Das festas de formatura aos shows mais sérios, todo mundo pega um pouco emprestado do repertório de Sinatra
Paulo Cavalcanti Publicado em 14/05/2018, às 21h48 - Atualizado às 22h51
No dia 14 de maio de 1998 morria, as 82 anos, o cantor Frank Sinatra. Ele sofreu um ataque cardíaco no Cedars-Sinai Medical Center, onde estava internado. Não foi nada inesperado ou chocante. Sinatra já estava enfermo havia algum tempo e tinha abandonado os palcos. Naturalmente, o mundo prestou as honrarias e homenagens de praxe ao veterano cantor que partia. Mas comparado a tudo o que acontece hoje em dia, foi algo sóbrio e solene. Ainda não existiam redes sociais para repercutir o fato até ninguém aguentar mais. A morte dele não passou despercebida, é claro, mas se chocou com o final da série Seinfeld, que foi ao ar na mesma noite. Se para uma parte do público Seinfeld parecia importar mais, para os mais velhos a morte de Frank Sinatra decretou o término da cultura do século 20.
Francis Albert Sinatra nasceu no dia 12 de dezembro de 1915, em Hoboken, Nova Jersey. O futuro crooner foi um produto de uma época em que os Estados Unidos mudavam rapidamente, quando filhos de imigrantes como ele eram moldados por eventos como a Lei Seca e a Grande Depressão. O show business e a cultura de massa como a conhecemos tomaram forma na década de 1920 do século 20, com a popularização do rádio e do cinema e com o surgimento da indústria fonográfica. O jazz, que é considerado o primeiro gênero de música moderna, também apareceu naquela época. Sinatra era fã e discípulo de Al Jolson, Louis Armstrong e Bing Crosby, os primeiros grandes ídolos de massa da música.
O jovem crooner despontou na era das big bands, cantando com as orquestras de Harry James e Tommy Dorsey. Quando se lançou solo, pela Columbia Records, em 1941, era um momento em que os Estados Unidos entravam na Segunda Guerra Mundial. Sinatra causava histeria nas garotas solitárias, saudosas dos maridos e namorados que lutavam na Europa e no Oriente. The Voice, como passou a ser chamado, se tornou um grande astro na música e no cinema. Logo passou a ser o intérprete definitivo das canções de mestres como Cole Porter, Jerome Kern, Johnny Mercer, Irving Berlin, os irmãos George e Ira Gershwin e muitos outros.
Após o conflito, escolhas profissionais duvidosas fizeram com que a carreira dele fosse aos poucos decaindo. Depois de um período terrível, quando ele vivia em pé de guerra com a imprensa e vivia um relacionamento difícil com a atriz Ava Gardner, Sinatra deu a volta por cima em 1953. Ganhou um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pela brilhante atuação em A Um Passo da Eternidade e assinou com a Capitol Records, na qual firmou uma profícua parceria com o maestro e arranjador Nelson Riddle. Lá, gravou obras-primas como In The Wee Small Hours, Frank Sinatra Sings For Only The Lonely, A Swingin’ Affair! e Songs For Swingin’ Lovers!.
Ele era um homem poderoso e de enorme fortuna, o poderoso chefão de Las Vegas e Hollywood. Também era líder do Rat Pack, uma confraria de amigos farristas e beberrões, que também tinha em seu bojo Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford, Joey Bishop e outros. Juntos, fizeram em 1960 Onze Homens e um Segredo, um filme tão icônico que este ano até ganhou mais um spin-off com elenco totalmente feminino.
A busca pelo poder pessoal fez com que Sinatra estabelecesse alianças questionáveis no submundo e dentro da Casa Branca. Mas artisticamente ele seguia imbatível. O surgimento de Elvis Presley e do rock and roll a princípio não abalou o cantor. Quando os Beatles explodiram mundialmente em 1964, ele ainda estava de pé e lutando; em 1966, chegou ao primeiro lugar com “Strangers in The Night”. The Voice sempre se reinventava: em 1967 gravou ao lado do brasileiro Tom Jobim um álbum que virou clássico e colocou a bossa nova outra vez no radar da música mundial.
Sinatra desdenhava do imenso hit “My Way”, que lançou em 1968: “Uma musiquinha do Paul Anka que virou o hino nacional”, ele falava. Mas a mensagem de “My Way”, um misto de provocação, orgulho e arrogância, em que ele se gabava de “fazer as coisas do meu jeito”, definiu a essência do Sinatra de meia-idade.
As gerações mais novas hoje se lembram do Sinatra última dessa fase como um monólito da cultura dos Estados Unidos. Ele era “Os Velhos Olhos Azuis”, um senhor grisalho trajando smoking e entoando de forma triunfante “Theme From New York, New York”. Enquanto vivo, Sinatra, a celebridade, preencheu várias páginas de tabloides com suas brigas, suposto envolvimento com a Máfia e casos amorosos. Ele partiu há exatos 20 anos, mas a música ficou. Sinatra aprendeu e depois ensinou muito sobre solidão, sofrimento e decepções. As interpretações definitivas dele para os grandes clássicos do cancioneiro norte-americano ainda ressoam com beleza e sabedoria. Enquanto existirem pessoas solitárias sofrendo por amor, enchendo a cara, envoltas em fumaça de cigarro e enfrentando as horas arrastadas da madrugada, a voz de Frank Sinatra ainda vai ser reconfortante.
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