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HOTLIST #23

A coluna semanal com os lançamentos mais quentes da música brasileira, escolhidos pela Rolling Stone Brasil

Pedro Antunes, editor-chefe | @poantunes Publicado em 20/09/2020, às 10h00

E cá está mais uma HOTLIST, a coluna semanal da Rolling Stone Brasil com os lançamentos mais quentes dos últimos sete dias. Nando Reis e Fernanda Abreu abrem a nossa lista e as portas para uma geração nova e poderosa de artistas independentes que estão aqui. 

Nesta HOTLIST #23, temos também 24 lançamentos, entre discos, EPs, clipes e singles. 

+++ HOTLIST #22: Lançamentos de Matuê, BK', Hot e Oreia, Illy, Viratempo, Alambradas, JP, Ga Setúbal e mais

Aqui, além de Nando Reis e Fernanda Abreu, você encontra os trabalhos de Dingo Bells, Luiza Lian, Vanguart, Coletivo IMuNe, Terno Rei, Tika, The Baggios, Isadora com Fabriccio, Catavento, Cat Vids, Amanda Magalhães (com um disco e um clipe com Liniker), Marina Melo, Daniel Tupy, Rodrigo Alarcon (feat Ana Muller), Sergiopí, Carne Doce, Nobat (feat Giovani Cidreira), Marisa Brito, Óbvio, Renato Enoch e Barbara Donhini, Malu Maria e Xavier

Aliás, um aviso antes de dar início à lista: tenho trabalhado para para transformar a HOTLIST da Rolling Stone Brasil em uma ponte entre os jovens artistas e um público disposto a ouvir uma possível "nova banda favorita".

Com isso, criei um Formulário no Google para receber as sugestões de todxs. É artista? Tem uma banda e gostaria de submeter seu som à nossa curadoria? Preencha aqui.

São muitos lançamentos, o algoritmo impede a gente de ouvir o que está fora da nossa "bolha", os e-mails de sugestões se perdem em um limbo de pautas, enfim, é meio caótico. Por isso, a criação do formulário. Ajude a espalhar esse link para que a HOTLIST seja cada vez mais completa?  

Nando Reis - 'Espera a Primavera'

A não é que Nando Reis reuniu um dream team para "Espera a Primavera", o primeiro single inédito do ruivo favorito da música brasileira em 2 anos?

+++ HOTLIST #21: Lançamentos de Jup do Bairro, Terno Rei, Papisa, Luiza Brina, As Bahias (que eram As Bahias e a Cozinha Mineira) e mais. 

A ficha técnica da música (disponível nas plataformas digitais aqui) apresenta Lulu Santos (guitarra de 12 cordas), Jack Endino (produtor do primeiro álbum do Nirvana, na guitarra), Céu (backing vocals), Pupillo e Barrett Martin (que era baterista da excelente Screaming Trees), junto de Felipe Cambraia (baixo), Walter Villaça (guitarra), Sebastião Reis (violão e vocais), Rich Robinson (violão, do The Black Crowes), Alex Veley (teclado), Lisette García (percussão), Theodoro Reis (vocais), Maestro Tiquinho (trompete e arranjo de metais), Hugo Hori (sax tenor) e Paulinho Viveiro (trompete). Ufa!

"Espera a Primavera" é uma canção pop que incendiada pela saudade e pelo mais puro sentimento de amor. Criada a partir do isolamento social e a quarentena, a música é de encher o coração com um calorzinho bom. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Fernanda Abreu - 'Slow Dance'

Groove, a voz de Fernanda Abreu e a vontade de viver um amor desses vagarosos e noturnos. Artista fundamental, Fernanda acabou de soltar o álbum Slow Dance (disponível nas plataformas digitais aqui), uma coletânea de baladas incríveis que têm um lugarzinho especial na nossa memória, no coração e no nosso quadril.

Slow Dance reúne 16 canções da carreira da Fernanda Abreu, a partir do álbum de 1990, o fenomenal Sla Radical Dance Disco Club (que será revisitado em breve em uma edição de luxo no Noize Record Club) até o disco Amor Geral, de 2016.

+++ HOTLIST #20: Lançamentos de Boogarins, Hot e Oreia, Moons, Hiran, Young Lights, Vivian Kuczynski, Atalhos, Labaq, Jonathan Tadeu e mais

Slow Dance é o primeiro de dois projetos de Fernanda Abreu para essa quarentena. Com músicas como "Você Pra Mim", "Um Amor Um Lugar", "Sol Lua", "2 Namorados", "Saber Chegar", o álbum é uma concha de retratos definitivamente afetivos tirados ao longo de 30 anos. Bonito ouvir e perceber a atualidade dessas canções. Em 2020, soam novinhas em folha.  [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Dingo Bells - 'Antes de Dormir'

Uma das bandas mais delicinhas de se ouvir hoje, Dingo Bells quer fazer sua cabeça viajar nas memórias ao deitar a cabeça no travesseiro. É nesse momento de fechar os olhos, o breve (ou nem tanto) intervalo entre estar desperto e o adormecer, que chega "Antes de Dormir", single/clipe disponível nas plataformas digitais (ouça aqui ou no player abaixo).

Acolhedora, a canção era tratada pelos Dingo Bells como uma "música de ninar para adultos". Acalma, de fato. O clipe, por Eduardo Stein Dechtiar, apresenta figuras e cores para guiar o ouvinte para um lugar de relaxamento profundo e de reflexão.

+++ HOTLIST #19: Lançamentos de Gilberto Gil, Pitty, Manu Gavassi, Bebel Gilberto, Bivolt, Jovem Dionísio, Carlinhos Brown, Hungria Hip Hop e mais

"Antes de Dormir" prepara, também, para a chegada do Acústico Dingo Bells, um EP de formato desplugado que, como o single inédito prova, fica ótimo no universo estético da banda. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Luiza Lian - 'Geladeira'

"Requento a solidão no microondas", canta Luiza Lian. A melancolia inerente da voz sensorial da artista em "Geladeira" derrete até o coração deixado no freezer com potência máxima. Azul Moderno, o disco da artista de 2018, produzido pelo mago Charles Tixier, é tão forte em 2020 quanto a época do lançamento, realizado pelo Selo Risco.

+++ HOTLIST #18: Lançamentos de Majur, Hot e Oreia com Black Alien, Dingo Bells, WRY, Daniel Peixoto e mais. 

E, agora, "Geladeira" volta para nocautear quem se colocava de pé depois de um desamor danado, com o clipe dirigido por Pauli Scharlach (quem assina, também, a fotografia e a montagem do vídeo). [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Vanguart - 'O Amor É Assim'

O amor não avisa, chega. "Como uma brisa", como canta Hélio Flanders, vocalista da Vanguart, neste novíssimo single da banda, criado após as gravações do último álbum do grupo, Vanguart Sings Bob Dylan, de 2019.

Aliás, "Sente", single lançado no final do ano passado, também veio dessa mesma sessão pós-registro do disco com canções do bardo norte-americano criado por Flanders, Reginaldo Lincoln (voz e baixo), Fernanda Kostchak (violino) e David Dafré (guitarra).

+++ HOTLIST #17: Lançamentos de Caetano Veloso e Tom, 3030, Boogarins, Ju Strassacapa,  Jonnata Doll & os Garotos Solventes, Ave Sangria e mais

"O Amor É Assim" (disponível nas plataformas de streaming aqui) é uma canção com uma estrutura lírica narrativa. Caótico, o amor chega e revira olhos, cabelos e certezas. Não tem nada mais romântico que isso. "Chega de tanta paz", decretam os versos finais, "eu quero muito mais". [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Coletivo IMuNe - 'Me Deixa Dançar'

De atuação fundamental, o Coletivo IMuNe (Instante da Música Negra) lança o terceiro single/clipe para promover o festival de mesmo nome (mais informações sobre o Festival IMuNe aqui). "Me Deixa Dançar" é um poderoso tratado "contra todos os abusos que as mulheres sofrem", como conta Maíra Baldaia, a compositora da faixa e integrante do IMune.

Ela segue: "Contra o machismo e a misoginia. Canto sobre mulheres livres e donas de si que
sabem a força que carregam e empoderam suas irmãs! Tudo isso metendo dança sem perder a função crítica da letra".

+++ HOTLIST #16: Lançamentos de Gal Costa e Rubel, Mateus Aleluia, Ana Frango Elétrico, Nill, Sebastianismos, Gabz e mais

A banda IMuNe é formada por Bia Nogueira, Cleópatra, Gui Ventura, Maíra Baldaia, Raphael Sales e Rodrigo Negão. Nogueira, aliás, é também idealizadora do evento tem mediado os “Rolezinhos” (os painéis de debate do festival, realizados até o dia 19 de setembro).

E por falar no IMuNe, aproveito para contar por aqui também que o coletivo fará um takeover na conta de Instagram deste que aqui escreve, @poantunes, no dia 21de setembro, segunda-feira. Vai ser ótimo! Deem uma passadinha por lá! [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Terno Rei - 'Eu Amo Você'

Lá vem o nosso quarteto indie-triste-estiloso favorito. Depois de soltar a versão acústica de "São Paulo" (destacada na HOTLIST #21, que você pode ler aqui), o Terno Rei lança "Eu Amo Você", a cover de "Eu Amo Você", aquela música que já emocionou muito você com a voz do Tim Maia (e assinada por Cassiano e Silvio Rochael.

+++ HOTLIST #15: Gilberto Gil e Chico Buarque, Elza Soares e Flávio Renegado, Wado, Pedro Pastoriz, Rincon Sapiência, Kanduras, Luiza Brina e mais

Aqui, ela ganha uma versão sem a tonelada de groove do Tim Maioa daquele início da década de 1970, mas com uma graciosidade contemporânea e desoladora de um desespero contido sem grito nos versos de "eu amo você, menina", cantados pelo vocalista Ale Sater.

Em breve, o EP Acústico do Terno Rei chega para acalmar os corações cosmopolitas via a Balaclava Records. Fiquem ligados. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Tika (feat. Solo Valencia) - '72 Horas'

Tika se entrega ao amor fulminante (e ao viciante gingado latino) para criar "72 Horas", o novo single da artista, com participação hipnótica do colombiano Solo Valencia.

Híbrida, a canção é tratada por Tika como um "pop latino". "72 Horas (disponível nas plataformas digitais aqui) apresenta algo sintético experimental em um campo com samba e reggae.

+++ HOTLIST #14: Jadsa, Ana Vilela e Ráae, Tuyo, Maglore, Cuscobayo, Betina, Francisco, el Hombre, Rhaissa Bittar, Doctor Pheabes, Maranda, The Raulis e Nego Bala

Soa como quando olhamos para uma cama completamente desarrumada e já desocupada depois de uma noite quente. Os lençóis e travesseiros provam que não era sonho, era real. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


The Baggios - 'Hendrixiano'

O fuzz hendrixiano e o canto que arde como o seco do sertão. A sempre ótima The Baggios homenageia o lendário Jimi Hendrix com a ruidoza "Hendrixiano", na data da morte do guitarrista, em 18 de setembro.

+++ HOTLIST #13: Cidade Dormitório, Hiran e Tom Veloso, Lienne, Rafa Castro, Amen Jr, Ginge, Caramelows, 1LUM3 e mais! 

Hendrix tinha 27 anos quando morreu em 1970. Aqui, a Baggios usa da influência clara do músico nascido nos Estados Unidos para explorar mais possibilidades estéticas. Graves tensos, vocais soturnos no refrão contrastam com o canto agudo do vocalista Julio Andrade. Em "Hendrixiano" (disponível nas plataformas digitais aqui), a guitarra chora, dilacerante no solo e riffs, acompanhada do baixo e da bateria retumbantes. Pesadíssimo - e ótimo. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Isadora - 'Universo Particular'

As duas das vozes mais aconchegantes do R&B contemporâneo brasileiro, de Isadora e Fabriccio, se unem nessa derretida canção de amor "Melhor Versão de Mim", single que chega acompanhado também do novo EP de Isadora, de nome Universo Particular.

Aliás, fui saber que foi uma matéria da Rolling Stone Brasil, sobre a cena do R&B brasileiro moderno, que uniu esses dois artistas. A matéria, escrita por Lorena Reis, está aqui.

"Melhor Versão de Mim" (disponível nas plataformas digitais aqui) é uma delicinha dilacerante, saca? Porque Fabriccio e Isadora cantam com carinho um término difícil e uma distância que dói. Saca só:

Mas essa parceria com o gigante Fabriccio é só uma das novidades da Isadora. O single completa o EP Universo Particular (agora, inteiro, também disponível em todas as plataformas digitais aqui). Nele, é possível sacar todas as nuances estéticas e cadências de Isadora como uma artista constante ascensão e evolução. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Catavento - 'Quebra Alma'

Quando topei pela primeira vez com a Catavento, lá de Caxias do Sul, fiquei enlouquecido. Assinei o primeiro texto sobre eles aqui na Rolling Stone Brasil, em um distante e mais otimista ano de 2014 (o link para a matéria está aqui). Toda essa nostalgia, talvez desnecessária, serve para afirmar a potência e como o tempo, por mais que custe, faz bem. A adorável desordem sonora, ao longo desses seis anos, tomou outra forma.

A Catavento é uma das bandas mais delicinhas para se ouvir hoje em dia. Ponto. "Quebra Alma" (disponível nas plataformas digitais) é sobre resiliência, sobre ser inquebrável, apesar do mundo querer entortar a gente a cada novo dia. Nada quebra a alma, sacou? Aí está a essência. E, nesta música, está também o que é a essência da Catavento.

O clipe de "Quebra Alma" está disponível a partir das 18h45 de domingo.[Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Amanda Magalhães e Liniker - 'Talismã'

Amanda Magalhães, que já saiu na Rolling Stone Brasil quando lançou os singles "Fazer Valer" (com Rincon Sapiência) e na HOTLIST #16, está de volta em dose dupla. Primeiro, com o single novo da artista, também atriz da série 3%, sucesso brasileiro da Netflix global. "Talismã" (disponível nas plataformas de streaming aqui) tem a participação da Liniker Barros (que voz!) e é uma suingueira deliciosa. Saca só:

Mas "Talismã" é o que antigamente chamávamos de "música de trabalho" do álbum Fragma (também nas plataformas digitais aqui), essa potente demonstração das memórias afetivas de Amanda Magalhães, reunidas em estéticas variadas. Enquanto Amanda recolhe os próprios cacos dos desamores, somos levados a fazer o mesmo. E, assim, amemos mais uma vez. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Cat Vids - 'Radicalíssimo'

Antes da chegada de Radicalíssimo, a atordoante Cat Vids criou uma web-série "Como Gravar um Álbum de Sucesso", no YouTube (assista aqui), divertidíssima. E a verdade é que o sucessor do álbum Radical, lançado em 2017, é realmente um sucesso.

Divertido, elegante, lo-fi, ruidoso, jocoso e intenso, Radicalíssimo (disponível nas plataformas de streaming aqui) é um sorriso em um dia frio com aquele rockzinho indie garageiro que a gente gosta, descompromissado na medida certa, com temas contemporâneos a todo jovem de 20/30 anos.

Nove músicas dividem pouco mais de 21 minutos de som. É isso, mesmo. A Cat Vids não enrola para entregar aquilo que eles sabem fazer tão bem. Com participações de Brvnks (em "Ash Ketchum" - sim, uma referência à Pokémon) e Chrisley (em "Calabokitos"), é divertido, direto ao ponto. Uau! Arrebatado. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Marina Melo - 'O Mundo Acabou Mas Continua Girando'

Emocionei de verdade quando ouvi Marina Melo cantar "Cara Vizinha," (single que foi escolhido para integrar a HOTLIST #16). A artista completa o ciclo iniciado ali com o EP O Mundo Acabou Mas Continua Girando (disponível nas plataformas digitais aqui).

Completamente contemporâneo e urgente, o EP de Marina Melo é, sim, um retrato poético, atormentador e, ao mesmo tempo, acalentador, do que foi esse 2020 a partir do período de isolamento social e pandemia. Dos panelaços contra Bolsonaro às lives incríveis e históricas de Teresa Cristina, no Instagram.

Com produção de Naná Rizzini, o EP tem 2020 como tema central, uma voz extremamente acolhedora de Marina Melo, também dona de caneta sem obviedades em versos longos como fio condutor. Você encontra, nessas três canções, texturas sensoriais, com momentos quentes e frios, como uma noite com febre alta. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Daniel Tupy - "Bem"

Daniel Tupy é integrante da Marrakesh, quinteto que já apareceu aqui pelas páginas da Rolling Stone Brasil algumas boas vezes. Mas desta vez o destaque vai para a estreia do projeto solo do baixista da banda, que deixa evidente seu caráter íntimo por não se esconder atrás de um pseudônimo e carregar o nome do músico.

Nesta sexta, 18, Tupy lançou "Bem", primeiro single dessa nova fase da carreira que, apesar de incorporar alguns dos elementos mais cativantes do som da Marrakesh, soa como algo único, que habita em um universo próprio.

Sem dar spoiler, posso dizer que a faceta apresentada na primeira metade da música dá espaço para uma mutação sonora inesperada, surpreendente e deliciosamente produzida.

Em outras palavras, "Bem" mostra como é possível transformar melancolia em vontade de dançar, e como essas duas coisas combinam mais do que você imagina.

Para acompanhar a faixa, Tupy lançou o clipe dirigido pelo amigo e parceiro de banda Thomas Berti, que marca também a estreia do músico como diretor. E a sintonia artística dos dois fica evidente com o vídeo, tal qual a sintonia existente entre um sabonete e uma meia suja (assista ao clipe para entender).

A delicadeza da música é traduzida em imagens que misturam stop-motion, brincadeiras com sombra e luz, além de sequências texturizadas de fotos impressas e escaneadas que complementam ainda mais a atmosfera acolhedora de se sentir melancólico e sozinho em casa que permeia "Bem". [Texto: Igor Brunaldi | @magia.synth]


Rodrigo Alarcon (feat. Ana Muller) - 'O Dia Seguinte (à do Itamar)'

Ah, Itamar Assumpção e a sua obra perene. Inspirado pelo gênio, pela canção "Fim de Festa", o dono do bigode mais bonito da música independente Rodrigo Alarcon criou "O Dia Seguinte (à do Itamar"), uma canção que imagina o dia seguinte aos versos de Assumpção.

Para essa canção que nos enche de esperança até em um amor acidentado (já disponível nas plataformas digitais), Alarcon tem a companhia de Ana Muller, dona do estonteante disco Incompreensível, de 2019 (sério, ouça-o também por aqui).

Juntos, eles entendem como é o fim do relacionamento da canção de Itamar, o tal "fim de festa" daquela paixão. Delicada, "O Dia Seguinte" narra com detalhes encantadores o que pode significar acordar ao lado de quem, na noite anterior, dizia que o amor havia acabado. É o fim? Recomeço? Mais um amor acidente? [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Carne Doce - 'Interior'

Os dois anos do Carne Doce que separam o terceiro álbum da banda, Tônus (2018), de Interior (recém-lançado e disponível agora nas plataformas digitais), foram inimagináveis. No céu, com um álbum aclamado, eles também viram a gravidade agir e puxá-los para um baque no chão duro com as acusações contra o então baterista da banda.

As duas sensações ("céu" e "chão") rolaram ao mesmo tempo com a Carne Doce na turnê de Tônus até agora. É impossível dissociar tudo isso de Interior, o quarto álbum do grupo, não por entrar na discussão que gira em torno do ocorrido, mas, sim, porque tudo soa como um rompimento, estético e lírico com o que havia sido apresentado até aqui.

Do salto sonoro, de BPMs mais acelerados, às temáticas do álbum. Tônus seguia uma linha já apresentada em Princesa (disco de 2016), que, por sua vez, era uma evolução do álbum de estreia. Interior parece quebrar com muitas "evoluções naturais" e apresenta, neste rompimento, uma banda mais consciente de si, da própria origem e do som que sabe fazer. Soa como um recomeço, de alguma maneira.

Com destaque para "Saudade", canção de destruir corações mais sensíveis desses amores que amansam, perdem o tesão e se transformam em um não-estar feliz que, ao mesmo tempo, é confortável. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Sergiopí - 'Quem É Você no Meu Tempo?'

"Quem é você no meu tempo?", pergunta Sergiopí no título do single que anuncia o novo álbum do artista, com lançamento em breve. 

Com synths destruidores, o artista abre os questionamentos de uma "alma curiosa", como ele mesmo canta. "Quase uma compulsão", diz outro verso. Tempo, espaço, quem somos para o outro? Parece ficção científica, algo de Dark (série da Netflix), mas também é coração, é uma busca eterna por respostas que, por vezes, não existem. 


Nobat (feat. Giovani Cidreira) - 'Cárcere'

Nobat compôs a apoteótica e claustrofóbica "Cárcere" com o amigo e poeta Marcelo Diniz há 12 anos. O texto de apresentação do single para a imprensa ressalta justamente a idade da canção (disponível nas plataformas digitais aqui) até o lançamento oficial, enfim.

E faz sentido. "Cárcere" é uma porrada de versos velozes, ensandecidos por uma solidão que não tem fim. Nobat é mestre em traduzir sensações e sentimentos. A interpretação dele no clipe é angustiante (de um jeito bom) e a participação do canto de Giovani Cidreira é afiada como uma faca recém-comprada. Tudo é bem dilacerante. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Marisa Brito - 'Todos Que Eu Amo'

Otimismo, brilho, sol. Marisa Brito propõe um olhar mais afetivo e bonito pelo mundo com "Todos Que Eu Amo", single que funciona como uma prévia ao lançamento do álbum de inéditas, a ser lançado no primeiro semestre de 2021.

Guiada por uma guitarra saborosamente ruidosa e elementos de sopro e gravada em trio também por André Abujamra e Marcos Suzano, "Todos Que Eu Amo" (disponível nas plataformas de streaming) valoriza o amor. "Todos os que eu amo viram canção", canta Marisa Brito.

O clipe, que pode ser assistido abaixo, tem a concepção, edição e direção de Claria Soria. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Óbvio - 'Um Salve Salva'

Finíssimo é o caminho traçado por Stella Yeshua, Silvera e Kivitz, juntos como Óbvio. Eles, que já saíram aqui na HOTLIST #16, com o single 'Lugar' (leia mais aqui), estão aqui na lista mais uma vez, agora com um "Um Salve Salva" (disponível nas plataformas digitais aqui).

"Um salve pode salvar", cantam os integrantes do Óbvio, juntos. "Um Salve Salva" é uma mensagem poderosa sobre empatia, proximidade, percepção do outro. A mensagem, salvadora, é amplificada pelo momento complexo mentalmente falando. "A flor que Brown cantou que no lixão nasceu, quando floresceu, não floresceu sozinha", canta Stella. Gestos simples podem mudar tudo. Sacou?

O clipe, que pode ser assistido abaixo, foi produzido pela Umana Film, tem a produção executiva de Toti Higashi e dirigido e editado por Amorin Public. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Renato Enoch e Barbara Donhini - 'Pra Secar o Choro'

Uma canção criada a partir do luto, ressignificada cinco anos depois. A composição de Renato Enoch e Barbara Donhini, criada em 2015, "Pra Secar o Choro" entrega uma mensagem de conforto mais ampla em pleno de 2020, com tantos motivos diferentes para choros e lágrimas.

"Pra Secar o Choro" (disponível nas plataformas digitais aqui) marca também a estreia de Barbara Donhini (sério, guardem esse nome e essa voz). Uma canção, também produzida por Enoch, para ser como um abraço. Tempos difíceis, distanciamento, contatos virtuais. A voz de ambos, muito bem entrelaçadas, é quente como um chá fumegante e uma coberta numa noite fria. Acolhedora, aconchegante.

A faixa, aliás, estará no próximo EP de Enoch, a ser lançado ainda em 2020. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Malu Maria - 'Ella Terra'

Os temas de Ella Terra, o novo álbum de Malu Maria, atravessaram a artista para chegar aqui. E atravessam, também, o ouvinte, com igual velocidade e poder. Poderoso, o disco de Malu Maria é poético, profano, acalentador e desolador. Tudo assim, como 2020 também é.

Ella Terra (disponível nas plataformas digitais aqui) foi produzido por Malu, Ivan Gomes e Tatá Aeroplano (aliás, ela também participou do álbum de Tatá, chamado Delírios Líricos, também de 2020). O álbum tem participações de Dustan Gallas (em "Ela Terra", "Temporal" e "Salão da Ilusão", dos integrantes do Quartabê Chicão e Rafael Montorfano (em "O Paraíso é Dentro" e "Pássaro de Fogo"), Lucinha Turnbull (em "O Paraíso é Dentro") e Meno Del Picchia (também em "Temporal"). [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]


Xavier (feat. Allen Alencar) - Temporal

"Temporal", uma parceria de Xavier com Allen Alencar, é o single que antecipou, em um dia, a mixtape Mormaço (também disponível nas plataformas digitais aqui). Poético, o single é atormentante também. "O que há lá fora?", pergunta Xavier.

Mormaço se apresenta como um EP de texturas ímpares, unidas pela lírica delirante de Xavier e pela produção de Arthur Dossa e Arquétipo Rafa. Como uma boa mixtape, o trabalho apresenta diferentes ambientes estéticos, como pequenos recortes de jornal espalhados sobre a mesa.

A mixtape possui 4 canções, incluindo "Jogo de Luz", uma parceria com a artista poderosa e multifacetada Marcelle. Vale ouvir. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]

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