Propagandas do álbum lançado em abril de 1976 mostrava mulher amarrada ao teto e coberta de hematomas
Yolanda Reis Publicado em 19/04/2019, às 11h00
Durante a década de 1970, diversas influências do movimento de contracultura colhiam resultados. Entre estes, estava o crescimento do movimento feminista por todo o mundo, e principalmente nos Estados Unidos e Europa.
Por isso, uma das propagandas do Black and Blue, álbum dos Rolling Stones lançado em abril de 1976, causou revolta e indignação ao ser transformada em um outdoor na Sunset Boulevard, em Hollywood. A avenida era conhecida pela sua vida noturna jovem e agitada - semelhante à Rua Augusta, em São Paulo.
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A imagem do outdoor era bastante sexista e violenta: uma mulher amarrada e pendurada no teto, coberta de hematomas em tons azulados e escuros, sentada de pernas abertas em cima de uma imagem da capa do disco. A legenda era, se é possível, ainda pior: “I am 'Black and Blue' for the Rolling Stones - and I love it!”. Em português, “eu estou preta e azul pelos Rolling Stones - e eu amo isso!”.
Logo que o outdoor principal foi montado as pessoas ficaram chocadas com o conteúdo. O movimento Women Against Violence Against Women (em português, Mulheres Contra a Violência Contra Mulheres), ou WAVAW, resolveu tomar uma ação e publicou uma carta de repúdio em publicação própria, em 21 de abril de 1976.
“Essa campanha explora e sensacionaliza a violência contra a mulher com o propósito único de vender discos. A propaganda contribúi para o mito que mulheres gostam de apanhar e condiz com uma atitude de permissão para a brutalização de mulheres”, escreveram no manifesto.
Alguns meses depois, a revista Mother Jones falou sobre o assunto. Replicaram parte da carta e descreveram a ação direta de destruir o cartaz feita pelo movimento feminista. “Isso é um crime contra as mulheres!”, escreveram em tinta vermelho sangue. Ao lado do logo da banda, também desenharam o símbolo do feminino com uma mão fechada em punho. O tom não era lisonjeiro com as mulheres.
A Rolling Stone EUA, na época, reproduziu uma foto do cartaz já pixado, o que levou a revolta das manifestantes à nivel nacional e agregou diversos outros coletivos feministas na luta. O pedido era claro: um boicote à Warner, Elektra e Atlantic Records por “falhar em responder às demandas que pedem pelo fim de imagens de violência contra a mulher e violência sexual”, conforme dizia manifesto também publicado pela WAVAM.
O cartaz foi removido depois de alguns dias da publicação da carta, e a campanha suspensa de outdoors - mas não cancelada. A Warner ignorou os apelos dos grupos e manteve a imagem em alguns pôsteres e propagandas de revistas.
A batalha e o boicote duraram três anos. No final, a Warner aceitou os termos da carta enviada pela WAVAM. Eles concordaram em não criar mais campanhas publicitárias envolvendo uma visão neutra ou positiva da violência contra mulheres, e aceitaram o oferecimento da WAVAM de ministrar um curso para os seus funcionários, no qual falaram de sensibilidade e violência contra mulheres.
Veja a imagem:
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