José Sarney será tema de documentário

O diretor Silvio Tendler não quer filme "chapa-branca", mas também não vai fazer "perguntas inconvenientes" ao cinebiografado

Da redação Publicado em 04/01/2010, às 10h07

O presidente do Senado Federal, José Sarney, será tema de um documentário dirigido por Silvio Tendler. A ideia teria partido do próprio político, que há cerca de um mês pediu ao cineasta que levasse sua história às telas. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

A aproximação entre os dois aconteceu por conta de um documentário que Tendler está fazendo sobre Tancredo Neves, com depoimento de Sarney. Último presidente do Brasil escolhido por voto indireto, na transição entre ditadura militar e democracia, Neves morreu em abril de 1985, às vésperas de ser empossado - com isso, o vice-presidente do político, José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, o Sarney, tornou-se o 31º presidente do país, em mandato que se estendeu até 1990.

Atualmente, Sarney ocupa a presidência do Senado Federal - cargo que manteve a despeito da avalanche de acusações de corrupção que por pouco não lhe soterrou em 2009, ano que marcou meio século do político maranhense (e senador pelo Amapá) na política. Algumas das denúncias feitas na época: divulgação da existência de atos secretos no Senado (inclusa a nomeação de quatro parentes de Sarney), desvio de dinheiro envolvendo a Fundação José Sarney e um convênio com a Petrobras, recebimento ilícito de auxílio-moradia e uma suposta conta secreta no exterior.

Sobre o tom do documentário, Tendler manteve postura ambígua. Ao mesmo tempo em que promete não ser chapa-branca ("não é para encobrir, é para revelar"), não vai fazer "perguntas inconvenientes" ao cinebiografado, disse à Folha de S. Paulo. "O cinema não é obrigado a tocar nessas questões conjunturais, porque são passageiras."

A assessoria de imprensa do senador corroborou a falta de intenção em produzir um filme chapa-branca. O argumento: "O presidente [do Senado] não está interessado, porque é um tiro no pé".

Tendler poderá recorrer aos cofres públicos para tirar o projeto do papel. "Vou entrar nos editais", disse.

Em termos de política, Tendler alega ser mais simpático ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, por ele retratado no documentário Os Anos JK (1980). Por Sarney, diz nutrir respeito. "Fiquei fascinado com as coisas que ele sabe", contou. "É o político mais antigo do país. Vem do Maranhão e vira presidente. Em Brasília, vai conviver com reis, rainhas e presidentes."

Hoje filiado ao PMDB, Sarney já havia encomendado outro documentário no passado: Maranhão 66, em que Glauber Rocha registrou a posse do político como governador do Maranhão, em 1966.

Tendler tem no currículo outro doc político - Jango (1984), sobre o ex-presidente João Goulart - e participação na campanha eleitoral de 1994 de Lula.

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