Com foco em injustiças raciais e Covid-19, o vídeo concorre à categoria Melhor Clipe na premiação
Mariana Pastorello | @mari.pastorello (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 23/02/2021, às 14h13
Anderson .Paak, rapper, compositor e produtor musical conseguiu explorar - mais uma vez -sua habilidade musical e talento para produção de alta qualidade. Em junho de 2020, lançou o clipe para "Lockdown". Concorre como Clipe do Ano no Grammy 2021.
O vídeo começa com uma animação. A frase "Black Lives Matter" domina a tela. Na sequência, Paak aparece com amigos em uma lanchonete, sentados um ao lado do outro. A testa do cantor está machucada e incomoda, o sangue escorre. Nos faz pensar ser fruto dos protestos contra o assasinato de George Floyd, morto por um policial em junho de 2020 nos EUA.
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O rosto de Paak preenche a tela. Desabafa para câmera: “O tempo cura mas você está sem tempo agora / o juiz tem que nos assistir da torre do relógio / gás lacrimogêneo limpou todo o lugar / tentávamos protestar mas os incêndios eclodiram.” Retrata um pouco dos protestos. Ao levantar, se olha indignado no espelho, recebe o abraço de uma amiga e sai da lanchonete. Descarrega seu descontentamento ao chutar uma lata de lixo.
Em seguida, todos saem da lanchonete e navegam pelas ruas vazias de Los Angeles até uma loja de conveniência. Lá, o rapper Jay Rock desabafa com a cantora Syd - o trecho lembra o filme Moonlight (2016) de Barry Jenkins.
Em toda narrativa do vídeo, Paak está abalado. Incorpora suas vivências pessoais e nítida frustração em relação a temas como Covid-19, injustiças raciais, desemprego e a negligência policial nos Estados Unidos.
O rapper mostra-se atento ao mundo. Manifesta sentimentos e pensamentos profundos no soul e hip-hop. Exemplo disso é o verso: “Quando nos revoltamos, temos opiniões vindas de um lugar privilegiado/ Mais do que o COVID, como o fizeram no chão / Falando no COVID, ainda está por aí?/ Porque jogam fora vidas negras como toalhas de papel / Matou um homem em um dia amplo, pode nunca ver um julgamento”
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No final, Paak se separa dos amigos e caminha sozinho. Linhas de baixo evidentes, típicas do R&B, marcam seus passos. Aqui, alguns elementos clássicos do rap aparecem: os versos recitados e a crítica social. Chega em casa, um ambiente tênue e levemente iluminado, bebe algo, toca piano e vê o filho, Soul Rasheed. Dão as mãos e vão para o sofá assistir TV.
Paak abraça Rasheed, emocionado, e suas lágrimas se transformam em uma animação. Na tela, os nomes de muitos outros alvos de ações policiais nos EUA: George Floyd, Breonna Taylor, Rayshard Brooks, muitos mais. Lembram a instatisfação e ódio de grande parte da população em frente à essa realidade.
No geral, o clipe tem tom de repulsa. Ao assumir parte de sua trajetória pessoal, Paak busca sensibilizar as pessoas em relação a temas sociais, misturando seu estilo musical versátil e despojado com críticas muito bem pontuadas.
No Grammy 20201, concorre nas categorias Melhor Clipe e Melhor Colaboração de Rap, ambas com a música "Lockdown." O vídeo é parceria com o diretor Dave Meyers e os artistas Jay Rock, Andra Day, Syd, da banda The Internet, Sir, Dominic Fike, entre outros.
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