Será este campeão do UFC, de 24 anos, o Michael Jordan do tipo de combate em que tudo é permitido?
Jesse Hyde Publicado em 10/12/2011, às 10h22 - Atualizado às 10h25
Texto publicado na seção Hotlist da edição 1143 da Rolling Stone EUA
Jon “Bones” Jones está sentado em uma cadeira de rodas com dois sacos plásticos cheios de gelo acomodados em seus pés enormes e feridos. Já é quase 0h em Denver e, meia hora antes, em frente a 16 mil fãs, Jones surrou Quinton “Rampage” Jackson de maneira elegante, mas cruel, sufocando o ex-campeão do Peso Meio-pesado para ficar com o seu cinturão do UFC.
A vitória em setembro cimentou o status de Jones como o mais brutal atleta do UFC. Aliás, Jones pode até se tornar o melhor lutador que o mundo das artes marciais mistas já viu. Abençoado com um físico de 1,93 metro e um porte atlético que vem de família (seu irmão Arthur joga pelo time de futebol americano Baltimore Ravens), Jones, 24 anos, traz um conjunto de habilidades com o qual o UFC poderia somente sonhar em seu passado de olhos arrancados e cabeçadas. Seus movimentos – cotoveladas giratórias, joelhadas voadoras – parecem coisas que vemos em filmes de kung-fu, mas ao mesmo tempo ele é tão mortal quanto quando está lutando no chão. Urijah Faber, uma das maiores estrelas do MMA, diz que Jones pode se tornar o Michael Jordan do esporte. “Eu não sei bem o que dizer quanto a isso”, Jones diz enquanto um treinador ajusta o saco de gelo nos seus pés, que estão quase quebrados de tanto que ele chutou Jackson. “Eu não quero soar metido, mas eu me admiro, de fato.”
Aos 23 anos, Jones se tornou o campeão mais novo na história do UFC, mas ele não se encaixa bem nos padrões. Filho de um pregador pentecostal, cresceu como um garoto magrelo que cantava no coral gospel, o tipo alto, magro e desengonçado demais para se dar bem em esportes tradicionais. Ele lutou na faculdade, mas largou quando engravidou a namorada e acabou como segurança de porta de casa noturna. Após ter sido recusado para um trabalho de zelador na empresa de tecnologia militar Lockheed Martin, Jones decidiu dar uma chance ao MMA, aprendendo sozinho a lutar, assistindo a clipes no YouTube e folheando livros sobre combate. “Eu basicamente me transformei de um cara que tinha tudo para dar certo em alguém que desistiu da faculdade e estava procurando emprego como zelador”, Jones conta. “Me sentia um perdedor. Tinha sido campeão estadual de luta-livre e estava lá trabalhando como segurança de porta de casa noturna. Era agora ou nunca. Eu sabia que tinha um filho a caminho e que precisava de dinheiro para comprar fraldas.”
Após mais ou menos um ano e meio de aprendizado solitário e de uma vida de dedicação monástica, Jones tinha refinado sua mistura sórdida de kickboxing, luta-livre e jiu-jitsu e começou sua jornada rumo ao título. Pessoalmente, ele é educado, engraçado e faz piada de si mesmo, mas assim que sobe no ringue, libera uma fúria violenta que pode ser assustadora de se assistir. “Ele poderá ser um dos melhores de todos os tempos” diz Dana White, o presidente do UFC. “Mas quando um cara se torna famoso, todos esses parasitas começar a grudar nele e isso pode foder com a sua cabeça. Se ele conseguir evitar isso, o céu é o limite.”
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