- Bolsonaro de máscara olha para o lado (Foto: Andre Coelho/Getty Images)

Jair Bolsonaro está envolvido em ‘rachadinhas’, apontam gravações

Segundo declarações, quando Bolsonaro ainda era deputado, envolveu-se diretamente no esquema ilegal de rachadinhas

Redação Publicado em 05/07/2021, às 10h50

Gravações inéditas apontam para a participação de Jair Bolsonaro (sem partido) no esquema das rachadinhas. Conforme publicado pelo UOL, o envolvimento no esquema ilegal ocorreu quando o presidente ainda exercia os mandatos de deputado federal, entre 1991 e 2018.

Rachadinha é o nome para a prática caracterizada como crime de peculato, quando ocorre o  mau uso do dinheiro público. Trata-se de um desvio do salário dos assessores, previamente estabelecido, para favorecer parlamentar ou secretário - e a prática, muitas vezes, é uma exigência para a função.

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Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do chefe de Estado, afirma que Bolsonaro demitiu o irmão dela quando ele se recusou a devolver a maior parte do salário de como assessor. "O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'".

Em mensagens de áudio, segundo o UOL, Jair Bolsonaro é chamado como o “01” do esquema de rachadinhas pela mulher e filha de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Fávio Bolsonaro, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz. Nas gravações, Márcia afirma que o presidente “não vai deixar” Queiroz atuar como antes.

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Segundo reportagem do UOL, não apenas Fabrício Queiroz recolhia salários do esquema das rachadinhas, como um coronel da reserva do Exército também tinha a tarefa de reunir os salários da ex-cunhada de Bolsonaro no período em que ela constava como assessora do antigo gabinete de Flávio.

Frederick Wassef, advogado do presidente, negou ilegalidade e afirmou que declarações de Andrea Siqueira Valle "são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos".

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O esquema das rachadinhas foi divulgado em 2018, quando se descobriu o envolvimento de Fabrício Queiroz e outras pessoas. Desde então, ninguém havia mencionado Bolsonaro como um dos responsáveis pela prática ilegal.

Roberto Livianu, procurador de Justiça de São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, explicou ao UOL sobre a prática: "É um crime extremamente grave. Quando um deputado se apodera de recursos dos salários do funcionário de seu gabinete, ele está furtando ou se apropriando indevidamente de dinheiro público. Pois quem paga este salário é o orçamento público, a sociedade."

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