Feist fez pela primeira vez um show no Brasil nesta segunda, 22, em São Paulo - Diego Ciarlariello

Inquieta, Feist faz show de altos e baixos em São Paulo

Sem “1234”, cantora canadense mostrou seus contrastes e concorreu com falatório do público

Lucas Reginato Publicado em 23/10/2012, às 02h50 - Atualizado às 12h02

Por mais que tenha enfrentado adversidades em seu show em São Paulo, Feist conseguiu conquistar o público sem ser nada além daquilo que simplesmente é. Seu jeito doce e inquieto constrói em cena uma personalidade inconstante que cativa a plateia – ou pelo menos parte dela.

Foi o que aconteceu no Cine Joia nesta segunda, 22, quando a canadense fez o primeiro de dois shows dentro do festival Popload Gig. Foi a estreia da cantora em palcos brasileiros – em 2007 ela cancelou em cima da hora, por questões de saúde, sua apresentação no Tim Festival. Acompanhada de dois multi-instrumentistas e três backing vocals, Feist escolheu a faixa “How Come You Never Go There”, primeiro single de Metals (2011), seu mais recente álbum, para a abertura da apresentção. A escolha foi acertada, mas sua voz estava apagada nas caixas de som, principalmente porque era obrigada a enfrentar um falatório intenso do público, por vezes desatento.

Um bom número de pessoas compareceu à casa de shows. Por outro lado, a plateia não era das mais dedicadas e durante parte da apresentação, principalmente nos momentos em que a cantora oferecia suas baladas mais intimistas, um contingente de presentes conversava enquanto outros se esforçavam em pedir silêncio.

Mas a cantora consegue reverter constantemente a situação a seu favor. Uma tensão parece se alojar no interior dela, explodindo em refrãos eloquentes. Feist é cheia de contrastes e vai do harmonioso ao caótico em um verso, do intimista ao grandioso em um acorde, do distante ao popular em poucos gestos. Em “I Feel it All”, por exemplo, ela comanda o público com um frenesi desenfreado, enquanto em “Get it Wrong, Get it Right” testa a atenção da plateia com frases extensas – nesse caso, Feist perde a briga.

Não são poucos os momentos em que ela serve de maestrina para um dedicado coral. Antes de “So Sorry”, por exemplo, ela brincou sobre o fato de ter cancelado show em São Paulo anteriormente e usou deste recurso para dividir os presentes – uma hora canta quem comprou o ingresso e ficou a ver navios naquela época, depois cantam os outros. A gincana vocal funciona, mas não o suficiente para que a participação permaneça durante toda a canção, e constantemente a cantora volta a pedir palmas e coros do público.

No set list marcaram presença principalmente músicas de seu último álbum, como, além das já citadas, a bela “The Circle Married the Line” e a sombria “Graveyard”. Um dos grandes trunfos de Feist é explorar uma quantidade de efeitos sonoros visivelmente retirados de inspirações das mais diversas – de cantos africanos a música cigana, de guitarras norte-americanas a tambores marciais. Quando a mistura, que resulta em uma bonita combinação no palco, parece dar sinais de fadiga, algo se transforma, seja com uma percussão mais demarcada em “The Bad in Each Other”, seja com um efeito vocal eletrônico em “Comfort Me”. A artista ainda arrisca um inesperado e bem sucedido cover de “My Girl”, do The Temptations, que cumpre a missão de quebrar o gelo.

O show começou com cerca de 15 minutos de atraso (estava marcado para as 23h) e percorreu 1h30 no relógio antes de ter fim para que fosse solicitado o bis. Foram ainda mais 20 minutos, com destaque absoluto para “Sealion”, que com o refrão simples foi repetida pela plateia, que não dava sinais de cansaço. Sem cantar “1234”, seu grande hit, a canadense saiu de cena aparentemente bastante satisfeita e muito aplaudida, mesmo por aqueles que preferiram colocar a conversa em dia durante a apresentação.

Feist volta a se apresentar nesta terça, 23, no Cine Joia, e nesta quarta, 24, no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro.

The Mirror feist how come you never go there feel it all

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