“Gosto de tocar com quem não toquei, gosto de participar de coisas dos outros, gosto que os outros participem das coisas que eu faço", diz ele
Lucas Borges Publicado em 23/03/2015, às 12h39 - Atualizado às 12h43
A ideia de “promiscuidade musical” guiou Martin no primeiro trabalho declaradamente solo do guitarrista, Quando um Não Quer, lançado no final de 2014. Declaradamente” porque em Dezenove Vezes Amor (2010) ele dividiu os créditos com Duda Machado, baterista e companheiro de Martin há mais de dez anos na banda da cantora Pitty. Hoje, o músico reflete que o trabalho de quatro anos atrás é ainda mais autoral que o recente, mas mesmo assim ele optou por compartilhar a autoria, à época. O motivo? “Covardia”, diz Martin. “Gravei quase tudo, mas não me sentia à vontade para assinar.”
Desta vez, o guitarrista está bem relaxado. A falta de pudor nas parcerias permitiu que ele convidasse amigos e desconhecidos para gravar. Foram 17 participações, no total. “Gosto de tocar com quem não toquei, gosto de participar de coisas dos outros, gosto que os outros participem das coisas que eu faço.”
O baixista Guilherme Almeida (outro colaborador de Pitty), o guitarrista Guri Assis Brasil e o baterista Thiago Guerra, do Fresno, formaram a base, mas não houve espaço para estruturas convencionais. “Queria uma banda que reagisse às músicas, queria que os arranjos pintassem naturalmente”, explica.
Edição 93: Entrevista RS – Pitty.
“[O registro da] faixa ‘Algum Lugar’, por exemplo, é um take zero”, ele continua. “Tocamos uma vez para o Pupillo [baterista da Nação Zumbi] entender. Quando terminou, o Chuck Hipolitho [do Vespas Mandarinas e dono do Costella, estúdio onde aconteceram as gravações] disse que ‘se recusava a fazer outra’. Essas participações serviram para tirar a gente da zona de conforto.”
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Na letra de “Mesmo”, primeiro single (com vocal de Pitty), o baiano quebrou a cabeça para encontrar as palavras e resolveu convocar Lirinha, ex-Cordel do Fogo Encantado, para a missão. Para Martin, o resultado foi mais que satisfatório e rendeu até uma homenagem inconsciente a um ídolo em comum. “Achei que ele tinha citado o Frusciante para fazer graça comigo. Mas não! O filho dele até se chama João e tem apelido de John Frusciante.”
Ocupado com a agenda lotada da atual turnê de Pitty, o artista ainda não sabe quando cairá na estrada em carreira solo. “Deixo a vida me levar”, encerra.
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