Como a vocalista se reconectou com Pharrell Williams, descobriu os emojis e fez a carreira solo pegar no tranco
Por Patrick Doyle - Tradução: Ana Ban Publicado em 29/12/2014, às 15h37 - Atualizado às 16h15
“Passei alguns anos difíceis”, diz Gwen Stefani ao pensar nas sessões de gravação de Push and Shove, o álbum de 2012 do No Doubt. Era o primeiro LP da banda em 11 anos e Gwen gravou boa parte dele enquanto o marido dela, Gavin Rossdale, estava em turnê com o Bush, que tinha acabado de se reunir – e, assim, ela ficou sozinha para dar cuidar dos filhos Kingston e Zuma, hoje com 8 e 6 anos, respectivamente. “Eu arrumava os meninos para a escola, depois os deixava lá, ia para o estúdio e tinha que estar em casa para fazer jantar.” O disco não emplacou nenhum sucesso e a banda não fez turnê depois do lançamento. “Fico triste por não ter dado liga”, desabafa.
Cera nos ouvidos: uma seleção de músicas que quase sempre são cantadas erradas.
Aos 45 anos de idade, Gwen Stefani canalizou todo esse turbilhão no novo álbum solo (que chega às lojas em 2015), o primeiro desde The Sweet Escape, de 2006. Fazia anos que ela pensava em retomar a carreira solo, mas lutava para compor material que se equiparasse a hits como “Hollaback Girl”, de 2004. “Eu não ressuscitaria as garotas Harajuku”, ela diz, referindo-se às antigas dançarinas japonesas que participaram do clipe da canção. “Eu fiquei sem ideias, mas não gosto de apostar em receitas prontas. Depois de um tempo, você passa a competir consigo mesma.”
Relembre o clipe de “Hollaback Girl”:
A cantora coloca o nascimento do terceiro filho dela, Apollo, em fevereiro deste ano, como o ponto de mutação. Depois de uma gravidez difícil, “Eu vomitava o tempo todo e não conseguia fazer nada”, ela se tornou uma das juradas do programa de talentos musicais The Voice. A entrada na atração televisiva, em parte, foi para ficar próxima de Pharrell Williams, que ajudou a compor e produzir vários dos sucessos dela. Williams estava determinado a levar Gwen de volta ao estúdio. “Estava na hora dela realmente se expressar e não ter um monte de gente dizendo a ela o que fazer”, conta o produtor. “Eu ergui o espelho e [disse]: ‘Sabe quem está aí? Sabe quanta gente respeita esta pessoa?’. Quanto mais ela foi enxergando, mais fundo penetrou e as coisas mais malucas vieram à tona.”
Carreiras solo: vale a pena seguir sozinho?
Eles gravaram duas músicas: “Spark the Fire”, uma faixa dance-pop e uma canção mais punk, em que Stefani canta sobre emojis. “Eu falei: ‘Ai meu Deus, é a evolução do que eu fiz antes’, conta. Depois disso, Gwen Stefani começou a gravar na sala de casa com o produtor Benny Blanco. “Ela é um livro aberto”, elogia Blanco. “Ela é uma super-heroína, mas tem vulnerabilidade ali.” A cantora também compôs com jovens criadores de sucessos como Calvin Harris e Charli XCX: “Geralmente, eu não tenho vontade de trabalhar com outras compositoras mulheres – mas ela tem a minha vibe”. “Até as pessoas mais importantes [com quem ela trabalhou] ficaram vidradas”, diz Blanco.
Ouça o single “Spark the Fire” abaixo:
A maior parte do álbum ficou pronta sem seis meses – uma rapidez fora do comum para Gwen, tão obsessiva. “É viciante”, ela diz. “Posso lançar isto e fazer outro álbum do No Doubt.” Ela provavelmente não fará uma turnê de divulgação do disco, mas já está trabalhando com a banda. Com produção de Pharrell, Gwen Stefani gravou uma canção ao lado do No Doubt para a trilha sonora do filme As Aventuras de Paddington e tem apresentações marcadas ao lado do grupo em festivais no verão. “Estou chocada por as pessoas ainda se importarem”, diz. “Fazer mais um álbum solo, gravar músicas do No Doubt, participar de The Voice e ter três filhos, tudo de uma vez só, simplesmente é algo que eu nunca conseguiria imaginar”, finaliza.
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