Michael Hill e banda Blues Mob - Divulgação/Cezar Fernandes

Jazz, blues e água

Segunda noite de festival em Rio das Ostras aconteceu debaixo de chuva

Antônio do Amaral Rocha Publicado em 09/06/2012, às 21h07 - Atualizado às 21h37

Na noite de sexta, 7, no palco Costa Azul do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, o céu estava fechado, sinal de que a qualquer momento um temporal poderia desabar sobre a cabeça das dez mil pessoas que aguardavam as atrações previstas. Por volta das 20h30, começou uma garoa que se transformou em um temporal nas horas seguintes.

Neste clima, o quinteto mineiro Plataforma C abriu os trabalhos executando clássicos da MPB, como “Bananeira”, de João Donato, “Ponteio”, de Edu Lobo, “Vera Cruz”, de Milton Nascimento, e uma versão arrepiante de “Trenzinho Caipira”, de Villa Lobos.

A chuva não dava trégua e sob um mar de capa e guarda-chuvas o palco recebeu a segunda atração da noite, o gaitista Mauricio Einhorn e banda, considerado a gaita mais importante da música brasileira. Acompanhado de baixo acústico, piano e bateria, Einhorn apresentou um show cool, quase didático, e após a execução de “Batida Diferente”, normalmente atribuída a Durval Ferreira, fez questão de frisar a sua parceria neste clássico da MPB.

Um show de jazz “clássico” foi a terceira atração. O pianista Kenny Barron, mais trompete, baixo acústico e bateria fez um show eletrizante, causando frisson entre os músicos que assistiam à performance no palco. O guitarrista Mike Stern era um dos que tentavam entender as diabruras do baterista Johnathan Blake e o também guitarrista Big Joe Manfra declarou espantado: “Mas que show de jazz é este?”. Apesar de se dizer correntemente que o jazz é uma música de difícil fruição, Kenny Barron parece deixar tudo muito fácil com sua maestria nas teclas do piano. A plateia ficou em suspenso e a liberação da energia se traduziu em demorados aplausos.

A chuva cessou logo no início da quarta e última atração programada. O guitarrista e cantor Michael Hill e a banda Blues Mob, que costuma fazer longos shows de mais de duas horas, nesta apresentação não foi diferente. Durante a sua performance eletrizante, a chuva voltou a aumentar mas o público não arredou pé. Cantou blues, rock, passeando por temas que incluíam até Jimi Hendrix e em uma aparente concessão deu de bandeja para o público cantar junto o reggae “No Woman No Cry”, de Bob Marley. No final, chamou ao palco a cantora Lica Cecato, que interpretou uma bela versão de “Georgia on My Mind”, de Ray Charles. Já se iniciava a madrugada, depois de duas horas e meia de show, quando se fecharam as cortinas, mas aparentemente Michael Hill teria continuado, tanto que no dia seguinte reuniu a sua banda no corredor do hotel e deu canja, cantando e tocando violão para poucas pessoas por algumas horas.

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