Cerca de 20 mil pessoas participaram do show realizado pelo grupo na quarta, 20, na Arena Anhembi
Por Stella Rodrigues Publicado em 21/10/2010, às 11h24
Fazia mais de uma década que o Green Day não passava pelo Brasil. Mas quando o trio resolveu voltar, trouxe para cá um show que vai ficar na cabeça dos fãs por pelo menos mais 12 anos. Depois de passar por Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília, o Green Day desembarcou em São Paulo para matar a saudade de quem já tinha visto a banda ao vivo e fazer a alegria daqueles que realizaram o sonho de estar em uma apresentação deles pela primeira vez - entre veteranos e novatos, 20 mil pessoas participaram. Sim, "participar" é o verbo, porque nas três horas de celebração sonora que Billie Joe Armstrong (vocalista e guitarrista), Tré Cool (baterista), Mike Dirnt (baixista) e os três músicos de apoio promoveram na quarta, 20, na Arena Anhembi, em São Paulo, a barreira que há entre palco/plateia sumiu diversas vezes. Liderados pelo incansável Billie Joe, os artistas pularam, tocaram covers, vestiram fantasias, comandaram espetáculos pirotécnicos e explosões: enfim, um verdadeiro circo punk com ares de superprodução.
A apresentação foi introduzida pelo já conhecido coelho rosa, uma pessoa fantasiada que serve como uma espécie de animador de auditório enquanto não chega a hora do show. Em seguida, por volta das 21h30, trinta minutos antes do estipulado, o trecho de "Do You Remember Rock 'n' Roll Radio?", dos Ramones, que saiu das caixas de som indicou aos fãs que já conheciam a programação dos shows realizados nesta turnê - seguida praticamente à risca em São Paulo - que havia chegado a hora. O Green Day subiu ao palco para iniciar a festa sob chuva de gritos e muitas lágrimas.
Logo de cara, "21st Century Breakdown", single que dá nome à turnê e ao disco mais recente do grupo, deu o tom da noite. Em coro, o público mostrou que conhecia os trabalhos mais recentes do grupo. As demonstrações de carinho mútuo começaram assim que os integrantes colocaram os pés no palco e não cessaram em nenhum momento. De um lado, idolatria com ápices de histeria coletiva. Do outro, o bom humor e a disposição da atração liderada por Billie Joe, que aos 38 anos mostrou-se dono de um pique inesgotável e de todas as habilidades que um showman poderia querer. Ele bajulava o público da capital paulista sempre que tinha oportunidade: "Odeio a América, nós vamos mudar para São Paulo", declarou em um dos momentos em que rasgou elogios aos paulistanos. Em diversas ocasiões, alterava a letra das canções para incluir a cidade de São Paulo. Esse derretimento todo pelos brasileiros fez parte também das outras três apresentações deles em solo nacional, e de forma bastante parecida - mas isso não parecia importar muito e o público delirou a cada novo elogio.
A primeira participação de um membro da audiência em cima do palco aconteceu durante a execução de "East Jesus Nowhere". Uma criança foi chamada ao palco para conversar com o vocalista e se jogar no chão durante uma das muitas explosões barulhentas que fazem parte do show. Enquanto isso, rodas de pogo, cantoria, braços para o alto: o público obedecia a cada comando decretado pelo mestre Billie Joe.
O setlist seguiu com "Holiday", do disco American Idiot, a comemorada "Nice Guys Finish Last", de Nimrod, e "Give Me Novacaine", também de American Idiot, que empolgaram e mostraram que nem só de Dookie (1994), disco que levou o Green Day ao sucesso, vive a banda. É claro que a comoção que tomou conta do lugar com "When I Come Around" e "Basket Case" foi de estourar os tímpanos, mas as novas gerações, que conheceram e se apaixonaram pelo trio californiano já na fase de American Idiot, estavam misturadas aos fãs "old school", que acompanharam a escalada para a fama do grupo nos anos 90.
Outro momento de destaque do show foi durante uma das vezes em que um fã foi chamado ao palco. Billie Joe, que já havia recebido um beijo de uma fã, ganhou outro selinho do garoto que protagonizou o momento "nasce uma estrela" da noite. Era para ele somente cantar a letra de "Longview", como os outros escolhidos fizeram nos shows pelo resto do mundo, mas o espevitado garoto virou o palco de cabeça para baixo, interagiu com todos os músicos, tocou bateria, correu para lá e para cá até cansar. Ganhou de Billie Joe o título de melhor cantor da turnê. Repetindo o agrado que fez aos participantes em outras ocasiões, o líder da banda presenteou o sortudo com sua guitarra, matando muita gente de inveja. Ele não foi o único a ir embora com um souvenir: usando uma espécie de "metralhadora de pressão", o frontman disparou camisetas por toda a extensão da Arena Anhembi.
Fonte inesgotável de energia, a banda mandou em seguida três hits. A energia foi de abalar as estruturas do local: "Basket Case", "She" e "King For a Day". Logo depois, o clima de festa estabelecido desde o começo se fez ainda mais presente: os músicos se fantasiaram, colocaram peruca, óculos (aquelas fantasias de pista de dança de formatura) e passaram uns bons minutos só brincando com a plateia e entre eles.
A farra teve ainda medley de clássicos, em dois momentos diferentes. De ídolos, eles se transformaram em fãs e mandaram algumas das músicas que fazem parte da formação de qualquer roqueiro: "Sweet Child o' Mine" (Guns N' Roses) e "Highway to Hell" (AC/DC) foram algumas delas.
"21 Guns" e "Minority", ambas berradas em coro, fecharam o show antes do bis, que foi generoso. Trouxe "American Idiot", "Jesus of Suburbia" e "Whatsername", para começar. Só então, depois de quase três horas, o espetáculo deu uma leve acalmada. Billie Joe assumiu o violão em uma porção menos agitada do show - necessária para desacelerar os corações após tanta ginástica. O espetáculo acabou de clima de "isqueiros no ar" e mais dois hits. Primeiro, "Wake Me Up When September Ends" e a canção que, ao dizer algo como "espero que tenha se divertido como nunca", parece ter sido escrita especialmente para encerrar uma apresentação que se encaixa perfeitamente no termo "apoteótico": "Good Riddance (Time of Your Life)".
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