Longa escrito e dirigido por Damien Chazelle, e rodado em apenas 19 dias, estreia nesta quinta, 8
Alex Morris Publicado em 07/01/2015, às 12h07 - Atualizado às 13h17
“Eu costumava comprar maconha ali”, diz o ator Miles Teller, apontando animadamente para uma rua no East Village, em Nova York, em um domingo à tarde. Teller, de 27 anos, está na cidade para uma exibição do filme Whiplash: Em Busca da Perfeição, que só acontecerá mais tarde. Antes da sessão, ele provavelmente vai pular o jantar para ficar descansando no quarto do Bowery Hotel, assistindo a um jogo de futebol americano, “deitado na bunda” da namorada dele.
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No caminho para o hotel, ele resolveu dar uma volta pela área da universidade NYU, onde estudou, e lembrar o passado. Teller mostra o alojamento de uma menina que namorou (“Era um dos poucos onde dava para ter um quarto próprio – um benefício e tanto, obviamente”) e para na frente de um cinema onde um cartaz anuncia o título de uma comédia romântica nem-tão-romântica estrelada por ele. “Olha! Two Night Stand está passando aqui! Só está em cinco cinemas em todo o país.” Ele tira uma foto da marquise.
A princípio, o ator parece ser o tipo de cara para quem apenas cinco cinemas seria excelente. Caminhando pela calçada, ele exala aquele jeito boa praça que costuma ser a razão pela qual é contratado para um filme – o rapaz que comemora tudo com um “toca aqui”, tem sempre uma piadinha na ponta da língua e consegue escapar de qualquer malandragem usando só o charme. Mas as aparências enganam: Teller se apressa em explicar que a única coisa que ele tem em comum com seu personagem de Whiplash, que estreia nesta quinta, 8, é a ambição aguda. “Eu quero que falem de mim do mesmo jeito que falam de Dustin Hoffman, Robert De Niro e Al Pacino”, ele diz.
Escrito e dirigido por Damien Chazelle e rodado em apenas 19 dias, Whiplash se passa em uma versão fictícia da faculdade de música Juilliard, onde um professor representado por J.K. Simmons inspira medo e genialidade, nessa ordem. Para se preparar para o papel, Teller, cujas habilidades musicais basicamente se resumiam a fazer um som com os colegas (“Quero dizer, eu poderia muito bem estar em uma banda cover de Bob Seger”, brinca), submeteu-se a um regime de bateria quase tão intenso quanto o de seu personagem. “Eu me sentiria o maior imbecil se fosse fazer este filme sem saber tocar bateria”, diz. “Quando sangrei pela primeira vez em cima do instrumento, me senti validado.”
Mas, mais do que isso, no filme Teller vai contra sua personalidade, transformando toda sua habitual simpatia no artista torturado que ele reconhece que nunca precisou ser. Criado no Condado das Frutas Cítricas, na Flórida, ele era o filho mais novo e adorado de uma família aparentemente bem normal, foi presidente da turma da escola, rei do baile, um talentoso ladrão de cerveja e “o moleque com quem todo mundo sempre queria ficar chapado”.
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Whiplash venceu os prêmios do Grande Júri e de Público no Festival de Cinema Sundance. Agora, Teller vai se arriscar a interpretar protagonistas adultos em quatro outros longas, incluindo uma prequel do Quarteto Fantástico em que ele representa ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Sr. Fantástico. Também estará no próximo trabalho de Chazelle e, em novembro, começou a rodar Bleed for This, cinebiografia produzida por Scorsese sobre o boxeador Vinny Pazienza, para a qual perdeu dez quilos e treinou de maneira obsessiva. “Quando você o conhece, parece alguém que ficaria contente apenas caindo na balada todos os dias”, conta Chazelle. “Mas daí você percebe como Miles é competitivo. Ele me lembra muito Robert Mitchum ou Marlon Brando – os atores da velha guarda famosos por representar anti-heróis. Não dá para parar de olhar para ele.”
Tanto trabalho e ambição significa que Teller agora tem pouco tempo para encher a cara, fumar maconha ou ficar deitado em cima da bunda da namorada sem fazer nada. “Quero fazer papéis mais exigentes”, ele diz, enquanto se inclina para a frente. “Você precisa escolher o lugar em que vai ficar de ressaca.”
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