Quarto filme da franquia dirigida por Michael Bay traz novo elenco e os velhos conhecidos robôs gigantes
Pedro Antunes Publicado em 17/07/2014, às 07h55 - Atualizado às 18h55
Se Michael Bay fosse um produtor fonográfico, certamente hoje estaria enfurnado em um estúdio requintado de Los Angeles, nos Estados Unidos, debruçado sobre um disco de Britney Spears, procurando maneiras de deixá-lo ainda mais rentável e pop. Mas ele escolheu o cinema e a franquia Transformers toma o lugar de Britney na comparação.
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É preciso deste exercício para entender como a franquia, que chega ao quarto filme, A Era da Extinção, com estreia no Brasil nesta quinta-feira, 17, pode ser tão bem-sucedida financeiramente falando, mas constantemente desprezada por críticos e especialistas em cinema. O novo longa-metragem torna ainda fundo o buraco que divide a crítica e as bilheterias, uma diferença tão discrepante quanto um álbum dos Beatles e outro da Miley Cyrus nos tempos de Hannah Montana.
Mas, ao contrário do pop enlatado da indústria fonográfica, Transformers não é esquecido facilmente, talvez por causa do atordoamento que é estar em uma sala de cinema por quase três horas enquanto robôs gigantes se digladiam e as cidades são dizimadas.
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Bay encerrou o primeiro ciclo de Transformers em 2011, com O Lado Oculto da Lua. Na ocasião, inclusive, chegou a afirmar que os robôs estariam fora dos planos dele permanentemente. Nada que um cheque gordo e cheio de dígitos não seja capaz de mudar. Para retomar a história do ponto em que acabou o terceiro filme da série, com a cidade norte-americana de Chicago dizimada após uma ferrenha batalha entre os autobots (robôs bonzinhos) e decepticons (os malvados), escolheu-se por deixar os anos passarem e partir dali, com novos atores interagindo com os monstros de lata.
Mark Wahlberg, Nicola Peltz e Jack Reynor são os novos rostos humanos da franquia. Wahlberg é um inventor falido que descobre um caminhão velho (a versão automotiva de Optimus Prime, o comandante dos autobots), cuja filha (Nicola) namora Shane (Reynor) escondida - sim, porque o pai clichê interpretado por Wahlberg é extremamente ciumento. Tudo é tão óbvio, pouco convincente e descarado que você se pega sorrindo diante da tela, incrédulo com tudo que está acontecendo.
É preciso elogiar, contudo, o sarcasmo com o qual Bay trata a própria franquia. Logo no início do filme, um homem de idade e dono de um cinema já desativado surge na tela praticamente com o único propósito de dizer que remakes e franquias são um veneno que corre nas veias da indústria. Oras, a referência é tão óbvia, mas tão óbvia, que você se permite rir da brincadeira grosseira de Michael Bay.
O principal da trama é saber que os anos se passaram e a humanidade não ficou nada feliz com a chegada dos robôs gigantes do primeiro filme, em 2007, e qualquer atividade alienígena deve ser reportada às autoridades. Principalmente após a destruição da cidade de Chicago no longa de 2011. Até mesmo os autobots, que salvaram o planeta três vezes, são caçados. A calmaria obviamente acaba logo. Tome fôlego, porque o caos e ação desenfreada seguirão até o fim do filme – e ele demorará para chegar.
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Neste quarto filme Bay não inova, mas também não se atrapalha com a fórmula que ele próprio criou para a franquia. Explosões, tiros, acontecimentos mirabolantes e até dinobots (robôs dinossauros, sim) caminham juntos em uma jornada que parece interminável diante da tela de cinema. Você pode não gostar, mas os diretor não parece ligar. Transformers pode se tornar a franquia mais duradoura e de maior arrecadação da história, se Bay tiver fôlego para tanto. A Era da Extinção já faturou US$ 750 milhões ao redor do mundo e pode chegar a US$ 1,1 bilhão. É como aquele disco extremamente pop e descartável que está constantemente no topo das paradas. É inexplicável, sim, não adianta espernear.
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