O caminho da Dinamarca das trevas para a luz no século 18 é narrado nesse romance histórico com tintas de ficção
Stella Rodrigues Publicado em 08/02/2013, às 12h36 - Atualizado em 19/02/2013, às 13h01
A ideia do filme de época visualmente belo, de figurinos e fotografia deslumbrantes, porém de roteiro potencialmente tedioso e pouco exato não condiz com O Amante da Rainha, que estreia no Brasil nesta sexta, 8. A base da história deste indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é o casamento da jovem princesa britânica Carolina Matilde (Alicia Vikander) com o rei insano da Dinamarca, Cristiano VII (Mikkel Boe Følsgaard), o que a leva a viver infeliz em um país extremamente atrasado intelectualmente, dominado pela censura e com uma realeza absolutamente sujeita à religião. A vida dela muda quando se apaixona pelo amante indicado no título, o médico da realeza Struensee (Mads Mikkelsen), um homem de ideais iluministas. Dosando romance, história e revolução social e política, o filme dirigido por Nikolaj Arcel narra os acontecimentos que se deram em todas essas frentes e mudaram o rumo da Dinamarca.
Há momentos do filme em que uma mente desconfiada pode suspeitar da exatidão histórica dos acontecimentos, contados pelo ponto de vista da rainha e com nuances romantizadas e idealizadas. Isso talvez seja justificado pela escolha dos livros que inspiraram, oficial e não oficialmente, o roteiro de Rasmus Heisterberg e Nikolaj Arcel (dupla que adaptou o original Os Homens Que Não Amavam As Mulheres): o romance erótico Prinsesse af Blodet, de Bodil Steensen-Leth, que conta a vida de Carolina, e The Visit of the Royal Physician, de Per Olov Enquist, que traça uma visão do médico como um promotor idealista da liberdade de expressão. Este último aponta ainda toda a ironia que há em a própria rainha ser quem começa a sabotar a corte para libertar o povo da opressão da realeza.
A mudança de valores se mostra conturbada, como não poderia deixar de ser. O povo tem dificuldade em alcançar o status de liberdade; a razão sofre para quebrar barreiras em um mundo de conceitos profundamente arraigados na igreja; e a insanidade clínica do rei – que não podia ser diagnosticada apropriadamente na época, mas que foi captada pelo médico Struensee, mesmo que de forma rudimentar – faz dele um ser fundamentalmente ingênuo, característica que é usada como instrumento de manipulação pelos dois lados. A corte tenta convencer o rei instável (a partir dos relatos da época, hoje acredita-se que ele era acometido por alguma espécie de esquizofrenia) de que sua esposa e o médico, que ele idolatra, são o inimigo. Enquanto isso, estes usam o respeito e o carinho que o rei sente por Struensee para subjugar o conselho real e mudar as leis à maneira aprendida nos livros de Locke, Russeau e outros intelectuais proibidos na Dinamarca. Escondidos, Carolina e Struensee liam e debatiam essas obras – que também serviram de estímulo para aflorar o romance igualmente proibido entre rainha e doutor.
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