Paulo Cavalcanti Publicado em 06/07/2017, às 15h24 - Atualizado em 07/07/2017, às 12h34
O fenômeno Mulher Maravilha segue firme e forte – o enorme sucesso de bilheteria no mundo todo e a qualidade do filme deram um novo voto de confiança para o time Warner/DC. Mas nesta quinta, 6, a competição entre essa equipe e a da grande concorrente Marvel volta a esquentar com a estreia de Homem-Aranha: De Volta ao Lar. É a terceira vez que a franquia Homem-Aranha é revivida em 15 anos, mas há motivo para um reboot, desta vez. O título original, Spider-Man: Homecoming, é uma referência ao chamado homecoming, tradição estudantil norte-americana. Mas a referência ao "retorno ao lar" também significa que o personagem volta ao domínio criativo da Marvel. O filme ainda é produzido e distribuído pela Sony Pictures, mas o longa, mesmo de uma forma tangencial, agora pertence ao universo expandido da Marvel/Disney, iniciado em 2008 com Homem de Ferro.
O novo Homem-Aranha, interpretado pelo inglês Tom Holland, já havia feito uma breve aparição em Capitão América: Guerra Civil (2016). Foi um teste para ver como o público iria encarar este novo reboot do personagem. Ele foi muito bem-recebido e no longa que estreia agora mostra que ele faz jus ao uniforme. Peter Parker é um garoto de 15 anos que frequenta o ensino médio no Queens, Nova York. Ele tem as preocupações normais de qualquer adolescente, mas agora também segue uma complicada vida dupla. No cotidiano escolar, ele nutre uma paixão recolhida pela colega Liz (Laura Harrier), se envolve em várias atividades com o amigo e confidente Ned (Jacob Batalon) e sofre bullying nas mãos do exibido Flash Thompson (Tony Revolori). Quando volta para casa, tenta convencer a tia May (Marisa Tomei) de que a vida dele segue sem problemas, o que, é claro, não é verdade. Parker é um desastre, socialmente, mas é um excelente estudante, pelo menos até perder a concentração e a motivação ao perceber que poderia estar nas ruas, salvando o mundo, em vez de perdendo tempo ali. Depois de ter sentido o gosto da ação extrema, Parker se sente frustrado e quer se juntar novamente aos Vingadores, tornando-se um herói de forma definitiva.
Mas Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) sabe que o caminho é muito longo e o rapaz não tem preparo ou maturidade para tanto. Ele aconselha ao garoto a “ficar com os pés no chão”. "Seja apenas o Homem-Aranha, o amigão da vizinhança", ele diz. Parker, ansioso, não obedece ao mentor e sai às ruas como um bizarro vigilante, tentando desastradamente combater crimes pequenos. Ele mais atrapalha do que ajuda – sem querer, acaba até destruindo propriedade alheia. Nessa solitária busca pela justiça na vizinhança, ele acidentalmente descobre um esquema de venda de armas poderosas, construídas com sucata de material alienígena. Quem está por trás disso é Adrian Toomes (Michael Keaton), um trabalhador da classe operária, honesto e batalhador, que foi atingido pela interferência da corporação de Stark, perdeu tudo e rumou para o crime. Toomes se transforma em uma criatura alada chamada Abutre e, aos lado dos capangas, busca dinheiro fácil no submundo.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar é uma mistura de filme de ação com comédia adolescente, com o coração e alma plantados no cinema teen dos 1980. A presença espiritual do falecido diretor John Hughes é poderosa, sedo que há referências diretas a clássicos dele, como Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado. Mas não é reciclagem retrô: a visão embutida na produção é focada nos dia de hoje, fazendo piadas com youtubers, blogueiros e até com os chamados justiceiros sociais. O diretor Jon Watts veio do cinema indie e tem poucos créditos no currículo, mas demonstra segurança e inventividade nas cenas de ação e nos momentos mais "quietos". Ele satiriza o pomposo universo dos Vingadores e também leva na brincadeira a mitologia do próprio Homem-Aranha – até a famosa cena do beijo “de ponta cabeça” de Homem-Aranha (2002) recebe uma hilariante citação. O mais importante é que ele mantém o fluxo e o pique.
Tom Holland tem 21 anos, mas aparenta ter os 15 do personagem. Na pele de Peter Parker/Homem Aranha, é engraçado, vulnerável e humano, nunca exagerando no tom. Com o tempo, irá suplantar Tobey McGuire como a visão definitiva que os fãs têm do Homem-Aranha. Como Toomes/Abutre, Michael Keaton é um dos melhores vilões do universo Marvel. Não se trata de uma figura grandiloquente, com poderes sobre-humanos, que pretende conquistar o mundo ou aniquilar a população do planeta só porque acha os humanos imperfeitos e vulgares. Ele é o cara comum, mas com habilidade para construir e usar ferramentas tecnológicas. Em vez de ser o vilão que quer devastar grandes cidades, este só quer fazer as coisas debaixo do pano, lucrar e manter o padrão de vida da família. O Tony Stark de Robert Downey Jr. é ainda o ambíguo compasso moral do universo dos Vingadores. Peter Parker quer ser como ele (“Nunca queira ser igual a mim”, ele fala ao garoto). Loomes detesta o empresário, que vê como o liberal pedante e endinheirado que, usando o poder de megacorporações, oprime o cidadão “das ruas”.
Homem-Aranha: De Volta ao La/ir é um triunfo, resgatando a essência do personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko, mas agora colocando o tempero particular das produções dos estúdios Marvel. Resta torcer para que o Homem-Aranha tenha uma participação mais suculenta em Avengers: Infinity Wars (2018), o próximo capítulo da saga dos Vingadores. E também esperar que o próximo filme solo do personagem, previsto para 2019, siga a mesma linha deste.
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