Evento no Estádio Mineirão, em BH, reuniu quase 40 mil pessoas sob muito sol e alegria
Yolanda Reis Publicado em 02/09/2019, às 16h15
Saí da semana fria da cidade de São Paulo para encontrar um sábado de 32°C em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Troquei também os prédios cinza da metrópole paulistana, encobertos pelas nuvens do tempo fechado, por um Estádio Mineirão banhado de sol e completamente colorido pelo Festival Sarará.
O evento musical aconteceu neste sábado, 31, entre calor, multidão e muita música. Na sua 6ª edição, o Sarará promoveu um encontro de décadas musicais: estavam presentes alguns dos nomes mais relevantes do cenário musical de 2019, como Djonga, Pabllo Vittar e Duda Beat, Lagum e IZA. E mesmo assim, também havia uma parcela de veteranos: Mano Brown (dividindo palco com Djonga), Marina Lina encantando com Letrux, e a principal atração da noite, Gilberto Gil.
A maioria da plateia de quase 40 mil pessoas era jovem. Parecia que estavam ali para curtir o som de Djonga, que nasceu lá mesmo, em BH, ou ver juntas no palco Duda Beat e Pabllo Vittar. Mas mesmo depois de um dia regado a rap e pop, todo mundo ainda teve energia para cantar um samba com Gilberto.
A próxima edição do Festival Sarará já tem data marcada, também: 29 de agosto de 2020, um sábado. Até a data chegar, separamos uma visão detalhada de alguns dos shows do Festival Sarará 2019. Veja:
Nem o sol do meio-dia, nem o atraso de meia-hora e nem a falha técnica que calou o microfone de Letrux no primeiro show do Sarará foram suficientes para desanimar o público que assistia, animado, à apresentação. Como não conseguia cantar, Letícia teve que recomeçar – e o povo acompanhou. O calor forçava as pessoas a se esconderem no pouco de sombra que o palco lançava na plateia – mas apesar disso, ninguém parou de dançar um segundo enquanto a artista cantava “Vai Render.”
Na quinta música do show, Letrux chamou “a mulher que estava lá de trilha sonora em todos os momentos da minha vida”: Marina Lima. Juntas, cantaram “Puro Disfarce,” que gravaram em parceria, e ”Pra Começar,” canção de Lima. Ainda tiraram um momento para celebrar Fernanda Young, escritora falecida nesta semana. “Forever Young, a mulher cometa!” gritou Letícia. Letrux concluiu cantando “Além de Cavalos” do mesmo jeito que começou: com o microfone falhado. Mas isso quase nem importou: quem estava lá cantou alto por ela.
Djonga foi o terceiro nome da noite – tocou depois de Letrux e Silva – e entrou no palco ainda embaixo de sol forte, embora a tarde rumasse para o fim. Apresentou-se em sua cidade natal, e fez questão de lembrar disso: “BH é a minha raiz,” informou. E o povo conterrâneo o recebeu como familiar; mesmo se apresentando durante o dia, o rapper foi uma das atrações que mais empolgou a plateia. Todos cantavam em coro, respondendo à animação do astro – era possível sentir o chão de concreto tremer com todos os pulos.
E Djonga deu muito motivo para o estrondo: além de sua própria apresentação, convidou ao palco outros rappers da cena local (e que já começam a dominar o Brasil); Hot e Oreia cantaram “Eu Vou”; Zulu compareceu para versar sua parte de “Yeah,” música feita em parceria com Djonga; e a atração convidada pelo festival foi o veterano Mano Brown – juntos, cantaram “Eu Sou 157,” do Racionais’ MCs – uma ode à Ladrão, mais recente disco de Djonga.
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E ainda, mais dois momentos inusitados: “Leal” foi ilustrada por uma proposta de casamento de um dos casais da plateia e, no final do show, dois índios pataxós de Porto Seguro falaram sobre as queimadas na Amazônia – e os montes de perdas das aldeais locais. Djonga comentou com sua célebre frase: “a gente só taca fogo em racista.” E uma singela homenagem veio para encerrar o show com a performance de “Favela Vive 3," falando sobre perdas de amigos próximos.
Um sofá branco chama a atenção no palco do Lagum. E é nele que Pedro Calais, o vocalista, começa sua apresentação, sentado. Talvez para poupar energia para a explosão que veio depois – a banda apresentou-se aos pulos, com uma energia que por vezes não condizia com a calmaria de algumas canções, mas ajudou a animar todos e equilibrar os ânimos. Fizeram um pop gostoso, e a parceria com IZA pareceu natural e engajada.
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Porém, o show poderia ter um aspecto diferente que o valorizaria ainda mais – uma mudança na ordem do line-up. Isso não é do controle da banda, é claro, mas ver sua apresentação entre os shows de Djonga e Baco Exu do Blues, dois grandíssimos nomes do rap, deslocou um pouco o pop do Lagum. A plateia recebeu bem, mas a diferença dos estilos fez-se valer. Quem sabe conseguiriam melhor resposta em outro momento do Sarará.
Os dois principais palcos do Sarará ficavam um ao lado do outro – e Duda Beat apresentou-se no Transforma, ao lado direito do espaço. E, nessa hora, o lado esquerdo esvaziou. A animação para a junção Duda Beat e Pabllo Vittar era tangível – camisetas, bandeiras, chororô. E as duas entregaram o show prometido de modo impecável. A começar pela entrada triunfal de Duda Beat – usava um vestido brilhante em branco e vermelho, o rosto envolto por um véu enfeitado com corações cintilantes. E logo começou a cantar, e sua voz potente ecoava e encantava. Animada e expressiva, fez a plateia dançar coreografias em sincronia.
E então, a entrada de Pabllo. Triunfal, animada – parecendo melhor amiga de todos ali. Principalmente de Duda. Mais parecia que as duas cantam juntas todos os dias, tamanha cumplicidade. E a animação tomou conta – incansáveis, pularam e interagiram bastante entre si e com o público, tudo isso enquanto cantavam sobre sofrimentos e desilusões amorosas. Mas no fim, são definitivamente o tipo de amiga que você gostaria de ter ao lado em qualquer momento.
Quer ver um bando de jovens alternativos e engajados à moda atual dançar um xote, samba e reggae? Coloca Gilberto Gil para tocar. O veterano da música brasileira encerrou a noite no Sarará, e apresentou-se para uma plateia na qual a maioria tinha menos anos de idade do que Gil tem de carreira. Mas isso não fez a mínima diferença.
Desde o ínicio do show, com clássicos como “A Novidade” e “Não Chore Mais,” até o xote de “Esperando na Janela” e o samba de “Aquele Abraço,” Gil fez todos os presentes dançarem e cantarem muito. Deixa aproveitada pelo músico, que animado puxava as sílabas e palavras repetidas marcantes de suas músicas, as quais todos tinham na ponta da língua. E apesar da noite conturbada para Gil – sua ex-esposa, Belina Moreira, morreu de câncer poucas horas antes da apresentação – o artista de 77 anos representou, e cantou o tempo inteiro com um sorriso no rosto.
Então depois de um dia cheio de novidades animadas como Letrux, Djonga, Duda Beat e Pabllo Vittar, Lagum e IZA, e muito rap e pop, Gilberto Gil fez as honras de resgatar um pouco da MPB e mostrar que, mesmo em 2019, ainda é uma música bem popular entre os brasileiros.
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