<i>À Deriva</i>, de Heitor Dhalia, abriu os trabalhos do Festival de Paulínia nesta quinta, 9 - Divulgação

II Festival de Cinema de Paulínia começa com À Deriva

Terceiro longa-metragem de Heitor Dhalia, filme fez as honras da segunda edição da maratona cinematográfica voltada para a produção nacional; sessões vão até quinta, 16

Por Adriana Douglas, de Paulínia Publicado em 16/07/2009, às 13h07

Foi dada a largada para o II Festival de Cinema de Paulínia, no interior de São Paulo. Com cerimônia reservada apenas para convidados na noite da última quinta-feira, 9, a maratona dedicada exclusivamente à produção cinematográfica nacional teve sua abertura ilustrada pela exibição do filme À Deriva, de Heitor Dhalia.

Com apresentação do Lázaro Ramos e da jornalista e atriz Marília Gabriela, o primeiro dia do evento contou com a presença de personalidades do cinema nacional, entre eles o diretor Mauro Lima (Meu Nome Não É Johnny), o crítico e curador do festival Rubens Ewald Filho, e os atores Ney Latorraca, Paula Burlamarqui, Antonio e Rocco Pitanga, Maria Paula, Selton Mello, entre outros.

Exibido pela primeira vez no Brasil, após ter sua premiere na edição 2009 do Festival de Cannes, na França, em maio deste ano, o longa traz aos cinemas o lado pessoal de Dhalia, que conta, nas entrelinhas da trama, fatos reais de sua adolescência. Aos 39 anos, o cineasta embarca em seu terceiro projeto de grande porte (depois de dirigir Nina, em 2004, e O Cheiro do Ralo, em 2006), com a missão de revelar os conflitos joviais de uma garota de 14 anos.

Felipa, interpretada pela estreante Laura Neiva, tem de lidar simultaneamente com a separação dos pais e a descoberta da própria sexualidade. Ao flagrar o pai (Vincent Cassel) traindo sua mãe (Déborah Bloch) durante as férias de verão, a jovem se vê envolvida na confusão entre amor e sexo. "Trata-se da derrocada de uma família, em naufrágio, construída através do olhar da garota", explicou Dhalia, responsável também pelo roteiro do filme - escrito em parceria com a esposa e cineasta Vera Egito (Espalhadas Pelo Ar) -, em entrevista em coletiva de imprensa.

A escolha de ambientar a história na década de 80 é outro ponto que o diretor garante ser relacionado com a realidade que viveu. "Morei na praia por muitos anos e meus pais se separaram quando eu tinha a mesma idade que a personagem", contou, ressaltando que a opção pela paisagem de Búzios, no Rio de Janeiro, vai além da beleza - o local abriga muitos estrangeiros vivem, o que faria sentido para um personagem francês radicado no país (papel de Cassel). "O filme tinha de ser pessoal e foi construído a partir do universo real."

Centrado na perda de inocência da adolescente, Dhalia optou por colocar em cena dois atores conhecidos do público com um time de jovens inexperientes. Laura Neiva, inclusive, foi encontrada pela equipe de produção através do Orkut, uma "opção arriscada". "Eu não conseguia achar a atriz com o olhar ideal para o filme. Quando bati o olho [em Laura], pensei: 'é ela'", afirmou. "A serenidade, calma e ingenuidade dela é incrível", exaltou o cineasta, ao acrescentar que o carisma da jovem deverá ajudá-la a consolidar carreira. A garota contou que está dedicando o tempo agora aos estudos de dramaturgia, para levar a empreitada adiante. "Estou feliz, mas com o pé no chão. Nunca pensei em ser atriz e tudo aconteceu muito rápido. Mas agora meu foco são os estudos", declarou.

Apesar de acreditar na complexidade do filme, Dhalia espera que o público brasileiro se conecte com as histórias ali representadas. "À Deriva é um filme delicado, pequeno, mas com afinidade para criar o diálogo com as pessoas. Estou cada vez mais buscando essa comunicação, para que o filme fale com mais gente", concluiu. A estreia no circuito comercial está marcada para o dia 31 de julho, enquanto na agenda do diretor já estão sendo roteirizados outros cinco projetos (entre eles, uma produção baseada na história de Serra Pelada, no Pará, que poderá contar com Neiva novamente no elenco).

Competição

Na disputa pela estatueta Menina de Ouro, estarão, ao todo, 12 longas (entre ficção e documentários) e 12 curtas-metragens. Para o encerramento do festival, o público terá a oportunidade de assistir ao filme Tempos de Paz, de Daniel Filho, diretor homenageado da mostra.

Logo em seguida, a banda Paralamas do Sucesso se apresentará no sambódromo da cidade. O vocalista Herbert Vianna é tema do último documentário da maratona, Herbert de Perto, de Roberto Berliner e Pedro Bronz, a ser exibido às 18h da quarta-feira, 15.

Para a programação completa do II Festival de Cinema de Paulínia, clique aqui.

II Festival de Cinema de Paulínia

9 a 16/07, a partir das 10h

Theatro Municipal de Paulínia

Gratuito

Informações: www.festivalpaulinia.com.br

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