O humor e a anarquia que vimos nos teasers se perdem no excesso de personagens e na narrativa por vezes confusa do longa
Paulo Cavalcanti Publicado em 03/08/2016, às 19h48 - Atualizado em 04/08/2016, às 11h57
Os inúmeros trailers de Esquadrão Suicida divulgados ao longo dos últimos meses venderam uma imagem errada do filme. Havia humor e anarquia nos teasers, mas eles se perdem no excesso de personagens e na narrativa por vezes confusa do longa. Como todos sabem, Esquadrão Suicida reúne alguns dos mais repulsivos vilões do universo da DC Comics. Ele estão aprisionados em uma fortaleza de segurança máxima localizada em Louisiana, nos Estados Unidos, quando lhes é oferecida uma tarefa no esquema ou "é sim" ou "é sim". Eles estarão livres momentaneamente para realizar essa missão suicida.
Se voltarem vivos, talvez ganhem uma remota chance de terem uma parte da sentença perpétua comutada. A premissa não é nada original – é basicamente o ponto de partida, por exemplo, do clássico Os Doze Condenados (1968).
E assim começa Esquadrão Suicida. A equipe é introduzida em rápidas montagens e quem merece mais espaço são o Pistoleiro (Will Smith), um assassino de aluguel com pontaria sobre-humana, mas cujo ponto fraco é se preocupar com a filha de onze anos, e Arlequina (Margot Robbie), uma ex-psiquiatra que virou uma criminosa psicótica depois de se apaixonar pelo infame Coringa (Jared Leto). O resto dos vilões ganha uma introdução breve e menos detalhada. Eles são Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Diablo (Jay Hernandez), Amarra (Adam Beach, que some logo no começo) e o mutante Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje).
Por trás de toda esta perigosa armação se encontra Amanda Walles (Viola Davis), uma alta funcionária do Serviço de Inteligência do Governo sem nenhuma sutileza e de ética duvidosa. Ela convence o resto do governo dos Estados Unidos de que os metahumanos são a única chance de combater o terrorismo depois da morte do Superman. Eles vão ter que se debater com um exército de zumbis gosmentos que invadiram Midway City. E quem tem a impossível tarefa de liderar o esquadrão de sociopatas, sádicos e assassinos e tentar mantê-los na linha é o Comandante dos SEALs Rick Flag (Joel Kinnaman).
Não é nenhuma surpresa que tudo vai dar terrivelmente errado. Em Esquadrão Suicida, as linhas entre quem está certo e que está errado são borradas, mas isso acontece não por um recurso narrativo – a culpa é mesmo da direção e do roteiros pouco coesos assinados por David Ayers.
É cômodo dizer que Margot Robbie rouba o show já que ela é a mais vistosa em cena e tem 90% da piadas embaladas em humor negro presentes no roteiro. Will Smith é quem mais chega perto do que se pode chamar de mocinho, e é o capitão não-oficial da equipe. Já Viola Davis tenta manter o semblante sério em meio à confusão – a personagem dela impõem mais respeito do que os anti-heróis amorais e loucos. O resto do elenco não tem tanto espaço, embora Diablo, o homem capaz de causar incêndio em um piscar de olhos, sobressaia como um lutador relutante, ele não quer mais usar os superpoderes que possui. Já o Coringa de Jared Leto é bom, mas ele aparece pouco – a função dele na trama é apenas motivar o comportamento bizarro de Arlequina. Batman (Ben Affleck) surge em duas pontas em momentos de flashback – o ódio pelo Cavaleiro das Trevas é um ponto de união entre os membros do Esquadrão.
Quem entrar no espírito de anarquia, falta de lógica e puro caos vai até se divertir com Esquadrão Suicida. Os efeitos não fazem feio e as várias cenas de luta e de ação são bem coreografadas. A direção de arte é de primeira – os créditos inicias são delirantes e as tentativas de emular o visual de HQ dá muito certo. A trilha sonora usando hip-hop e canções dos anos 1960 e 1970 também é um acerto. Mesmo com um pouco de mão pesada e incerteza narrativa, o longa é um avanço em relação a turgidez de Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Quem sabe aos poucos o universo expandido da DC vai se refinando.
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