A coluna semanal com os lançamentos mais quentes da música brasileira, escolhidos pela Rolling Stone Brasil
Pedro Antunes, editor-chefe | @poantunes Publicado em 13/09/2020, às 10h00
Essa já é uma semana histórica. Afinal, foi nesta sexta-feira, 11, que toda a discografia do gigante Itamar Assumpção entrou nas plataformas de streaming (leia mais aqui).
Álbuns como Beleléu, Leléu, Eu (1980), os três volumes de Bicho de Sete Cabeças (1993) e Isso Vai Dar Repercussão (2004) já estavam nos serviços de música, mas, agora, entraram também as canções dos importantes trabalhos de Assumpção, como os discos Às Próprias Custas S.A. (1983), Sampa Midnight - Isso Não Vai Ficar Assim (1986), entre outros.
Também é uma semana histórica pelos lançamentos encorpados do rap nacional, que sacudiram em três diferentes praças, com potências, críticas e conceitos complexos, distintos e poderosos.
Sim, estou falando de O Líder do Movimento, do BK', Crianças Selvagens, do duo Hot e Oreia, e Máquina do Tempo, do Matuê.
A HOTLIST é essa coluna semanal que traz os lançamentos musicais dos últimos sete dias que mais curtimos. Quentes, quentíssimos!
Agora, nesta HOTLIST #23, além de Matuê, Hot e Oreia e BK', você encontra Illy, Viratempo, Alambradas, JP, Ga Setúbal (feat. Luiza Lian), Yannick Hara, Dactes, RDD, Julio Seccin, Monkey Jhayam, Gabrre, Marcelo Callado e Labirinto.
BK' deu uma entrevista em vídeo para a Rolling Stone Brasil (para assistir à Entrevista Rolling Stone no YouTube, clique aqui) e também a repórter Nicolle Cabral produziu um longo texto sobre o novo álbum do rapper (leia a matéria completíssima aqui). O Líder em Movimento, terceiro álbum do artista, é fluído, intenso, premonitório.
O Líder em Movimento apresenta BK' gastando as rimas sem dó enquanto narra a jornada desse líder, da ascensão à loucura, em um álbum que humaniza mitos. Tem muito verso sobre o carne e osso, sobre a realidade de quem alça o poder, sobre movimentos sociais e desigualdades.
BK' é íntimo e, ao mesmo tempo, expansivo. Depois de Castelos & Ruínas e Gigantes, ele apresenta O Líder em Movimento. Poderoso demais. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Depois do Rap de Massagem, o duo Hot e Oreia levam o flow inigualável deles para um novo ambiente sonoro. Quem é capaz de usar Nelson Ned e Caetano Veloso em samples de um mesmo álbum e ainda soar cool?
Sim, esses são Hot e Oreia com o álbum Crianças Selvagens (disponível nas plataformas digitais aqui) com poesia e muitos dedos na cara para apontar defeitos. Sempre com gentileza, é claro. Política, desigualdade, patriarcado, sexualidade, tudo isso se une entre beats finíssimos de Tropikilaz, Vhoor, Coyote e Deekapz, produção de Rafael Fantini, direção de Daniel Ganjaman e participações de Black Alien e Naty Rodrigues.
E os incríveis samples de Nelson Ned e Caetano Veloso em "Domingo" e "Presença, respectivamente, já citados aqui. Atualíssimo, o álbum dá aula de educação sexual, social e política. Que espetáculo! [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
A gente já ouve Matuê há algum tempo e até assusta pensar que só agora ele lançou o álbum de estreia. E que chegada poderosa. Máquina do Tempo (disponível nas plataformas digitais aqui) é uma estreia com camadas e possibilidades de interpretação inifinitas.
Claro, é possível ouvir canções separadamente, escolher "Cogulândia" ou "Gorilla Roxo" em uma playlist e "777-666" em outra. Mas esse é um álbum que também pode ser digerido aos pouquinhos, ouvido no looping, mesmo.
No repeat, Máquina do Tempo cresce, entra num ciclo como a trilogia Matrix, tem viagem no tempo, tem um futuro distópico, tem a luta do "Matuê do bem" versus o "Matuê do Mal". Tudo fica mais claro na versão visual do disco, disponível no YouTube (possível assistir abaixo).
Autoproduzido, o álbum ainda tem um sample de Charlie Brown Jr. em "Máquina do Tempo", com todos os instrumentos tocados pelo próprio Matuê. Metaforicamente, ao ouvir os desenhos melódicos de "Como Tudo Deve Ser", quem viaja no tempo é o ouvinte. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Seguuuura esse coraçãozinho que a incrível Illy chegou se derretendo por um amor que quer ir embora com "Desafio", música com a qual você já deve ter derramado algumas lagriminhas na voz de Belo.
Com uma performance segura e uma voz única, Illy se entrega para uma canção e absorve versos e construções melódicas de outro ambiente estético para dentro da linguagem própria. Um pagode chic, um samba reggae, um pézinho no Rio de Janeiro, outro na Bahia. Que coisa bonita.
Por fim, também vale o espetáculo visual do clipe de "Desafio", gravado em casa e dirigido por Maria de la Gala. O resultado está abaixo.
Aliás, Illy recentemente lançou o álbum Te Adorando pelo Avesso, com repertório de Elis Regina, que você também deveria ouvir. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
A Viratempo apareceu recentemente aqui na HOTLIST (na edição de número 17, que você pode ler aqui) e volta aqui na coluna porque seguem com um trabalho excelente na divulgação do novíssimo EP deles.
Depois de "Vento", com ÀIYÉ, é a vez de "Smoke" (disponível nas plataformas digitais aqui), faixa com participação da cantora brasileira SARTØR, radicada em Los Angeles. Melancólica, ruidosa, suja. Que coisa linda essa versão de "Smoke".
A cada faixa, a Viratempo destrava os detalhes sobre promissor EP de nome AUTOCURA. O trabalho tem a proposta de revisitar canções da Viratempo com uma nova roupagem, parcerias e horizontes sonoros díspares da versão original. E, com isso, embarcar nesse processo de autocura que dá título ao EP. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Alguns anos separam "Este Grande Amor", último single do projeto Alambradas, de 2016, e esse EP quarentenístico Please Get Out Of My Casa So I Can Be Doida. A irreferência que você nota no título do trampo também escorre para dentro dos versos melancólicos, solitários e maluquinhos do projeto musical da Nicole Patricio.
Please Get Out Of My Casa So I Can Be Doida (disponível nas plataformas digitais) é um salto, de fato, em forma, em maturidade, em constância, em texturas e densidades. Alambradas está de volta com três canções que criam um universo muito próprio criado a partir desse tempo de isolamento social - sejam as músicas criadas no período ou não, isso pouco importa. Orgânico, lo-fi, beats deliciosos. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Dona da voz e interpretação das mais sensíveis da música brasileira hoje, Luiza Lian guia a ardência dessa canção de Gá Setúbal, o single "Volúpia Pura", mais uma parte revelada do novo álbum do artista, que se chamará VIA.
A canção é produzida por Setúbal, Lourenço Rebetez e Charlies Tixier, o mago dos sintetizadores e colagens que tem trabalhado nos últimos discos de Luiza Lian.
"Volúpia Pura" (disponível nas plataformas de streaming aqui) é climática. Quente como um casaco de veludo em um dia de sol, mas sedutora também, como o título indica. Viciante. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Yannick Hara, autointitulado como 'Blade Runner brasileiro', investida a distopia cada vez mais próxima da realidade do filme de Ridley Scott e inspirado no livro Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick, para criar o álbum O Caçador de Androides, lançado no ano passado.
Artista único com uma criação em cima de conceitos, neste caso, da distopia de Blade Runner, Yannick Hara é atualíssimo, tem canetadas vorazes e alerta sobre como já vivemos uma fição científica destruída, só não sabemos disso ainda.
Ele recupera a canção com marcha "Eu Quero Mais Vida, Pai", com a incrível Sara Não Tem Nome, do álbum de 2019, para criar esse clipe tão cheio de subtextos. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Figura importante do rap produzido no estado da Bahia, Dactes entrega uma possibilidade sonora impressionante com "On Fire", o novo single do rapper lançado pelo selo 999, de Baco Exu do Blues.
Dactes, aliás, tem uma porção de singles disponíveis nas plataformas digitais e participou da faixa "Tropa do Babu", uma das faixas do álbum Não Tem Bacanal na Quarentena, lançado por Exu do Blues durante o início do isolamento social.
"On Fire" (nas plataformas digitais aqui) é crua no melhor dos sentidos. Dactes tem uma caneta precisa, rimas que escorrem fácil e vocais que tremem no melhor da linguagem do trap. Noturna, a canção ganha um clipe gravado em São Paulo [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
JP abraçou o sangue tropical que há dentro dele. Depois da carnavalesca (e doloriiiida, caso você a interprete como uma canção de um amor distante, como por este que cá está, na HOTLIST #13 - leia aqui) "Chorei Dendê", ele entrega "Eu Quero Perder Você", o novo single do novo álbum (disponível nas plataformas digitais aqui).
Mas não caia na armadilha das obviedades e das primeiras leituras. Embora o título indique uma vontade de distância, mas, na verdade, é uma música de querer bem por perto. Talvez um amor ioiô, meio carnavalesco - a essência da guitarrinha festiva está na faixa. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Sente e a pressão dos vocais do Agent Sasco (jamaicano também conhecido como Assassin) com o título de "We Go Hard" e as rimas furiosas de Dfideliz. Esse é o novo trabalho do produtor RDD, antes conhecido como o Rafa Dias, do Àttooxxá, e autor do hitzaço "Elas Gostam".
"We Go Hard" (disponível nas plataformas digitais aqui) é o novo single da nova fase de Dias, agora como RDD. Com uma linguagem autêntica e estética palpável, o produtor inicia com o single o projeto Salcity Sounds, cuja ideia é conectar os ritmos baianos com movimentos culturais afro ao redor do mundo, como conta o comunicado enviado à imprensa. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
O poder de uma sonoridade "glocal". O poderoso Monkey Jhayam cunhou o termo para unir as palavras "global" e "local" para explicar o significado e a força de "Afrochoque", uma canção que reúne as estéticas de origem africana em meio à globalização.
“Na Angola, o kuduru; na Nigéria, o afrobeat; na República Dominicana, o denbow; na Jamaica o dancehall; no Brasil, o funk. ‘Afrochoque’ une todos esses estilos como uma pangeia musical. É a diáspora africana se reunindo, se reencontrando, se levantando e expressando a sua voz”, explica o artista, em um comunicado enviado à imprensa.
Forte, a canção produzida por Dudu Marote e DJ B8 também ganha um clipe inspirado no filme Jumanji, na qual um jogo traz, para a realidade, Reis e Rainhas de origens africanas, para dar o que chamam de "afrochoque" no personagem interpretado pelo artista, performer e dançarino Robertrix (Roberto Marcondes).
Aliás, uma dica: Monkey Jhayam realiza web show no dia 17 de setembro (sexta-feira), na página ShowLivre.com, às 18h. O acesso é gratuito. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
"Bambolê" (disponível nas plataformas digitais aqui) tem gostinho de hit do verão. O pagodão baiano com participação de Psirico é o novo single de Julio Secchin.
Leve, a faixa representa as possibilidades de Julio Secchin em embalar-se em diferentes ritmos brasileiros. Do samba ao funk, do funk ao pagode baiano, Secchin não para - ainda bem. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Indie delicinha, raiz, de doçura numa voz espacial, baixo e baterias cavalgantes, guitarras oníricas. Gabrre parece cantar dentro de um sonho nosso. E assim é "De Noite Eh Dia de Sair" (disponível nas plataformas digitais), uma canção sobre uma juventude entediada, encarcerada por uma rotina que não leva a lugar algum.
A faixa, que estará presente no próximo álbum do gaúcho de Gramado, de nome Tocar em Flores Pelado, com lançamento pelo sempre ótimo selo Honey Bomb Records, é tudo o que gostamos num sonzinho indie maneiro, como descrito acima, e coloca Gabrre como um dos nomes para ficar de ouvido atento nos próximos meses. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Marcelo Callado começa a dedilhar o violão, até esmurrá-lo. Cordas vibrando, enlouquecidas. Calmaria de novo. Isso antes mesmo do vocal do artista tão importante para a música carioca independente desde a segunda metade dos anos 2000 chegar em "Tudo É Natureza" (disponível nas plataformas digitais aqui).
É intenso, mesmo que oscilante entre estouros e tranquilidade, no single que estará presente no próximo álbum de Callado, Saída, com lançamento previsto ainda para setembro, pela YB Music. Camadas, nuances, terrores e paz. Callado acertou em cheio. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Labirinto, de fato, é um ótimo nome para o sexteto Labirinto. Cada apresentação do grupo apresenta encruzilhadas com variações harmônicas, mudanças de pressão e alcance, percussão e guitarra destroçadora. Enfim, um show da Labirinto é de fato labiríntico. Mas chega-se sempre ao final.
'Live At Dunk! Fest', registrado no festival belga em 2019, apresenta o Labirinto na sua forma e êxtase: potente, climático e com a inédita "Napheleim". O álbum chegou às plataformas digitais no dia 4 de setembro (disponível aqui), com lançamento pela gravadora alemã Pelagic Records, e, agora, temos também a versão em vídeo de tirar o fôlego e encher os fones de ouvido. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
+++ BK' lança novo disco e fala sobre conexão com o movimento Vidas Negras Importam: 'A gente sabia que ia explodir'
Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni
Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição
Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025
Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções
Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja
Filho de John Lennon, Julian Lennon é diagnosticado com câncer