O rapper recebeu seis indicações incluindo Álbum do Ano e Artista Revelação e se apresenta na cerimônia no dia 26 de janeiro
Nicolle Cabral Publicado em 23/01/2020, às 16h58
Montero Lamar Hill é o verdadeiro nome por trás da criação do hit mais improvável de 2019: o cross-country hip-hop "Old Town Road". A faixa, gravada em dezembro do ano anterior pelo rapper Lil Nas X em um pequeno estúdio de Atlanta, custou apenas US$ 50 e alcançou o topo de vendas e apareceu no primeiro lugar no Hot 100 da Billboard e se manteve durante dezenove semanas.
O sucesso do hit foi um dos fenômenos mais interessantes da indústria fonográfica dos últimos anos. Com apenas 20 anos, Lil Nas X pôs em questionamento as regras da principal parada dos Estados Unidos, quando retiraram a versão da música gravada com Billy Ray Cyrus da parada Hot Country Songs, após aparecer na 19ª posição.
Na época, os fãs acusaram a revista de racismo, mas a Billboard explicou que a canção "não tem elementos o suficientes das músicas da parada country de hoje". Posicionamento bastante controvérsio.
Atualmente, quase quase 10 meses e 1,8 bilhão de transmissões depois, essa polêmica ainda dói para Nas, que diz: "Eu não sinto que nenhum lugar específico na indústria da música me aceite como um todo".
Neste mês, o rapper recebeu seis indicações ao Grammy, incluindo Álbum do Ano e Artista Revelação, e se apresenta na cerimônia no dia 26 de janeiro ao lado de Billy Ray Cyrus. Além disso, estampou a capa daVariety e deu uma entrevista intimista sobre a própria infância e a ascenção com o hit "Old Town Road". Leia abaixo algumas curiosidades sobre o artista:
Aos 20 anos, o rapper de Atlanta ainda gravava as músicas no closet da avó quando decidiu comprar o beat de "Old Town Road" de YoungKio, produtor holandês, pelo YouTube, em outubro de 2018.
Com apenas US$ 50 (US$ 30 para baixar o beat + uma taxa fixa de US $ 20), o burburinho do mashup entre os dois gêneros foi primeiramente hospedado no SoundCloud, mas se tornou viral graças ao desafio #Yeehaw no aplicativo TikTok (que vem ditando quais serão os próximos hits) e as incansáveis promoções pelo Reddit, Twitter e Instagram.
Após a música ter conquistado o topo das paradas de streaming, uma guerra entre as gravadoras para contratá-lo começou, o que inevitalmente atriu a atenção de Ron Perry, o novo presidente da Columbia Records.
"Culturalmente, 'Old Town Road' reuniu pessoas, o que é importante nesses tempos de divisão", revelou Perry à Variety. "E musicalmente, isso nos levou a um mundo sem gênero".
Para entrar em contato com o rapper, Perry mandou uma DM no Instagram. Nas conta: "Ele sabia a melhor maneira de abordar um cara que está no Twitter tuítando memes".
Por outro lado, o processo do contrato com a gravadora provou ser decididamente à moda antiga. "Ron estava agindo como um louco", lembra Nas. "Eu trouxe meu pai e [Ron] disse: 'Nós vamos fazer do seu filho um milionário e super famoso.' Parecia que eu estava em um episódio de 'Punk'd'".
"Eles estavam duvidando dele, mas Ron apenas acreditou e apostou tudo em 100%. E valeu a pena".
"Eu tive um período rebelde", diz Nas sobre a adolescência com o pai. "Eu me sentia preso. Mesmo quando eu estava prestes a ir para a faculdade - quando finalmente senti a liberdade - eu pintei meu cabelo, e meu pai ficou tão bravo comigo. E eu falava: 'tenho 18 anos'. Ele sente que sempre que faço algo diferente, estou tentando seguir os passos de outra pessoa. Eu costumava me sentir assim também", revelou àVariety.
Os pais de Nas, que nunca se casaram, se separaram quando ele tinha cinco anos e ele se mudou para a casa da avó. Quando ele completou 9 anos, o pai ganhou a custódia.
Sobre a mãe, Nas aprendeu muito sobre impotência em 2019, enquanto tentava secretamente levar sua mãe à reabilitação.
"Eu realmente nunca falo sobre minha mãe. Ela é viciada, então não temos o relacionamento mais próximo. Mesmo tentando melhorá-la - as coisas não deram certo. Ainda há amor. Mas solidão também".
Embora ele namorasse mulheres quando era mais novo, Nas se assumiu homossexual publicamente no dia 30 de junho, conhecido como o Dia do Orgulho LGBTQ+ em 2019.
"Poderia ter sido de qualquer maneira", diz ele sobre a reação ao anúncio, que quase quebrou a internet.
“Ele não apenas quebrou os tetos de vidro na música, mas também enviou uma mensagem de afirmação aos homens negros LGBTQ, que raramente se vêem celebrados em Hollywood e na cultura mais ampla", disse Sarah Kate Ellis, presidente e CEO da GLAAD.
Quando questionado pelo veículo sobre a indicação ao GLAAD Award, Nas respondeu: "Espero que minhas ações sejam suficientes para inspirar outras crianças LGBTQ que não tenham medo de serem elas mesmas, mas sinto pressão em ser um modelo para a comunidade".
Antes de se tornar "a cara" do orgulho gay, Nas não consultou os gerentes, publicitários ou o chefe da gravadora. Mas o rapper ligou para o pai dele.
"Nós nos aproximamos", diz ele sobre o relacionamento deles.
"Quero dizer, especialmente agora porque não tenho nada a esconder. Foi um choque para ele. Ainda é a fase inicial. Ainda não me sinto confortável levar alguém". Mas Nas disse que "conheceu pessoas ótimas, mas que os relacionamentos são difíceis porque ele acaba ficando muito ocupado ou se apaixonando rapidamente por outra pessoa".
Na entrevista, Nas também pontua as perdas que teve como lições valiosas da vida. "Muita coisa aconteceu durante a minha ascensão", referindo-se às mortes de Nipsey Hussle, XXXTentacion e Juice Wrld.
"Você sabe, drogas e assassinatos. E minha avó faleceu [em 2018] - ela foi a primeira pessoa perto de mim que morreu. Foi devastador. E isso me fez um hipocondríaco: eu acordava, com o coração acelerado. Foi assustador".
O rapper conta que essas questões o levaram a um período de automedicação como fumar muita maconha. "Mas então eu comecei a me sentir mais conectado com o universo, e tomando tudo como um sinal".
Segundo Musa, as pessoas não sabem que ele é mais profundo o que as brincadeiras que os fãs veem no Twitter ou no Instagram. "Ele tem todos esses pensamentos mundanos e é muito espiritual. Ele vai me matar por dizer isso, mas fazemos muita ioga".
Tempo depois de respirar a ascensão, Lil pontua: "A maior surpresa de se tornar mundialmente famoso? Por fora, todo mundo te ama - mas por dentro, tudo parece o mesmo".
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