Frejat no <b>Rolling Stone Festival</b> - Marcos Hermes

Há oito anos sem lançar disco de inéditas, Frejat revela planos futuros

No Rolling Stone Festival, ex-guitarrista do Barão Vermelho aponta incertezas com formato e distribuição nos dias de hoje como principal razão da “seca”

Lucas Brêda Publicado em 06/12/2016, às 19h58 - Atualizado às 20h24

Pouco depois de se apresentar no palco principal do Rolling Stone Festival, Frejat surgiu nos camarins do evento, vestindo uma camiseta com a capa do renegado disco Time Fades Away, de Neil Young. “Você sabe que ele não gosta desse álbum, né?”, comentou o ex-Barão Vermelho. “Foi um suicídio artístico, porque ele estava ‘estourado’ com Harvest e lançou um disco ao vivo de músicas inéditas.”

De fato, quando Time Fades Away saiu, em 1973, um ano depois do muito bem sucedido Harvest, o músico canadense deu início ao que ficou conhecida como a “trilogia suja” – ou “ditch trilogy” –, que teria ainda os tristes e intensos álbuns Tonight's the Night (1975) e On the Beach (1974). A conversa sobre Neil Young, contudo, revelou que Frejat tem mais diferenças do que semelhanças com o canadense.

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“Nós somos bem diferentes”, disse Frejat, soltando uma longa risada em seguida. A frase veio depois do comentário de que Young, até hoje, continua lançando discos quase de maneira anual – às vezes, como em 2016, dois por ano –, enquanto o último trabalho de inéditas de Frejat, Intimidade Entre Estranhos, saiu em 2008. “Na verdade, durante muito tempo, fiquei pensando sobre questões de formato e isso me impediu de seguir em frente.”

“Mais no sentido de preparar um trabalho e me planejar para fazer um trabalho”, acrescenta o ex-Barão Vermelho, que este ano lançou uma coletânea com o nome 2016. “Eu sou um artista independente há uns anos. Meu último álbum, apesar de distribuído pela Warner, foi feito praticamente por mim. Então tudo depende da minha maneira de fazer, não tenho contrato. E aí entra a questão de não saber o formato, o padrão de consumo, e isso me deixou inseguro de fazer alguma coisa que ficasse meio largada, perdida no espaço.”

Frejat é um dos militantes da música brasileira em relação aos direitos autorais, tendo participado de reuniões e encontros e até escrito artigos sobre a questão. “É assim: hoje você lança um DVD, mas onde você compra um DVD?”, analisa. “As pessoas vão ver pela TV a cabo, ou pay-per-view, ou um Apple TV, Net Now, Netflix. Então, para que você vai preparar um produto físico e não ter lugar para desaguar? Fiquei pensando sobre a validade de fazer um disco, quando posso fazer as músicas soltas.”

Desde 2010, Frejat já lançou de maneira esporádica quatro músicas inéditas. “Tenho algumas coisas que estão arquivadas, músicas que eu tocava ao vivo que ainda não lancei, tem coisas inéditas e canções e que só tenho 'violão e voz' delas”, conta ele, citando o material produzido no estúdio pessoal. “Uma hora eu tenho que parar para focar nisso. Mas sinto que tenho estado disperso em outros assuntos: filhos adolescentes, a questão dos direitos autorais...”

Mas Frejat promete: “Em 2017 eu quero me dedicar muito a tocar, e quando eu toco eu acabo fazendo música. Pretendo ter uma ou duas horas de disciplina ali [no estúdio], tocando.”

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