprio sabor a todos eles, usando como base de suas composições a rumba, mas com fortes influências de dub, ska. "Eu sempre disse que as mesclas têm que ser naturais. Elas trazem coisas boas, mas tem que ser um movimento natural, de coração, sem ser forçado. É como quando você cozinha com poucos, mas bons ingredientes. Aprendi, com o tempo, que se você coloca muito tempero, você perde o sabor", explica o músico, que tem tatuado no peito os dizeres "menos é mais". Saindo das metáforas gastronômicas, complementa com ainda mais gosto que é, na verdade, um artesão que coloca as partes da música pouco a pouco, "afinal, não é United Colors of Benetton", brinca.
Macaco recebeu a reportagem do site da Rolling Stone Brasil às vésperas de sua participação na Virada Cultural (evento paulistano que começa neste sábado, 16) com um sorriso estampado no rosto de quem está de férias, fazendo o que gosta, sem qualquer estresse ou preocupação. A feição sempre contente do artista está refletida em seu discurso também, e ele diz idenfiticar esse aspecto claramente nos brasileiros. "Gosto muito dessa mente positiva que há no Brasil. De estar sempre tudo bom, tudo bem. A filosofia das minhas canções é de sempre ver o copo meio cheio. A vida te traz coisas boas e ruins, mas você pode decidir com que lente quer olhar para tudo." O músico conta que trouxe ao Brasil, para a Virada, uma versão reduzida da apresentação que costuma realizar, que inclui canções de estilos ainda mais variados, telas e projeções de imagens. Mas promete diversificar na escolha do setlist. "Gosto muito em shows que haja dinamismo, subidas e descidas, como o movimento das ondas do mar", comenta.
Misturando inglês, português, espanhol, - assim como faz em suas canções - criou uma língua própria ao explicar o disco Moving, que acaba de ser lançado no Brasil. O álbum reúne seus maiores sucessos dos cinco discos anteriores, mas muitos deles ganharam regravações com a participação de artistas de diversos países, dentre eles alguns brasileiros: B-Negão, Nação Zumbi, Marcelo D2 e Seu Jorge. "Comecei tocando na rua. Mas o público foi crescendo de cem para mil, dois mil, dez mil, como uma bola de neve. Quis celebrar toda essa gente, dar um presente aos fãs que cresceram junto comigo, [divulgando] no boca a boca, que é algo que me deixa muito feliz. Esse presente veio no formato de um trabalho com pessoas do mundo todo. Assim saiu Moving, que significa movimento, algo que caminha. E caminha no presente, não no passado ou no futuro. A filosofia das minhas letras é que a única coisa que nos pertence é o presente."
Seu Jorge participa do disco cantando ao lado de Macaco na faixa "Moving", que integra a trilha sonora da novela Morde e Assopra, da Rede Globo. Essa música, que acabou virando single, ganhou um videoclipe, produzido em parceria com o canal National Geographic. Macaco, um declarado entusiasta das causas da natureza, cedeu os direitos de sua música "Mama Tierra" para o canal trilhar o que quisesse com ela e, em troca, obteve a colaboração dele para a realização desse clipe. E não foi só o National Geographic que contribuiu para o trabalho. O vídeo é um verdadeiro jogo de "quem é quem" de celebridades, tem aparições do músico colombiano Juanes, do ator Javier Bardem (que o músico define como o novo Marlon Brando), entre muitos outros. Veja o videoclipe ao fim da matéria.
Rock in Rio
No segundo semestre, Macaco retorna ao Brasil. Ele está escalado para participar do Rock in Rio, no dia 30 de setembro. Sobe ao palco ao lado dos cariocas - e também adeptos da mistura de ritmos - do Monobloco. As duas atrações participam do conceito do palco Sunset do festival, que tem como intenção promover grandes e inusitados encontros musicais. "Eu escutei a música deles, eles escutaram a minha e todos nós gostamos", diz Macaco sobre o grupo com quem fará a performance. "Sempre gosto muito do intercâmbio. Faremos alguns ensaios ainda antes do show para buscar o caminho para nos comunicarmos lindamente."
Macaco na Virada Cultural
Madrugada de sábado, 16, para domingo, 17, às 3h
Palco São João
Grátis