Ator comenta o papel dele na cinebiografia do estilista
Renata D'Elia Publicado em 20/11/2014, às 18h09 - Atualizado em 21/11/2014, às 15h49
Considerado um dos homens mais sexies do mundo pela revista Elle, o ator Gaspard Ulliel completa 30 anos no limite da fama internacional como protagonista da cinebiografia Saint Laurent, de Bertrand Bonello, indicação da França para competir ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015. O ator conversou com o site da revista Rolling Stone Brasil durante a última edição da São Paulo Fashion Week. O filme chegou aos cinemas nacionais no último dia 13 de novembro.
Doze escândalos do mundo da moda.
Um dos maiores méritos do filme é que sua atuação não se parece com uma imitação de Yves Saint Laurent. O quanto sabia sobre ele antes de encarná-lo no cinema?
Eu tinha um conhecimento nulo sobre Saint Laurent quando fui convidado por Bertrand para fazê-lo. Anos atrás, quando filmei Paris, Eu Te Amo, de Gus Van Sant, ele mencionou a ideia de fazer um filme baseado no livro Beautiful People, de Alice Drake, e disse que adoraria me ver como o jovem estilista. Mas o projeto não foi pra frente e não pensei duas vezes quando surgiu esta segunda oportunidade. Precisei buscar do zero todas as referências possíveis antes de compor o personagem.
Por outro lado, seu pai também é estilista e você cresceu ligado ao mundo da moda, não? Como essas referências se encaixaram para a construção do personagem?
Cresci em Paris, trabalhei como modelo para a marca Chanel. Tenho uma grande ligação com a moda, mas não tenho a sensação de pertencer a este mundo. Conheci um monte de costureiros quando era criança e me lembro dos processos, desde a concepção até os vestidos ficarem prontos. O contato de Saint Laurent com os croquis acabou sendo familiar e foi como voltar aos desenhos que meu pai fazia durante a minha infância. Uma espécie de memória afetiva.
Modelos que conseguiram se estabelecer em outras áreas do entretenimento.
O filme também te deu a oportunidade de compartilhar um personagem, em idades diferentes, com o veterano Helmut Berger. Esta troca te influenciou de alguma forma?
Sim. Eu conhecia muito bem o trabalho dele nos filmes do [Luchino] Visconti. Foi genial quando Bertrand anunciou a ideia de ter nós dois como protagonistas. Acho que a evocação do cinema de Visconti remete perfeitamente ao tema da filiação, sempre presente nos filmes do Bertrand, e à questão dos fantasmas estéticos de Saint Laurent. Por uma questão de continuidade e do forte sotaque austríaco do Berger, tivemos que passar por um processo complicado de dublagem e adaptar minha voz à do personagem mais velho de maneira natural.
Há também algumas cenas eróticas protagonizadas por você e por Louis Garrel (Jacques de Bascher)...
Bertrand percebeu que os dois personagens tinham uma certa graça e, em uma noite de filmagens, sugeriu que fizéssemos uma cena de sexo que não estava no roteiro. A única coisa que pedimos é que fosse apenas uma cena, uma tomada só! Mas eu acho que saiu um lindo beijo de cinema.
Filmes que retratam o mundo da moda.
Você costuma dizer que virou ator quase por acaso, ainda na adolescência. Agora completa 30 anos na lista dos homens mais bonitos do mundo e parece que esse personagem acabou sendo um marco na sua carreira. Como se vê daqui pra frente? Acha que pode se tornar um ícone internacional?
Acho que cinema e público me percebem melhor agora. Talvez seja uma nova etapa pessoal também. Estou indo mais longe ao acessar os personagens. Não sei se vou me tornar um ícone, mas isso não pertence a mim. Difícil escolher o próximo personagem depois de uma experiência tão intensa e sinto que tenho novas exigências agora. Já recebi algumas propostas nas últimas semanas. Mas vamos ver onde isso vai dar.
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