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Caça-Fantasmas é diversão inofensiva de primeira

Versão não vai se transformar em algo icônico, como o original dos anos 1980, mas, no final, as quatro protagonistas salvam o dia e é isso o que interessa

Paulo Cavalcanti Publicado em 14/07/2016, às 17h43 - Atualizado às 17h46

Como é de conhecimento geral, o trailer de Caça-Fantasmas foi amplamente detestado. Mas agora, depois de muito debate e polêmica, o que se pode dizer é que tamanho ódio não passou do habitual exagero de desocupados da internet. A nova versão não modifica nada – é praticamente um remake do clássico Os Caça-Fantasmas (1984) estrelado por Bill Murray, Harold Ramis e Dan Aykroyd e dirigido por Ivan Reitman. O novo filme, dirigido por Paul Feig e que tem no elenco Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Leslie Jones, é relativamente fiel à matriz, com a mesma dose de nonsense, anarquia e total falta de seriedade. Claro, não é grande cinema e não vai se transformar em algo icônico como o original dos anos 1980. É, contudo, uma diversão inofensiva e às vezes intrigante. As quatro atrizes principais falam uma série de idiotices, são sacaneadas e encaram situações ridículas. Durante todo o filme são cobertas por gosma de fantasmas e, no final, elas salvam o dia e é isso o que interessa.

Série e compenetrada, Erin Gilbert (Kristen Wiig) só quer ser respeitada no meio acadêmico de Nova York. Depois de engolir muito sapo, ela está finalmente prestes a conseguir a posição que tanta desejava. Mas o passado vem assombrá-la depois que é revelado que muitos anos antes ela se dedicava a pesquisar fantasmas e fenômenos paranormais. Erin é demitida e perde tudo. E devido às circunstâncias, é obrigada a encarar a antiga melhor amiga e “parceira no crime”, Abby Yates (Melissa McCarthy). Abby ainda é obcecada por fantasmas e nunca perdoou Erin por tê-la abandonado na missão.

Quando uma série de “aparições” começam a aterrorizar a cidade, Abby e Erin esquecem as diferenças e revivem os velhos tempos. Uma das discípulas de Abby é Jillian Holtzmann (Kate McKinnon), uma cientista que se dedica a criar aparelhos bizarros que, supostamente, servem para capturar os fantasmas. A equipe é completada por Patty Tolan (Leslie Jones), uma bilheteira do metrô que conhece Nova York como ninguém. Ela resolve abandonar a vida chata no transporte público e acredita que caçar fantasmas é melhor do que passar despercebida.

Atenção, pode conter spoilers

Mesmo sem recursos, elas vão à luta. Agora rodando a cidade em um carro funerário adaptado, usando macacões nada discretos e ostentando armas esdrúxulas, as quatro saem atrás das aparições do outro mundo. O que elas não sabem é que os fantasmas são liberados e instigados pelo empregado de hotel Rowan North (Neil Casey), um homem frustrado que aprendeu as técnicas paranormais justamente lendo o livro escrito por Erin e Abby. O quarteto captura um fantasma de forma espetacular em um show de heavy metal, com direito até a uma ponta de Ozzy Osbourne. Mas a o prefeito da cidade (Andy Garcia) manda abafar o caso. Mesmo monitoradas por agentes federais, as Caça-Fantasmas vão às ruas para completar a missão. O final deste remake repete o original, com um espetacular duelo entre as cientistas e as entidades que querem tomar Manhattan. Mas também existem muitas surpresas e diferenças. E como hoje os efeitos especiais são muito mais elaborados do que nos anos 1980, o diretor Feig deixa a imaginação tomar conta.

O quarteto principal tem muitas oportunidades de mostrar o talento cômico. A personagem de Kristen tenta manter a seriedade, mas a graça é vê-la perder a dignidade diversas vezes enquanto investiga fenômenos paranormais ao lado das colegas. Como chefe da equipe, Melissa McCarthy se mostra relativamente contida e não tenta roubar a cena das outras. Kate McKinnon, a cientista para lá de maluca, é uma personagem de desenho animado – ela não é nada crível e seu arco dramático consiste apenas de reagir de forma física ao caos que toma conta de tudo. Mas ela se revela engraçada ao improvisar. Leslie Jones talvez tenha as melhores piadas e merecia um pouco mais de espaço. A surpresa é a participação especial de Chris Hemsworth como Kevin Beckman, o assistente sensual, mas nem um pouco brilhante, das Caça-Fantasmas. O Thor abusa da cara de pau e tem alguns dos momentos mais divertidos do filme.

O filme foi produzido por Dan Aykroyd e Ivan Reitman, e assim as conexões com a produção de 1984 se tornam evidentes. Aykroyd faz uma ponta, bem como Bill Murray, Sigourney Weaver, Annie Potts e Ernie Hudson. Do elenco principal, só não aparecem Harold Ramis, que morreu no ano passado, e Rick Moranis, que se aposentou e não quer mais saber do showbusiness. O fantasma verde Geléia e o grotesco Homem de Marshmallow, destaques do filme original, voltam para criar anarquia. Naturalmente, o pegajoso tema original de Ray Parker Jr. também retorna, mas agora em uma versão atualizada feita por Missy Elliott e Fall Out Boy. Ou seja, tem muita coisa para os nostálgicos voltarem no tempo. Mas agora a vez é das garotas e elas se saem bem em fazer rir – e também em prender fantasmas.

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