Vocalista acaba de lançar primeiro disco de inéditas do Detonautas Roque Clube em seis anos
Luísa Jubilut Publicado em 16/05/2014, às 15h15 - Atualizado às 15h15
Depois de seis anos sem um disco de inéditas, o Detonautas Roque Clube lançou nesta semana A Saga Continua, quinto álbum de estúdio da carreira – um trabalho duplo composto por 18 faixas. “Numa fase em que as pessoas estão lançando EPs e disseminando conteúdo pela internet, lançar um álbum duplo é mostrar que você pode estabelecer outros tipos de vínculo com o mercado”, diz Tico Santa Cruz à Rolling Stone Brasil. Este meio tempo entre um CD e outro serviu como período de experimentação para a banda, também composta por Phillipe (guitarra e vocal de apoio), Renato Rocha (guitarra), André Macarrão (baixo), Fábio Brasil (bateria) e Cléston (DJ e percussão). Para o vocalista, a possibilidade de explorar outro espaço criativo é o lado bom de ter o próprio estúdio (a banda é dona do Estúdio Mobília Space, no Rio de Janeiro). Já o conforto, fruto da ausência de prazo, acaba gerando certo descompromisso, que levou à pausa na gravação de inéditas.
A Saga Continua registra diversos momentos pelos quais o grupo passou ao longo destes seis anos. “Muita coisa foi descartada”, explica Santa Cruz. “Mas o mais relevante de cada fase a gente colocou no disco.” As 18 canções foram divididas em duas partes com o objetivo de preservar a harmonia do álbum. “Percebemos que universos discrepantes estavam se chocando ali”, afirma ele. As músicas mais densas, que contemplam questões sociais e políticas, se encontram em um disco; já as faixas mais românticas, que segundo o artista, são mais acessíveis ao público que escuta rádio, ficam de outro. “O Detonautas já gravou outros discos pesados com músicas que não eram tão pesadas, mas que estavam mais alinhadas entre elas. Como foi na época do Psicodeliamorsexo&distorção”, exemplifica.
O lado político do disco se destaca. Santa Cruz descreve a faixa “Quem é Você” como uma crônica sobre questões sociais do Brasil. “Seja Forte Para Lutar”, na mesma pegada, fala sobre as manifestações que estão tomando as ruas. Quando está longe do microfone e à frente do computador, o músico faz questão de comentar os assuntos mais marcantes da atualidade. “Eu venho aprendendo pelas redes sociais uma nova maneira de dialogar com o público. [Uma maneira] que seja acessível e não tire a profundidade que eu, como compositor, tento buscar.” O sucesso das postagens – que acumulam milhares de likes e compartilhamentos – é algo que ele tenta trazer para as músicas do Detonautas. “Às vezes eu tenho exatamente a ideia e os conceitos sobre o que eu estou falando dos temas que estão em pauta, mas na hora de compor você está lidando com elementos harmônicos, poesia, que são uma forma bem diferente de você expor suas questões.”
Para o cantor, existe um bloqueio imposto pelos veículos de comunicação de massa, como o rádio, na hora de transmitir mensagens mais elaboradas – daí a predileção pelas canções mais românticas. O diálogo estabelecido com os fãs no Facebook, por exemplo, é na visão dele uma maneira eficiente de furar esse bloqueio. Santa Cruz vê neste vínculo online uma comunicação por vezes até mais importante do que a estabelecida ao vivo em shows, uma vez que não depende de um meio intermediário – no caso das apresentações, papel exercido pelo palco. “Tem muitos artistas que optam por não se posicionar, justamente porque a crítica, quando ela vem, vem de maneira muito intensa. Mas eu estou acostumado a lidar com a internet, porque o Detonautas nasceu na internet.”
Em 2006, a postura política do Detonautas ganhou outro propósito com a morte do guitarrista Rodrigo Netto, assassinado aos 29 anos durante uma tentativa de assalto. Poucos dias depois, durante um jogo do Brasil na Copa do Mundo realizada na Alemanha, os músicos protestaram e reivindicaram educação, saúde e respeito com os impostos. Nas redes sociais, Tico postou recentemente que a banda antecipou um movimento de revolta que viria a se manifestar agora, oito anos depois, com a realização do evento esportivo no Brasil. “Politicamente, o Brasil não mudou nada”, diz ele, que enxerga um governo que sucumbe aos interesses das iniciativas privadas. “No Brasil, a gente anda a passos muitos lentos, principalmente quando se trata dos direitos fundamentais do povo. De 2006, quando a gente fez aquele protesto, até hoje, a única coisa que posso dizer que mudou é que hoje a gente debate política.”
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