Billie Joe Armstrong estava desesperado para achar um novo som. Precisou ir às suas raízes do rock para encontrá-lo
Patrick Doyle, Rolling Stone EUA Publicado em 21/09/2019, às 15h00
“Sabia que queria fazer alguma coisa diferente,” diz Billie Joe Armstrong. Fala sobre a sua busca por uma nova música depois do lançamento de Revolution Radio (2016), o disco no qual Green Day voltou ao rumo depois de um período conturbado na carreira.
Armstrong queria encontrar uma maneira de incorporar a fase de soul-music que passava, e ela variava de Smokey Robinson a Amy Winehouse.
“Sempre amei a música mod da Inglaterra dos anos 1960, mas eu queria ir direto à fonte e ver se eu conseguia colocar soul no filtro do Green Day”, comentou. “[Construir isso] foi bastante tentativa-e-erro, e bastante eu arrancando a p**** dos meus cabelos.”
De repente, aconteceu: Billie Joe estava em casa, na Califórnia, tocando com o baterista do Green Day (Tre Cool), quando ele começou a tocar “uma batida ousada”. Armstrong pensou no nome: “Father of All Motherfuckers,” que definiu como “estilo-anos-60-dançante” que mostra ele forçando sua voz em falsetto à la Prince.
“Eu disse para o meu engenheiro de som: ‘eu talvez soe como um idiota, mas me acompanha,” disse Armstrong. A música, afirmou, “foi como um unicórnio caindo dos céus: ‘eu não sei o que é isso, nem como fiz, mas quero fazer mais.” A faixa deu seu nome ao novo disco do Green Day, Father of All…, com lançamento previsto para o dia 7 de fevereiro; o álbum mostrará a banda experimentando com um groove dançante, riffs metálicos e um som que poderia ser tanto New Wave quanto um R&B bem vintage.
“O Billie estava se forçando a chegar a um novo lugar,” disse o baixista Mike Dirnt. “Ele precisava concluir isso. Mas isso não é extraordinário, porque ninguém insiste mais do que o Billie.” Dirnt afirmou que algumas músicas são fiéis ao seu som punk de nascença, também: ele descreve as novas músicas “Meet Me on the Roof” e “Junkies on a High” como “o Green Day com todas as forças.”
Houve algo que não influenciou Father of All…? Donald Trump. Mesmo que o Green Day deva ao segundo mandato de Bush o multiplatina de American Idiot (2004), Dirnt explicou: “Não queríamos dar a um pedaço de bosta que nem o Trump mais atenção do que merece. Já teve os 15 minutos dele, que se f***.”
O novo caminho do Green Day deixa claro que ainda se veem como mestres no cenário do pop, mesmo 25 anos depois do lançamento de seu primeiro sucesso, Dookie. Enquanto rumores indicavam que o Green Day queria celebrar o aniversário do disco com uma turnê na qual o tocariam na íntegra, não vai acontecer: “Seriam shows bem curtos,” comentou Dirnt.
No lugar de uma turnê de Dookie, o Green Day vai lançar novo material na Hella Mega Tour, que fará em conjunto com o Weezer e o Fall Out Boy. “Tocar em estádios é ótimo de qualquer maneira”, animou-se Billie Joe. “Mas queríamos ter o que seria a maior turnê de rock do ano. Na turnê, será a primeira vez em que o Green Day vai tocar com o Fall Out Boy, banda que os introduziu ao Hall da Fama do Rock em 2015, e disseram que Dookie foi a principal razão deles terem feito uma banda.
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O trio de veteranos do punk vai fechar todos os shows da turnê, mas sua carreira é tão antiga quanto a de Weezer; ambos explodiram na era pós-Nirvana da música. “Conheço Rivers [Cuomo] desde, tipo, 1994,” disse Billie Joe. “Meio que surgimos ao mesmo tempo, então vai ser demais.”
Os 33 anos de carreira do Green Day fizeram a banda pensar mais do que o normal em seu legado. Outro dia, Dirnt viu uma foto tirada por Danny Clinch no Woodstock ‘94: o trio estava no backstage, coberto de lama. Dirnt está radiante enquanto um Armstrong de cabelo azul e carinha de bebê segura uma cerveja.
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“Foi como fechar um ciclo: e, cara, que ciclo louco,” comentou o baixista. “Como ainda estou na vertical e fazendo o que considero a melhor música da minha carreira, eu não sei. Fico surpreso com isso o tempo todo, mas ainda tenho a vontade e ainda quero quebrar tudo.”
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