A coluna semanal da Rolling Stone Brasil reúne os mais quentes lançamentos de disco, singles, clipes e os EPs
Pedro Antunes Publicado em 27/10/2019, às 16h00
Depois de um período em hiato, por conta das obrigações relacionadas ao Rock Rio, está de volta a HOTLIST, a coluna semanal da Rolling Stone Brasil com os principais lançamentos da música nacional e internacional, a partir da curadoria da RS que vocês já conhecem.
A HOTLIST é um espaço que une música brasileira, música gringa, que alia EPs, singles, clipes e discos lançados na última semana - ou seja, só com as novidades mais fresquinhas. A música hoje é única, é líquida e física, está na nuvem ou na vitrola, então abrimos espaço para todos.
Desta vez, temos lançamentos de artistas como Kanye West e Frank Ocean, ambos deliciosos, e também muita música nacional, como os discos de Maria Luiza Jobim, Margareth Menezes, Pratagy, Josyara e Karol Souza.
Vamos nessa?
A deliciosa estreia de Maria Luiza Jobim, aos 32 anos, é uma viagem vagarosamente transformadora. Orgânica e sintética, moderna e nostálgica, a obra, de nome Casa Branca, oferece uma entrada ao mundo particular da artista, com medos e amores, com muito cotidiano e memórias (por exemplo: "Vem cheiro da cozinha / E a panela começa a chiar / A sopa de letrinha / Raspa o prato não deixa esfriar").
Filha de Tom Jobim, Maria Luiza se entrega artisticamente, confessional e passional.
Assista ao clipe de Casa Branca - para ouvir nas outras plataformas digitais clique aqui / Pedro Antunes
Dona de das vozes mais importantes da música brasileira, Margareth Menezes está de volta depois de 11 anos com o disco Autêntica, realizado com o auxílio do edital Natura Musical.
Com roupagem moderna, com beats aliados à sopros e percussão tão humanos e pulsantes, Autêntica teve a produção de Tito Oliveira e foi registrado em estúdios em Salvador, São Paulo, Nova York e Paris.
São 13 faixas que exaltam a alma feminina do hoje, que toma posse do direito de fala e experimenta, enfim, "ser a própria gestora de suas ideias", como diz Margareth. / Pedro Antunes
Há três anos sem um novo disco (o último foi o excelente Blonde), o produtor/cantor/rapper Frank Ocean vem soltando alguns singles ao longo dos anos, nada que pudesse indicar um álbum a caminho. Não desta vez.
A crocante "DHL", que é o nome de uma empresa de transporte alemã, foi entregue com uma arte de capa com algumas indicações de que ela pode vir acompanhada de um novo LP, embora Ocean permaneça em silêncio.
"DHL" cresce a partir de um beat sujo, propositalmente borrado, como uma noite mal terminada, confusa. Ocean canta sobre amores líquidos, pouco reais, nada entregues, extremamente reais. Se há alguém que pode salvar 2019, essa pessoa é Frank Ocean. / Pedro Antunes
Entre as tantas pirações e bobagens recentes de Kanye West, o rapper se encontrou na religião de forma intensa. Criou o Sunday Service, um projeto dominical no qual ele levava suas canções para um ambiente da música gospel tradicional - inclusive, levou essa apresentação ao Coachella, um dos maiores festivais do mundo, em um domingo de manhã, obviamente.
Mente criativa que existe já fora de qualquer caixinha, West atrasou, mas entregou Jesus Is King, seu novo trabalho, sucessor de Ye, lançado em 2018. O título já indicava o conteúdo de música cristã, mas a verdade é que ninguém sabia o que esperar. E Kanye foi surpreendente.
Há quem não goste de Jesus Is King, que não concorde com o conteúdo lírico e estético escolhido pelo artista, mas o álbum é uma obra conceitual cuja experiência de ouvi-lo do começo ao fim, sem qualquer outra distração, é transformadora. Atenção à lindíssima "God Is". / Pedro Antunes
Pratagy deixou o ambiente estético-sonoro dos anos 1980 dos lançamentos anteriores para se banhar da década seguinte. O artista fez do estudo acadêmico do funk brasileiro de 1990 o início do disco que leva o nome dele e realizado com o auxílio do edital Natura Musical.
Desilusões amorosas e sonhos modernos compõem a temática macro de um álbum cheio de nuances, variações e pequenas sutilezas. O funk está ali, mas não só, há entendimentos da música contemporânea também, principalmente do R&B. / Pedro Antunes
Prestes a lançar um segundo disco, sucessor do impactante Galanga Livre, Rincon Sapiência vem entregando dicas do que esperar dessa nova fase do rapper, de dança, de ancestralidade, de contemporaneidade. Intenso, "Meu Ritmo", o single, funde as batidas de trap e funk com o instrumento percussivo dundunba. Ajuda a imaginar o que vem por aí. / Pedro Antunes
Jairo é Jay, vocalista da banda mineira Young Lights. Embora brasileiro, o artistas viveu a partir dos 3 anos de idade nos Estados Unidos até pouco tempo atrás, quando voltou e passou a se envolver com a cena mineira indie.
Em processo de lançar um novo disco com o Young Lights, Jay também se aventura por canções agora escritas em português, não mais em inglês, para um projeto solo.
Eis "Canceriana", uma música vagarosa, amorosa e, principalmente, legitimamente entregue. "Quero falar sobre signos / No bar com os nossos amigos / Pode até rir da minha cara / Se for abrir seu sorriso / Gostar mais de salada / Pra jantar com você". / Pedro Antunes
Um dos rappers mais quentes de 2019, Choice abre seu espaço próprio com números grandes em visualizações, audições, seguidores e um discurso coerente, afinado e flow irresistível, além de participações em projetos coletivos enormes de rap, como Poesia Acústica e Favela Vive.
Em 2019, ele soltou Alpinista do Século XXI e, agora, prepara uma trilogia de singles chamada Pontes, que serão acompanhados por clipes dirigidos por Caio Rosa que se complementam como uma minissérie.
O primeiro vídeo/single é de "Novo Milionário", música de mensagem poderosa: "Quero olhar pra trás e me orgulhar. Não vou duvidar do que sou capaz. Não vou me humilhar". / Pedro Antunes
Excelente com o disco Mansa Fúria, do ano passado, Josyara experimenta novos beats, agora vindos do além-mar, da França, com o beatmaker IZem, no single "Iara Correnteza", lançado pelo selo francês Elis Records.
Perceber a transformação sonora de Josyara neste novo experimento, em um movimento contrário ao da água, ela se banhava em água salgada em Mansa Fúria, agora vai para a água doce, em busca de Iara, a deusa, contra a corrente. / Pedro Antunes
O aguardado disco de estreia de Karol de Souza chega gigante. Trata-se de Grande!, um álbum que apresenta a rapper em um momento muito contemporâneo e interessante ligado ao trap.
Sem medo, Karol conta seus sonhos. Não tem medo de sonhar grande, de querer ser gigante. Veloz quando precisa, poderosa sempre, a rapper quebra padrões neste álbum, revisita sua história (é claro), mas também aponta para um futuro brilhante.
Curiosamente, trata-se de mais uma integrante do coletivo incrível Rimas & Melodias a lançar um álbum em 2019 (Drik Barbosa e Tássia Reis também soltaram seus discos antes). / Pedro Antunes
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