Com trabalhos para bandas como CPM22, Planta e Raiz, Dead Fish e Dexter, o designer e ilustrador paulistano agora tem no portfólio Ziggy Marley e a edição 2022 do Festival Stadium Tour, nos EUA
Felipe Fiuza Publicado em 24/08/2022, às 18h04
Numa noite gelada da capital paulista, sou recebido com um sorriso enorme por um dos nomes em ascensão da ilustração brasileira: Jonas Santos. Do seu estúdio são criadas artes que estão caindo no gosto tanto do público brasileiro quanto dos estrangeiros, como é o caso de Steven Kotchek, da Collectionzz, empresa norte americana que trabalha com o merchandising de nomes como Elton John, Def Leppard, Rolling Stones, Black Sabbath, entre outros, e responsável pela introdução do artista na criação dos pôsteres oficiais da Stadium Tour 2022.
Outro sucesso de Jonas foi a parceria com o escritor e jornalista Luiz Felipe Carneiro no livro Os 50 Maiores Shows da História da Música, onde ele criou 50 pôsteres reimaginando cada show descrito. A Rolling Stone Brasil bateu um papo com o ilustrador sobre sua carreira (e alguns easter eggs nos seus trabalhos) que você confere na sequência.
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Rolling Stone Brasil – Cara, conta um pouco pra gente o que despertou no pequeno Jonas, a paixão pela arte e ilustração.
Jonas Santos – Eu tenho duas irmãs mais velhas e na época elas queriam ser estilistas, então, em casa sempre tinha nanquim, umas cartolinas, e eu comecei a desenhar com esses materiais. Hoje em dia uma é bióloga e a outra é nutricionista [risos], mas acho que essa foi minha porta de entrada nessa área, e quadrinhos né, muito quadrinho e desenhos que passavam na época. Tinha uma revista que eu colecionava, a Herói, lembra? Eu adorava tanto essa revista que me lembro de uma vez que fui comprar uma edição especial e eu morava em Artur Alvim, a banca mais próxima ficava um pouco longe, na volta começou a chover e molhou toda a revistinha. Chorei pra caramba, “como vou desenhar agora?” porque eu copiava os desenhos da Herói, né. Foi muito triste (risos).
RS – Olha o gatilho! Eu entendo, afinal era a única publicação desse tipo que tínhamos na época, né?
Jonas – Era a única! Depois vieram algumas publicações de vídeo game, que te ajudavam a passar de fase, e tinham os prints da tela com o personagem ali parado (não dava pra dar pause e tentar copiar da TV às vezes) e, além de jogar, eu queria desenhar todo mundo!
RS – Então esse foi o teu ‘start’ no universo da ilustração, e depois disso você já sabia o que queria fazer? Decidiu seguir carreira?
Jonas – Sim, e cada época eu pirava em uma coisa, teve esse início com os quadrinhos e depois caricatura. Não foi um processo contínuo [a caricatura] e, pulando muito a linha do tempo, eu trabalhei muito com charges, caricaturas, salão de humor, ganhei alguns prêmios aqui e no exterior, foi uma fase bem legal. Tive umas referências bem fortes de caricatura como o Batistão no Estadão, inclusive eu ia direto na redação encher o saco dos caras e eles sempre me receberam muito bem, e só fez crescer minha paixão por caricatura.
RS – E as referências de quadrinhos? O que te chamava a atenção na época?
Jonas – Apesar de ter muito contato com os quadrinhos da Marvel e DC, eu gostava muito da Heavy Metal, que era uma espécie de graphic novel da época e na primeira vez que eu vi meio que explodiu minha cabeça pois fugia do quadrinho tradicional, as ilustrações eram incríveis e não seguiam o modelo americano, eram praticamente uma obra de arte cada página, inclusive tinham umas histórias que eram pinturas mesmo, eu até pensei na época ‘puts, então quadrinho pode ser assim também?!’. Pirei. E foi aí que a ilustração propriamente dita começou a chamar minha atenção.
RS – E voltando um pouco no tempo, a gente também tinha muito anúncio publicitário, pôster de filmes, capas de álbum, tudo ilustrado a mão, né? Acho que o Drew Struzan (responsável por pôsteres icônicos de filmes como Star Wars, Indiana Jones, Goonies) está para o cinema assim como o Derek Riggs (ilustrador das capas dos discos do Iron Maiden) está para o heavy metal.
Jonas – Exatamente, cara. O Iron deve muito a ele… é quase um integrante da banda [risos]. Eu gosto muito dos ilustradores dessa época, acho os trabalhos e jeito deles trabalharem incríveis, mas não sou do tipo que fala 'ah, naquela época é que era bom', pois o digital me ajuda muito, principalmente na hora de inserir texturas, colorir, iluminar. As coisas evoluem, e se algo evolui para facilitar o seu trabalho, por quê não usar?
RS – Me lembro da época em que eu trabalhava em uma agência e tínhamos que enviar o anúncio pro cliente aprovar em um CD, via motoboy, bicho. A arte era muito pesada para ser enviada por e-mail, imagina isso? Hoje em dia você faz uma alteração e passa pelo WhatsApp no mesmo minuto [risos].
Jonas – O digital ajudou muito, principalmente quando se trata de prazo, né? As coisas que você demoraria 2 dias para fazer hoje você leva 2 horas. E todos os ilustradores que conheço se adaptaram super bem ao digital, o croqui alguns até fazem a lápis mas depois já escaneiam a continuam no computador.
RS – E teus estudos?
Jonas – Me formei em publicidade em 2010, e a ilustração sempre fez parte das coisas que eu fazia. Às vezes eu nem percebia, mas estava ali, e foi na faculdade que eu tive meu primeiro contato com publicação, numa espécie de jornal deles, e tive minha primeira ilustração publicada, era um bonequinho com uma roupa de estudante e chapeuzinho (de formatura), na posição daquela estátua do Pensador.
Lembro que eu fiquei super ansioso e no dia que lançaram fiquei super animado, pois o jornal ficava na porta da faculdade, numas gôndolas para os estudantes pegarem. Mas na época da faculdade eu não tinha tempo de pegar freelas para ilustração pois morava muito longe e trabalhava em um banco, além de ajudar em casa, então, trabalhar na área de publicidade ficou para depois. E eu sempre tive pé no chão, pois via no primeiro semestre que todo mundo entra super empolgado, achando que vão trabalhar numa puta agência ou no Jornal Nacional (no caso dos estudantes de jornalismo), e eu já sabia que não era bem assim.
Lembro de uma vez que enviei uns desenhos pra entrar nos Estúdios Maurício de Souza [risos], eu criei até um personagem, o Melvis, que era um cara bonitão, então ele tinha "mel", e era uma brincadeira com Elvis, daí "Melvis" [risos]. Ele era basicamente o Cascão com um topete.
RS – Te responderam?
Jonas – Responderam, cara! Não lembro exatamente o que estava escrito, mas era algo como 'obrigado pelo envio, mas você precisa treinar um pouco mais o seu traço e tals…' [risos]. Mas pensando bem, isso foi bem antes da faculdade, tô zoneando a linha do tempo aqui [risos].
RS – Vamos então partir para os seus primeiros trabalhos com ilustração. Quando foi, mais ou menos?
Jonas – Cara, trabalhar exclusivamente com ilustração foi quando eu consegui atrelar isso à música, que é minha paixão também, mas foi um pouco mais pra frente. O contato maior que eu tive, ou que eu comecei a conseguir expor meu trabalho foi quando eu estava no Jornal
Agora, lá eu consegui fazer algumas ilustrações que iam na capa do caderno de esportes, por exemplo, ou na época de eleição, que saiu meu trabalho na capa do jornal, onde fiz o Serra lutando com o Haddad num ringue de UFC (que estava bem em alta na época), e depois disso comecei entrar na área das charges e caricatura, pois quando eu entrei, o Pelicano, que era o chargista saiu, e os caras ficaram meio perdidos, então eu levantei a mão e disse 'eu faço', e foi aí que de fato comecei a trabalhar com ilustração.
RS – Mas na redação o seu cargo era designer? A ilustração veio meio que no balaio e mais porque você se prontificou a fazer.
Jonas – Isso, eu era designer e infografista, aí os caras viram que eu sabia desenhar e me deram mais essa tarefa [risos].
RS – É sempre assim, né? E você ficou quanto tempo na redação?
Jonas – Juntando o Diário, Folha e Agora foram uns 4 ou 5 anos, e foi bem importante pra mim, pois como o dia a dia da redação é insano, eu acabei desenhando muito e descobrindo meu traço, meu jeito de desenhar, mas o Agora era mais engessadinho, eles já tinham uma identidade visual e não podia fugir muito disso.
RS – Isso foi em que ano?
Jonas – Foi em 2012, 2013. Em 2014 eu entrei no Diário, e me lembro que no dia em que disse que ia para lá, o diretor de redação me chamou de canto e disse ‘certeza que você quer ir? Olha a capa dos caras’ e me mostrou uma capa que parecia um jornal de bairro, sabe? Aí eu respondi que lá ia ter muito mais liberdade criativa e foi o que aconteceu. Fiz muita coisa no Diário, mas foi uma época em que o jornal estava entrando em decadência, então, tínhamos menos pessoas na redação e consequentemente mais trabalho pra todos. O legal de lá é que eu ilustrei de tudo [risos], e apesar do fim triste do jornal, foi ali que me achei. Foi muito importante esse tempo que fiquei lá.
RS – Você ficou até o fim?
Jonas – Não, saí uns 2 meses antes, mais ou menos, mas ali foi minha “faculdade”, por assim dizer. Ainda não tinha sacado o lance do meu trabalho com a música, mas foi onde me vi como ilustrador profissional.
RS – E você saiu do jornal e foi trabalhar onde?
Jonas – Depois do jornal eu entrei na Habro, uma importadora de instrumentos musicais, e ali eu vi que dava pra trabalhar com música e ilustração, então a chavinha virou. O que eu não sabia era que fora do Brasil tem um mercado gigante de merchandising de bandas e artistas, e na Habro fizemos algo parecido em um evento em que o Gus G. (guitarrista grego que já tocou com Ozzy Osbourne) veio para o Brasil fazer a publicidade de uma marca de instrumentos em uma loja na Teodoro Sampaio, e como era a gente que importava essa marca, acabamos organizando o evento.
Durante o processo me veio a ideia de fazer um pôster desse dia, mas não consegui terminar a tempo e enviei para ele depois, e cara, ele enlouqueceu [risos], postou a arte em tudo o que é lugar durante a semana inteira com enquetes do tipo ‘o que ele devia fazer com a arte’. Foi muito loco esse reconhecimento e depois disso comecei a fazer algumas coisas por conta própria, pois queria entender mais como esse mercado de merchandising funcionava, então fiz umas artes para o Forgotten Boys, mais para enriquecer o portfólio do que ganhar dinheiro, até porque fazia tudo de graça nessa época [risos], aí comecei a entender como funcionava e já tinha alguns trabalhos para o Autoramas e CPM22, que inclusive foi minha porta de entrada na Audio (casa de shows de São Paulo), ainda nesse processo de ‘gente, eu faço uns pôsteres malucos, olha aqui que lindo’ [risos], então o Leandro (da Audio) curtiu meu trabalho e disse que ia enviar para o Badauí (vocalista do CPM22), que curtiu pra caralho e me chamou na sequência pra pedir uns ajustes e falou que iam usar no lançamento do ‘Suor e Sacrifício’, aí eu pirei ‘caralho, já comecei em uma das maiores bandas do Brasil!’, e depois disso a Audio também começou a me chamar para fazer outros trabalhos com eles.
RS – Imagino que depois disso a visibilidade do teu trampo aumentou significativamente.
Jonas – Demais! O pessoal do Planta e Raiz entrou em contato comigo depois de ver os posts do Badauí, por exemplo, e foi só crescendo, tanto dos artistas que começaram a ver meus pôsteres na Audio quanto da divulgação dos próprios nas redes sociais. Eu trabalho com o Planta e Raiz até hoje em praticamente tudo o que eles fazem, e minha ideia é não ficar apenas com pôsteres e capas de álbuns, mas assinar a identidade visual do show inteiro, por exemplo, que foi uma coisa que comecei a pensar um pouco antes da pandemia.
RS – Putz, aí veio a pandemia e ferrou tudo.
Jonas – Sim, cara. Mas em contrapartida, acho que durante a pandemia foi um dos momentos em que mais tive trabalho, fiz muita capa de álbum, singles, pois muita banda ‘parou’ para escrever, né, fazer álbuns, merchan, e quando as coisas começaram a voltar eu fiz basicamente toda a identidade visual do 509-E (grupo de rap brasileiro formado por Dexter e Afro-X), com pôster, caneca, camiseta, tudo o que puder imaginar, e aliás, foi mais um trampo que consegui por intermédio da Audio, que eu considero uma segunda casa.
RS – E qual o seu objetivo para o futuro, o que você espera profissionalmente?
Jonas – Fazer algo parecido com o que fiz pro Dexter, ser responsável por toda a identidade visual da turnê da banda, desde backdrop, comunicação visual do lugar do show, toda a linha de merchan, peças para a internet, redes sociais, o pôster, claro. Quero juntar minha experiência com publicidade com a bagagem que estou ganhando agora nesses trabalhos que já fiz.
RS – E isso foi o que sempre pensou ou foi algo que surgiu durante o processo?
Jonas – Desde o primeiro que fiz, do Gus G., eu meio que sabia que não ia ficar só nos pôsteres, então já pensava no que mais poderia ser feito, as variáveis de cada cliente.
RS – Você acha que tem mercado aqui no Brasil?
Jonas – Acho que tem, mas as pessoas ainda não sabem [risos], mas a minha ideia é morar fora, trampar com isso na gringa. Lá, em qualquer show que você vai, tem um puta trabalho de merchan, e nem falo de bandas grandes, isso acontece com bandas pequenas, em lugares menores. O cuidado que eles têm com isso é incrível, cada show tem um pôster diferente, uma camiseta específica daquele dia, e as pessoas gostam de ter uma lembrança, de colecionar essas coisas, e sei que nos EUA, por exemplo, tem várias empresas que trabalham com merchan, que é o caso da Collectionzz (empresa norte americana de Merchandising), por exemplo, que por intermédio do Steven Kotchek, me chamou para ilustrar os pôsteres do Def Leppard e Mötley Crüe na turnê Stadium Tour 2022, que eram pôsteres específicos para uma data em uma cidade.
RS – Como foi que o Steven conheceu o teu trabalho? Foi a primeira vez que você fez um trampo para a gringa?
Jonas – Eu já tinha feito de outras bandas, mas aqui no Brasil, fiz do Offspring e Greta Van Fleet, para os shows que eles fizeram na Audio, mas para fora eu faço bastante coisa para o Ziggy Marley. Eu acompanhava a Collectionzz há um bom tempo e até conheço alguns ilustradores que fazem trabalhos pra eles, e comentava e curtia os posts da marca até que um dia o Steven deu uma fuçada no meu Instagram e viu que eu ilustrava também, aí me mandou uma mensagem sobre a Stadium Tour. Ele é um cara que manja muito do mercado, faz trabalhos com gente do calibre de Elton John, Slash, Aerosmith.
RS – E o seu processo de trabalho, como é?
Jonas – Cara, com cada banda é de um jeito, tem gente que já chega com a ideia pronta, e outra que não tem ideia nenhuma [risos], aí vamos conversando. Com o CPM22, por exemplo, o Badauí e o Luciano já trazem uma ideia de como eles querem, e eu envio um croqui, aí vamos lapidando, ajustando. Procuro fugir o máximo que posso de clichês, mas tem banda que quer uma coisa bem básica mesmo, e eu sempre tento colocar umas coisas doidas nas artes, tipo uns easter eggs. Tem banda que nem sabe, mas tem uns escondidos.
RS – Vão ficar sabendo agora [risos]. Me fala de algum que lembra.
Jonas – Não é nada demais, não [risos], às vezes é uma referência pessoal ou algo que tem no primeiro álbum da banda, por exemplo. No pôster do Ziggy Marley, a braçadeira do leão é igual a que o Bowie usou no Ziggy Stardust, pois o nome dele é em homenagem a esse disco, na arte do Offspring eu fiz o Thiago Dj de costas [risos].
Quando tem pessoas na imagem eu às vezes coloco alguém da minha família ou algum integrante de outra banda. No pôster do Ramones tem o número de shows que eles fizeram, no do Depeche Mode tem o número 101, e por aí vai. Na maioria têm algo escondido, ou quase escondido.
RS – Para finalizar: como você avalia seu desenvolvimento como artista comparado ao Jonas de 10 anos atrás, e como você projeta o Jonas daqui a 10 anos.
Jonas – Principalmente o mental, claro que existe uma evolução visual, no traço, nos equipamentos que utilizo hoje, mas acho que o mental desenvolveu bastante, isso inclui, entendimento do mercado de ilustração e onde estou inserido nele, como se relacionar, como organizar meu trabalho, o foco no estilo de ilustração que faço, o tempo gasto, tudo isso evoluiu nesse tempo pra cá, mas não é só o tempo, tem que correr muito, tomar umas (várias) cabeçadas, se desistir na primeira já era, acho que isso vale pra tudo, mas vejo muita gente nova achando que o digital vai fazer a ilustração sozinha, quando na verdade, com o passar dos anos, você deixa de ser tão afobado pra terminar as coisas, e gasta mais tempo com pesquisa, conhecimento. Aplicar tudo isso é a última delas, e vale muito a pena, tem que ter paciência.
Daqui a 10 anos, eu projeto um Jonas que evoluiu ainda mais no mental, nos relacionamentos profissionais (como pai e marido também, porque não?), mas que levou o trabalho pra outra esfera. Fiz isso algumas poucas vezes, mas queria muito poder produzir visualmente, shows do zero, pensar no palco, como as ilustrações, animações, vão interagir com o artista, vejo um mercado muito forte fora, onde cada show é preparado como um verdadeiro espetáculo, não só pela venda e cuidado com o merchan, mas como um evento único, vendas de pôsteres específicos de cada show, gravações, aqui no Brasil existe, mas é pouco, eu quero estar na linha de frente desse tipo de coisa, e poder agregar outros amigos, não só ilustradores, mas algo que envolva o audiovisual como um todo.
Para conhecer um pouco mais do trabalho do Jonas, acesse o Instagram @jonas_santos86 ou https://jonasstudio.myportfolio.com/
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