Ryan Reynolds como Deadpool. - Divulgação

Deadpool renova a maneira de adaptar HQs para o cinema, mas se perde nos excessos de seu protagonista

Longa estrelado por Ryan Reynolds é cheio de autorreferências e piadas internas

Paulo Cavalcanti Publicado em 11/02/2016, às 07h21 - Atualizado em 12/02/2016, às 11h38

Deadpool, personagem da Marvel Comics criado por Fabian Nicieza e Rob Liefeld, surgiu originalmente em 1991, no universo X-Men, como um supervilão. Ele nunca teve muito reconhecimento até que, em 1997, o roteirista Joe Kelly e o artista Ed McGuiness receberam a missão de recriá-lo. Deadpool, então, virou um anti-herói sarcástico e sem muita responsabilidade. Com muita violência, o quadrinho também sobressaiu por causa da linguagem inovadora e dos diálogos espertos. Ele frequentemente quebra a barreira da chamada “quarta parede”, comentando as situações que encara diretamente com o leitor. Ele sabe que é uma figura do mundo dos quadrinhos e abusa da metalinguagem. Por todas essas características, a adaptação para a tela grande se tornou um desafio.

Wade Wilson, o alter ego de Deadpool, foi interpretado por Ryan Reynolds em X-Men Origens: Wolverine (2009). Foi uma pequena amostra do potencial do personagem e a caracterização não foi bem recebida pelos fãs. Depois de anos de elaboração e de produção, Deadpool finalmente ganha um filme próprio, que chega às telas nesta quinta, 11. Reynolds retorna como Wade Wilson, um ex-mercenário que tem mais de 40 mortes no currículo, mas agora é um pé de chinelo bocudo e mal educado, que ganha a vida basicamente fazendo bullying. O point dele é um boteco frequentado por outros ex-mercenários e figuras grotescas e violentas. Além de encher a cara, a diversão deles é brigar uns com os outros – e participar de um “bolão" que aposta em quando cada um deles vai para o outro mundo.

A vida sem perspectivas de Wilson muda quando ele conhece Vanessa (a brasileira Morena Baccarin), uma prostituta/stripper que, além de parecer uma modelo, tem um apetite inesgotável para o sexo e o mesmo gosto para coisas trash que Wilson. Tudo segue maravilhosamente para o casal, até que ele descobre que tem câncer terminal – embora em momento algum isto seja refletido na aparência física ou na atitude geral dele.

Na sequência, Wilson é contatado por um sujeito misterioso (Jed Rees), que diz conseguir salvar a vida dele. Com alguma relutância, Wilson resolver tentar. Ele vai parar em um laboratório sinistro, cujo propósito é transformar pessoas inúteis em seres mutantes. O processo é supervisionado por Ajax (Ed Skrein), que também é um poderoso mutante com poderes extraordinários.

Em meio a experimentos horripilantes e dolorosos, o desajustado protagonista ganha superpoderes e se cura do câncer. Mas, no processo, tem o rosto horrivelmente desfigurado e culpa Ajax, com quem já vinha se desentendendo, pela má sorte. É aí que ele perde o já precário balanço mental e vira um psicopata sádico e violento. Inspirado nos “bolões da morte”, ele se torna oficialmente Deadpool e sai em busca de vingança. Enquanto mata os capangas do inimigo Ajax, faz piadinhas e destrói metade da cidade.

No meio da confusão, Colossus (voz de Stefan Kapicic), um mutante membro do X-Men, tenta domar os excessos de Deadpool e convencê-lo a deixar de ser tão inconsequente e infantil. Ele quer que Deadpool se junte a eles e se torne um herói “decente”.

Não tem absolutamente nenhum problema o fato de Deadpool – o filme – não se levar á sério de forma alguma. Afinal, essa é a premissa original do personagem. Mas o diretor Tim Miller não conseguiu achar o balanço dramático correto. Seria Deadpool um longa de ação, uma comédia, ou uma mera paródia dos quadrinhos? O roteiro abusa de forma cansativa das piadas internas e da autorreferência. Em vários momentos isso desvia o foco do que acontece na tela.

Deadpool não é exatamente um filme de ação, já que as cenas de luta são pouco cruciais para o desenvolvimento da história. Em vários momentos, o anti-herói fala para a plateia que o filme foi feito com pouco dinheiro. Isso fica perceptível no acabamento final – o CGI, por sinal, é pobre. Mas o problema mesmo é o arco dramático. As motivações dele para matar Ajax são pífias e não despertam emoções ou envolvimento. Por causa da torrente de palavrões, da violência explícita (cabeças são explodidas e partes do corpo desmembradas de forma gráfica) e das cenas de nudez, o filme ganhou a classificação de 16 anos e os pré-adolescentes fãs da HQ não vão conseguir ver o longa na tela grande. O filme também passa a impressão que é um teste, servindo a princípio para apresentar os personagens e suas características mais definidoras.

O que se espera é que, se fizer sucesso, Deadpool volte mais enxuto, menos previsível, contando uma história um pouco mais interessante e com uma missão mais definida. Ele pode manter o senso de humor e as gracinhas, mas as referências à vida real de Ryan Reynolds têm que cessar.

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