Filme dirigido por David Yates estreou mundialmente, nos cinemas, nesta sexta, 15, e encerra a adaptação para as telonas da obra de J.K. Rowling
Por Stella Rodrigues Publicado em 15/07/2011, às 12h36
A decisão de dividir o último livro da saga Harry Potter em dois filmes foi recebida por público e crítica como uma tentativa transparente de alongar os faturamentos dessa cinessérie, que durante uma década foi tão lucrativa para a Warner Bros. A verdade é que eles não estavam exagerando ao encarar o fim da adaptação dos livros de J.K. Rowling como o término de uma era para toda uma geração que, possivelmente, adquiriu gosto pela leitura parcialmente graças ao trabalho da escritora britânica.
Os dois longas ganharam dinâmicas muito diferentes de blockbusters comuns por terem sido realizados nesse formato. A grande cena da batalha final, na qual culmina todo o esforço da comunidade bruxa em vencer o vilão Voldemort, estava reservada para Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, assim como partes cruciais, como a invasão ao Banco Gringotes e a eliminação de algumas das mais importantes horcruxes, objetos contendo partes da alma do grande inimigo. O desafio era dosar toda essa ação com a quantidade necessária de emoção que um desfecho exige, ainda mais em uma guerra sangrenta e cheia de baixas. Mortes essas que os fãs hardcore bem sabem quais são, mas nem por isso deixam de se comover. Paralelamente, os espectadores "trouxas" (para ficar em um termo familiar), ou seja, aqueles que não estavam por dentro dos segredos do sangrento final da saga, também vão poder se envolver com a trama. Sendo assim, missão cumprida: o filme se sustenta sozinho mesmo para aqueles que não são seguidores de Harry na literatura.
Neste último capítulo, em resumo, o objetivo era continuar a busca pelos fragmentos da alma de Lord Voldemort (Ralph Fiennes) para que, assim, ele se tornasse mortal e pudesse ser abatido pelo herói, Harry (Daniel Radcliffe). A grande graça é que, em um mundo em que as pessoas cada vez mais se apavoram ao ouvir a palavra "spoiler", as salas de cinema lotam para a exibição de um filme cujo começo, meio e fim a maioria dos espectadores conhece bem. Prova de que uma trama bem contada não agrada somente pelo mistério que guarda para o final, mas também com a maneira como se chega a ele.
É muito difícil apontar um motivo claro para que as aventuras de Harry, Hermione (Emma Watson), Ron (interpretado por Rupert Grint) e companhia sobrevivessem de forma muito mais intensa do que vários outros fenômenos literários que, posteriormente, encontraram espaço na sétima arte. A bem construída e narrada história criada por Rowling é, sem dúvida, um dos fatores. Apesar de não trazer nada de absolutamente novo, sempre foi envolvente em sua tentativa de ser um mexidão de contos de fadas e tramas clássicas, passando por referências veladas a temas nada infantis como nazismo (a família Malfoy e a obsessão pelo sangue puro) e escravidão de raças (representada pelos elfos domésticos).
Fugindo de uma das características das historinhas de crianças e suas clássicas disputas entre o bem e o mal, um dos principais trunfos no universo criado por Rowling é o Professor Snape, interpretado nos filmes pelo britânico Alan Rickman. Ao longo dos sete livros, muitas histórias de traição foram desenvolvidas, sendo que alguns dos grandes mistérios da saga circundam a pergunta "de que lado o Fulano está?". Mas nenhum deles foi tão a fundo na ambiguidade do ser humano quanto Snape, cujas intenções e lealdade permanecem um mistério até o final. Em Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, assim como em Harry Potter e as Relíquias da Morte, o livro, o papel do professor ranzinza, cruel e de aspecto asqueroso ganha destaque, se consolidando como um dos mais simbólicos do universo Potter. No final, todas as lacunas do passado de Snape vêm à tona e o personagem, sozinho, sintetiza "qual é" a da saga.
No mais, quase todos os mistérios ganham resposta em um dos filmes mais fieis ao livro, ao lado da Parte 1. Personagens que andavam sumidos nos últimos filmes, como a Professora McGonagall (Maggie Smith) e o colega de Grifinória, Neville (Matthew Lewis), se tornam decisivos. Novos personagens aparecem para ajudar a responder perguntas e emprestar algumas mãos e varinhas na briga contra Voldemort.
Apesar de suas mais de duas horas de duração, o final do longa dá a impressão de correria. Momentos importantes, como algumas das mortes, passam rapidamente, uma embolada na outra. A derrota de alguns vilões menores, mas altamente odiados pelos fãs, são deixados tão em segundo plano que atrapalham um pouco a sensação catártica tão esperada de finalmente vê-los combatidos.
Vira-tempo
Ao longo das oito produções, diversos diretores passaram pela franquia, cineastas de visões e carreiras distintas. Os dois primeiros longas, protagonizados por um Daniel Radcliffe de adoráveis feições infantis, estiveram sob a batuta de um veterano do "cinema família pipoca", Chris Columbus. O terceiro, mais maduro, foi comandado por Alfonso Cuarón, cujo trabalho anterior havia sido o nada inocente E Sua Mãe Também. David Yates assumiu o cargo nos últimos quatro filmes e selou o tom sombrio das últimas produções, em especial nas duas partes de Relíquias da Morte. Yates, com a missão de fazer filmes grandiosos e, acima de tudo, bastante esperados por uma comunidade de fãs exigente, parece ter sido quem mais acertou na mão, embora uma ou outra piada de riso fácil e um certo tom novelesco que aparece em alguns momentos pudessem ter sido descartados.
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