- Daft Punk (Foto: Karl Walter/Getty Images)

Como Daft Punk alcançou maturidade eletrônica com o disco Discovery há 20 anos [REVIEW]

No mesmo ano do término da dupla, relembramos o segundo lançamento dos DJs, que contém hits como "One More Time" e "Digital Love"

Marina Sakai | @marinasakai_ (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 01/03/2021, às 19h21

Discovery significa descoberta em inglês. É o título perfeito para o segundo disco do Daft Punk. Lançado em 2001, serviu de referência para a música eletrônica dos dias de hoje e, ao mesmo tempo, vai além dela ao descobrir a mistura harmônica entre os gêneros dance, house, disco e uma pitada de rock.

Em fevereiro deste ano, Discovery completou 20 anos. O mês também foi marcado pela separação da dupla composta pelos franceses Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo - dos capacetes prateado e dourado, respectivamente. A notícia do fim após 28 anos de carreira abalou não só os fãs, mas quem reconhece o duo como uma das atrações mais influentes do gênero.

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Discovery é uma versão amadurecida de Homework (1997), disco de estreia da banda. Muito disso se deve à evolução tecnológica da virada do século, a qual possibilitou novos sons e diferentes formas de masterizar, mixar, usar samples e sintetizadores.

A abertura do disco chama a atenção por si só. O começo de “One More Time” é composto por samples de “More Spell on You” de Eddie Johns, reordenados e repetidos para formar uma nova melodia.


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Este não foi o único sample perfeitamente encaixado pelos DJs. "Digital Love” contém trecho de “I Love You More”, de George Duke, e mostra a influência de funk, soul e jazz na essência de Daft Punk. “Harder, Better, Faster, Stronger” também é fruto de uma seção de “Cola Bottle Baby” de Edwin Birdsong, (continuando o ciclo, foi usada como sample por Kanye West em um de seus maiores sucessos, “Stronger.”)

A proposta de fazer música eletrônica para quem quer apreciar um trabalho completo, não apenas singles, é interessante. Contudo, ao longo dos anos, o comum é revisitar as principais faixas do disco, ao invés de ouvi-lo do começo ao fim. Isso é completamente compreensível, “One More Time” e “Digital Love” são um prazer sonoro comparadas às outras canções.

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Ainda no "lado A" do disco, “Harder, Better, Faster, Stronger,” tem muitas quebras rítmicas. É um ótimo exemplo de como ecoar a mesma letra e mudar filtros, ritmos, instrumentos e texturas para manter o ouvinte interessado.


Algumas das faixas da segunda metade do álbum saem por uma tangente experimental e fica mais fácil perder o interesse, especialmente quando a mesma sequência é repetida pela quadragésima vez. (Vemos isso, por exemplo, em "High Life" e "Voyager").

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Muitas canções, apesar de serem dance music, não são dançantes. É um álbum denso no geral e chega a ficar cansativo em alguns pontos por repetição de letras e sons. “Too Long”, a última música, faz uma brincadeira com o próprio título, pois tem 10 minutos e repete as mesmas frases.

Algumas músicas fogem deste padrão. Faixas mais lentas como “Something About Us” tendem a ser mais dinâmicas em variedade, e esta em especial, parece pertencer a outra composição. "Veridis Quo”, com quase seis minutos, sintetizadores suaves e batida constante, foi feita para aquelas playlists de músicas as quais dão a sensação de flutuar. Outro ponto positivo foi o baixo, responsável pela maioria dos graves do álbum, muito bem gravado e mixado, é gostoso de ouvir.

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É fácil perceber a qualidade da produção em Discovery. A obra contém momentos característicos de um dos melhores trabalhos de música eletrônica dos anos 2000 e algumas das faixas podem realmente te transportar. Apesar das partes não tão ótimas, ainda é uma boa recomendação, especialmente pela nostalgia de relembrar os primeiros hits da carreira do Daft Punk.


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