“Em que tipo de sociedade nós vivemos em que todo mundo tem que ser seguido e rastreado por uma câmera?”, questiona Rob Garza
Stella Rodrigues Publicado em 27/05/2012, às 09h14
Em uma conversa com a Rolling Stone Brasil, Rob Garza (à direita, na foto), uma das metades do Thievery Corporation, parou para analisar a forma como vê o disco Culture of Fear, lançamento mais recente do grupo, depois de ter viajado com eles para alguns lugares, inclusive o Brasil (eles fizeram show no Lollapalooza).
“Nesse disco estamos falando dos problemas políticos nos Estados Unidos. E nos últimos meses parece que as coisas pioraram, no que diz respeito à sociedade, à restrição da liberdade dos indivíduos”, afirma sobre o material, que é carregado de letras politizadas e críticas. “Quando tocamos ao vivo, parece que as músicas ganham mais intensidade, outra profundidade, e mais significado.”
Como já é tradição, uma seleção de cantores foi convidada. Desta vez, as escolhas trouxeram inovações. “Escolhemos vocalistas da nossa cidade natal, Washington, gente com quem trabalhamos antes (Lou Lou), e também Mr Lif, que participou da nossa primeira música hip-hop de verdade. O cara é parte das nossas vidas agora.”
Se o título do álbum fala da cultura do medo, a capa remete à cultura da vigilância (veja a capa do disco na galeria ao lado), outro alvo das críticas do duo. “A ideia por trás é que a gente está sempre sendo monitorado por essas câmeras todas. Seus pais já ficavam acompanhando seu crescimento com uma e agora elas estão em todos os lugares, aeroportos etc. Sabia que Londres é a cidade com mais câmeras do mundo? E fiquei pensando: em que tipo de sociedade nós vivemos, em que todo mundo tem que ser seguido e rastreado?”.
“Gostamos de nos envolver, acho que dá uma dimensão para o que a gente faz”, pondera ele sobre o teor politizado das faixas. “Tudo que você tem que fazer é sair na rua para ver o que está acontecendo. Nossa música faz parte da resposta a isso. E como temos nosso próprio selo, então, tem sido uma estrada muito diferente essa nossa. Mas uma estrada muito gratificante, porque controlamos nós mesmos a nossa música.”
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