Primeira co-produção Brasil e Itália, Estômago mostra um cozinheiro tentando ser um mestre das panelas na prisão e em boteco pé-sujo
André Rodrigues, do Rio, para o site da RS Publicado em 28/09/2007, às 10h59 - Atualizado em 05/11/2007, às 19h21
No início, ouvimos detalhes sobre o gorgonzola. Raimundo Nonato (João Miguel) explica a origem desse tipo de queijo e enfia meia dúzia de palavrões no discurso para elogiar o sabor da iguaria. Assim começa "Estômago", primeira co-produção Brasil-Itália, dirigida por Marcos Jorge, que passa na mostra Première Brasil do Festival do Rio de Janeiro.
A platéia que lotou a primeira exibição mundial do longa na última quarta-feira (26) não foi conquistada somente pelo estômago, mas também pela acachapante atuação de João Miguel (Cinema, Aspirinas e Urubus, O Céu de Suely).
Seu Raimundo Nonato é um nordestino que chega a São Paulo atrás de todos aqueles sonhos que já conhecemos. Logo na primeira noite, encontra abrigo e emprego num boteco pé-sujo. Ele lava meia dúzia de pratos, come duas coxinhas e dorme num quartinho dos fundos. Um começo um tanto melancólico, mas promissor.
Paralelamente aos seus confrontos com os habitantes da cidade grande, conhecemos sua passagem pela prisão. Sim, Raimundo Nonato (ou Alecrim, como é chamado atrás das grades) é um sujeito com ficha na polícia.
Esses dois universos (da cidade e do presídio) começam um incessante diálogo, revelando a cada seqüência um novo dado e diversas piadas.
Em ambos os ambientes, Nonato está deslocado. Na cadeia, logo se sobrepõe ao resto da tropa comandada por Bujiu (Babu Santana, também em estado de graça) e passa a cozinhar "coisa de gente fina" para os companheiros de cela. Com um pouco de alecrim, azeite, queijo ralado e alho, o cozinheiro faz milagres e transforma o cheiro - e o humor - do lugar.
Já no boteco, faz coxinhas divinas e conquista a clientela - e a prostituta Íria (Fabiula Nascimento, alçada ao posto de musa do Festival). Não demora e recebe o convite para subir de posição e trabalhar no restaurante Boccaccio, onde o proprietário não cansa de relacionar pratos e ingredientes com "bunda de mulher".
A comédia se estabelece com um roteiro afiadíssimo e intrigante, capaz de nos conduzir por dois lugares distintos, mas igualmente oníricos.
Tanto a cadeia como a cidade grande são idealizações de Raimundo Nonato. Assim, "Estômago" deixa claro que existe com a intenção de divertir, jamais de discutir causas sociais, violência urbana ou o estado precário da segurança pública.
Primeiro longa-metragem de Marcos Jorge - que vem de uma bem-sucedida carreira de curtas -, o filme exala características (principalmente na trilha e nas personagens fellinianas) das comédias de costumes italianas - em especial de diretores como Dino Risi e Mario Monicelli.
Mesmo levando no RG o nome de Raimundo Nonato e sendo constantemente chamado de "Paraíba", o personagem de João Miguel poderia ter qualquer nacionalidade e cozinhar para todas as platéias. Pelos aplausos no final de sua estréia carioca, a turma saiu de barriga cheia.
Estômago, de Marcos Jorge
Sexta, 28/09, às 14h e 19h
Leblon 1. Av. Ataulfo de Paiva, 391, Leblon
Ingresso: R$ 14
Informações: (21) 2461-2461
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