Filme indicado a 12 estatuetas no Oscar estreia nesta sexta, 25, no Brasil
Paulo Cavalcanti Publicado em 25/01/2013, às 10h47 - Atualizado às 10h51
Antes de assistir a Lincoln, que estreia nesta sexta, 25, é bom que espectador dê uma passada na Wikipédia e fique por dentro dos personagens e situações que habitam o drama indicado a 12 estatuetas no Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado (Tony Kushner). É interessante ter uma certa familiaridade com o que acontece no filme ou tudo vai parecer uma chatice incompreensível ou uma lição de historia pertinente somente aos norte-americanos. O próprio Steven Spielberg já falou que Lincoln pode parecer difícil para quem não tem o domínio da língua inglesa – o filme é longo (160 minutos), teatral e basicamente só tem diálogos, sem nenhuma ação.
Lincoln não é exatamente uma biografia, é mais um tratado de como exercer a política. O filme se passa em 1865, cobrindo apenas os últimos quatro meses da vida do 16º Presidente dos Estados Unidos. Abraham Lincoln está em seu segundo mandato e em meio a maior crise pela qual o país já havia passado. Os Estados Unidos se arrastam em meio a uma guerra civil entre o Norte e o Sul do país, que acabou vitimando mais de 800 mil pessoas. O Norte, presidido por Lincoln, está prestes a vencer a guerra, mas antes de a paz ser assinada, ele precisa passar no Congresso norte-americano a 13º emenda que abole a escravidão no país. Ele sabe que depois de o Sul ser reincorporado à União e voltar a ter direito de voto no congresso, seria muito mais difícil libertar os escravos.
O filme tem um andamento lento, mas isso é intencional. Spielberg segue o ritmo de trabalho do Presidente: moroso, paciente e contemplativo. É assim que Lincoln trabalha, tentando convencer aliados relutantes de seu Partido Republicano e adversários a votar na emenda. No filme, Lincoln é um mestre dos bastidores da política. O seu jeito caipira esconde um astuto negociador. Ele não se furta a ameaçar de forma velada ou esconder a verdade para ganhar tempo. Não é avesso a fazer acordos e oferecer vantagens para convencer os indecisos. Mas faz tudo isso como um gentil advogado do interior, muitas vezes interrompendo reuniões de gabinete para contar histórias folclóricas que aparentemente não têm nada a ver com o assunto, mas que no final revelam suas motivações. Lincoln, o presidente, olha para um quadro maior e quer resolver as coisas para reconstruir o país.
Daniel Day-Lewis, que nunca é capaz de oferecer uma performance ruim, é favorito ao Oscar de melhor ator e, se isto realmente acontecer, vai ser merecido. O resto do elenco é formado apenas por atores notáveis, como Tommy Lee Jones no papel do abolicionista Thaddeus Stevens e de Sally Field como Mary Todd, a complicada esposa de Lincoln. Assim como Day-Lewis, Field e Jones também foram indicados ao Oscar.
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